Trio estreia sua neo-neo-psicodelia com videoclipe ~viajante. Confira ‘Marte’ + entrevista.
fotos: Karina de Luca
Lembram do Lucas Não Tem Amigos? Pois bem, parece que ele finalmente arranjou alguns e até montou uma banda com eles: acompanhado dos copilotos Rafael “Mimi” Almeida e Filipe “Fi” Ricardo, ex-integrantes do NxZero e O Trago, Lucas Melim agora conduz os Ambulantes Astronautas enquanto se prepara para o êxodo definitivo do planeta Terra.
Essa odisséia já pode ser conferida a partir da faixa ‘Marte’, estreia do trio que vem embalada na onda colorida de um indie rock psicodélico pra explorar/desabafar o sentimento coletivo de fuga e os anseios e inconvenientes da quarentena em suas diversas escalas, afinal até Descartes morreu de gripe e a crise do prensado chegou pra todos né.
ouça Ambulantes Astronautas:
O novo single foi produzido no Jalapeño Verde Studio e veio acompanhado de um videoclipe nostálgico feito naquele esquema DIY, e aproveitando toda essa ~viagem conversei com o Lucas sobre o novo projeto, referências dos Astronautas, dinâmica de produções na quarentena, qual item ele não vai deixar de levar pra Marte e ainda – Elon Musk: herói ou vilão? Saiba tudo aqui:

os Astronautas se preparando pra decolagem e o detalhe da máscara no bolso (precisa usar máscara em Marte?)
Lucas, da última vez que conversamos te perguntei qual tipo de rolé você faria se tivesse amigos, e dentre outras coisas você respondeu: “bolar ideias de uma nova banda”. Bem, parece que está rolando não é mesmo? Conta um pouco como nasceu a Ambulantes Astronautas.
Aconteceu de forma bem natural. Enquanto eu fazia músicas e ia mostrando as ideias para alguns amigos, o Mimi e Fi adoraram o caminho que a coisa estava tomando e propuseram formar uma banda mesmo. Então, entre uma cerveja e outra, passamos a falar também das composições e assim nasceu a banda.
Vocês acabaram de lançar o single de estreia ‘Marte’ que explora o sentimento escapista que temos vivenciado de forma coletiva. Falem sobre a concepção e processo de criação dessa faixa.
Por incrível que pareça, essa música levou anos pra ficar pronta. Foi um apanhado de ideias soltas que se juntaram em um mesmo significado. Acho que o sentimento se fortaleceu muito com o começo da pandemia, e o desejo de simplesmente ir embora desse planeta. No começo eu tinha medo de que a letra ficasse datada, mas já estamos a tanto tempo nesse processo que acho que esse sentimento de escapismo vai ter muito significado durante uns bons anos pela frente.
‘Marte’ vem embalada pela atmosfera indie rock psicodélica e acompanhada de um videoclipe saudosista que segue o fluxo do que o Lucas vinha fazendo em seu trabalho solo. Quais referências sonoras e estéticas vocês diriam que inspiram os Astronautas?
Acho que várias coisas inspiram muito a sonoridade e letra, mas talvez a que se destaque no bolo seja o Flaming Lips. Quando fizemos essa música (que faz parte de um disco inteiro, que vai chegar em algum momento do futuro) estávamos totalmente fissurados pelo disco Yoshimi Battles the Pink Robots, e buscamos uma sonoridade parecida com aquilo.
assista ‘Marte':
Todos vocês têm histórico com bandas, porém o lance de produção na quarentena é novidade para todo mundo, principalmente se tratando de um novo projeto. Como tem sido a dinâmica de trabalho de vocês, e quais aprendizados dessa experiência vocês diriam que serão proveitosos para a realidade pós pandemia?
Foi tudo feito de forma 100% caseira. Gravamos na casa/estúdio de um amigo. Na época eu estava morando lá e sem absolutamente nada pra fazer, então podia gastar horas e horas no estúdio, gravando e regravando, testando todo tipo de coisa. Acho que o grande aprendizado que fica é que, de fato, é muito mais rico e criativo gravar músicas quando não se tem um tempo limitado para gravar. Poder “viajar” ajuda muito no processo de produção.
Planos futuros dos Ambulantes Astronautas?
Sendo bem sincero? A gente não tem nem planos presentes. Acho que qualquer iniciativa artística vive um momento difícil de total incerteza. Pode ser que a gente simplesmente suba o disco no Spotify e… é isso!
‘Marte’ também está na nossa playlist pra pedalar na manha:
Impossível falar de viagens à Marte sem pensar no Elon Musk e seu plano de colonizar o planeta vermelho. Quero saber de vocês: vilão ou herói?
A música, é claro, foi feita como uma brincadeira. Mas eu sou da opinião de que os seres humanos deveriam ser proibidos de sair da Terra. A gente já está conseguindo a façanha de estragar um planeta inteiro! Não consigo enxergar nenhuma real utilidade de levar o capitalismo para outro planeta.
E ainda pegando carona nas loucuras do Musk, em 2018 um foguete da SpaceX foi lançado ao espaço levando um Tesla Roadster à bordo como carga de teste. No porta luvas do carro foi colocada uma toalha, que como todos sabem que é o objeto mais importante a ser carregado por um mochileiro das galáxias / astronauta ambulante. Além da toalha, quais itens são indispensáveis para a mudança de vocês pra Marte?
Cerveja.
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