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Igor Pitangui

escrito porJoyce Guillarducci 27 de agosto de 2021
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O Funk é potente, gigantesco e plural: confira o ‘Pancadão’ de estreia do multi-artista mineiro + entrevista.

fotos: Nini Delplace

Esse dia chegou: depois de 6 anos de Cansei hoje pela primeira vez temos aqui no blog o lançamento de um ‘Pancadão’, single de estreia do multi-artista mineiro Igor Pitangui, que vem compondo músicas que flertam com o pop, EDM e funk como escape criativo durante a pandemia.

Com um beat criado pelo produtor da República Dominicana Mr Jham e com pós produção, master e mix por Vitor Garbela (Garbela Home Studio), ‘Pancadão’ é uma alquimia entre elementos da música egípicia, pop e nosso conhecido funk. O resultado é um convite à celebração da própria existência e um símbolo de resistência dançante, divertido e colorido.

assista Pancadão:

Aproveitando o lançamento conversei com o Igor sobre seu trablaho com música e dança, novo single, representatividade LGBTQIAP+ na cena funk e outras coisas, confere tudo aqui que o close é certo:

Fot_Nini Delplace_Pancadão06.jpeg

Igor, PANCADÃO é a mistura do Brasil com o Egito?

Certamente (hahahaha)! Como já dizia o É o Tchan: “Tem que ter charme pra ficar bonito”.

Brincadeiras à parte, vocês conseguiram uma sonoridade bem autêntica unindo elementos egípcios com o nosso bem conhecido funk. Nos fale sobre as referências e inspirações para esse trabalho, e como rolou esse contato com o Mr Jham?

Bom, eu venho há dois anos fazendo um caminho de volta à minha ancestralidade, é uma busca urgente que tenho dentro de mim para conhecer mais o continente africano e todas as referências culturais que nos foram furtadas como afro-diaspóricos no Brasil e nas Américas. Como o Egito sempre foi uma referência histórica de muita riqueza e de muitas camadas mitológicas, eu quis começar por ali. Não quero fazer menção ao país na música e nem no videoclipe, mas sim brincar com estes elementos e instrumentos que por alguma razão conectam com um lugar de memória ancestral minha, não sei explicar. Eu lembro de visitar o Museu do Louvre e não me reconhecer absolutamente em nada, até chegar na sessão do Egito e começar a ver algo que me assemelha, foi mágico! Sobre o Mr Jham, por volta de Outubro do ano passado (2020) eu estava pesquisando trabalhos de beatmakers na internet, em sites, youtube e etc. Eu queria encontrar um profissional com uma pegada irreverente, corajosa, arriscada. Quando eu encontrei esse beat eu logo pensei “é esse”, daí entrei em contato para negociar e precisou de pouquíssimas alterações para que rolasse. Eu não posso deixar de citar o Vitor Garbela (Garbela Home Studio) de Campinas/SP, que foi o grande responsável pela mixagem e masterização. Eu digo que ele fez a mágica de unir o beat com meus vocais e provocar essa simbiose tão legal. 

E sua vivência na música originalmente vem da dança, certo? Conta um pouco da sua trajetória e em qual momento desse caminho você também se descobriu compositor.

Sim, total! Eu danço desde os oito anos de idade. Meu processo de formação em dança sempre foi muito intenso e muito plural, então eu sempre fui exposto a uma variedade musical muito grande, desde a música clássica das aulas de ballet, o samba da dança de salão, até o hip hop das danças urbanas. Eu lembro de muito pequeno assistir ao programa “Gente Inocente” na TV, ver aquelas crianças cantando e pensar “eu acho que eu gostaria de fazer isso”, mas meu pai nunca teve condições de pagar aulas e na dança eu sempre tive bolsa então eu abracei o que era possível. Ao longo dessa caminhada eu fazia uma aula de canto ali, uma preparação vocal pra cena acolá, mas muito despretensiosamente. Até que um dia um grande preparador vocal/corporal chamado Ernani Maletta me disse em uma oficina “você tem grande potencial, deveria explorar sua voz”, aquilo ficou martelando na minha cabeça. Uns dois anos depois, na casa de uma grande amiga, o filho dela estava tocando piano pra gente cantarolar e aí ele me disse algo do tipo “Nossa Igor, você tem potencial vocal”, bom naquele momento eu vi que era algo possível de se investigar. Com essa pandemia e vivendo o confinamento em outro país, eu precisava fazer algo, aprender algo, pra não enlouquecer mesmo. Então comecei a fazer aulas de canto. No mesmo período eu perdi meu pai e não pude sequer vê-lo e velar, então decidi pegar tudo que eu estava acumulando emocionalmente e transformar em arte. Daí comecei a colocar no papel em forma de texto e quando vi saíram músicas, muitas músicas… Compor pra mim ainda é um processo de cura sem fórmulas, tem sido restaurador, talvez mais à frente se torne técnico mas por agora é pura intuição.

E como você vê a representatividade LGBTQIAP+ na cena funk, que assim como em outros estilos populares do Brasil, é ainda bastante machista e misógina? 

Olha eu penso que é um lugar a ser construído. Apesar de termos a figura da Pepita, que pra mim é um ícone uma vez que os corpos trans negros estão na linha de frente da morte e do ataque, e também termos grandes drags que flertam com este lugar de ação no movimento do Funk, eu sinto que ainda é algo cheio de barreiras e preconceitos. O Funk é potente, gigantesco e plural, há muito espaço pra gente construir, mas só vai rolar mesmo se for um movimento coletivo, afinal quando a tropa é grande e forte ninguém enfrenta. Eu particularmente não tenho a vivência empírica do Funk, sou uma Bixa preta vinda da periferia de BH, eu cresci com meu pai ouvindo rock and roll, Tim Maia, com minha família materna organizando festejos e desfiles das Congadas e os vizinhos ouvindo moda de viola. Fui conhecer o Funk carioca com o Bonde do Tigrão nas festas, e muito depois já adolescente curtindo o batidão nos eventos e casas de show. Então eu não tenho essa vivência do Funk na favela, dos bailes Funk e tal, eu preciso ser honesto quanto a isso. A minha escolha por trazer o ritmo no meu som é porque meu EP tem um propósito de abraçar essas sonoridades e ritmos afro-latino-brasileiros que estão pulsantes no momento presente, aqui e agora. Trazer uma roupagem mista disso tudo junto e dar luz pro resultado dessa misturança. Não tenho pretensão de ser MC ou funkeiro, porque não posso ocupar esse lugar sem ter estas raízes, seria falso e vazio. Eu me vejo como um artista Pop Black (?)… Flertando com o Pop, R&B, Funk brasileiro e o Rap, meus próximos projetos vão nessa pegada, sem muitos rótulos. Mas sempre que fizer sentido com a proposta artística abraçar o Funk eu o farei com muito cuidado, respeito e pesquisa. O Funk é uma preciosidade da cultura periférica do Brasil, esse movimento salva vidas e merece respeito.

Pra fechar: quando a situação estiver mais controlada e as festas e shows voltarem a ser uma realidade, qual o primeiro lugar que você gostaria de levar o PANCADÃO pra dar close?

Ai, eu quero muito performar na minha cidade (BH)! A gente sempre vê artistas do Pop Brasil acontecendo no eixo Rio/SP e eu quero muito poder quebrar isso e ser a bixa preta mineira que bota o p*u pra torar, sabe?! Muita energia, muita dança, muita fechação com a mineiridade que só a gente tem uai. Mas falando sério, eu penso sim em planejar uma primeira “tour” no meu estado, começar por lá porque eu já sei como tocar aquele povo de um jeito bão.

***

‘Pancadão’ também está em nossa playlist de descobertas nacionais da Groover :)

***

Igor Pitangui was last modified: agosto 27th, 2021 by Joyce Guillarducci
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SOBRE

Joyce Guillarducci

Sou apaixonada por música, curiosa por natureza e adoro conhecer coisas novas - sem deixar de lado as antiguices do coração. Criei este espaço para compartilhar minhas descobertas com quem também cansou de ouvir sempre as mesmas bandas. Tem muita música boa acontecendo here, there & everywhere. Eu quero mais, cansei do mainstream

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