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Electric Octopus

escrito porJoyce Guillarducci 5 de fevereiro de 2021
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Conheça as jams psicodélicas do trio irlandês + entrevista + playlist hot janeiro.

Estive meio quieta por aqui nesse início de ano porém de ouvidos bem atentos aos lançamentos que já começaram a pipocar em 2021 – inclusive montei uma playlist com 10 sons que mais curti esse mês e a ideia agora é fazer esse compartilhamento express mensalmente incluindo artistas do mundo todo. A lista hot janeiro traz sons da Austrália, França, Inglaterra, EUA, Suíça, Irlanda e Brasil 🔥 

o que ouvi de mais hot hot no calor de janeiro:

Um dos lançamentos que já começou a fazer meu cabeção desde o dia 1º de janeiro foi o “Inclinations”, disco que nos coloca mais uma vez pra vibrar na mesma frequência das notas produzidas pelos tentáculos lisérgicos da Electric Octopus. Formada por Dale (baixo), Guy (bateria) e Tyrell (guitarra/flauta), a banda de Belfast, Irlanda do Norte, vem desde 2016 produzindo e gravando looongas e azeitadas jams que acontecem de forma totalmente improvisada e carregam elementos do blues, jazz, funk, rock psicodélico e um groove difícil de explicar mas que parece driblar algumas chaves internas e acessar canais mais expandidos da consciência do ouvinte – parece doido e é.

ouça Electric Octopus:

Uma das novidades do “Inclinations”, que foi totalmente gravado, mixado e masterizado pelo trio, é o acréscimo da Bansuri, uma flauta feita de bambu que é intimamente ligada ao budismo e hinduísmo (aquela que Krishna aparece tocando em diversas gravuras), e que o Tyrell aprendeu a tocar lá na Índia. Aproveitando todo o rolé conversei com a banda sobre influências, processo de criação e adaptação de um novo instrumento no novo disco, escolha dos títulos das músicas e também sobre experiências das audições da música deles – pode incluir viagens de cogumelos ou não. Descubra ainda de onde vem o nome Electric Octopus e o conceito do “amigo de ressonância”, tá tudo aqui:

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Sabemos que polvos são super perspicazes e tal, mas hum … Vejo apenas seis braços aqui hehe. Poderiam começar nos contando sobre a escolha do nome da banda?

Tyrell – Esse nome definitivamente desperta muito interesse nas pessoas e achamos legal apenas deixá-lo aberto para interpretação!

Guy – Estávamos tocando juntos por meses sem ter um nome, e de repente começamos a organizar nosso primeiro show e precisamos definir um nome para o projeto. Enviamos uma lista com cerca de 50 nomes possíveis para a produção do evento, dos quais eles escolheram Electric Octopus. Ele pegou.

Assim como os braços do polvo se estendendo por toda parte, podemos notar uma grande variedade de elementos sonoros no trabalho de vocês – da cozinha jazzistica à guitarra hendrixiana, curto tudo! Pode soar clichê mas nos falem um pouco sobre suas principais referências musicais e tudo que influenciou a Electric Octopus?

Dale – A questão é que como nossas músicas são totalmente improvisadas, as influências vêm de uma maneira bem diferente do que em uma banda que primeiro escreve e depois toca. Você não consegue escolher conscientemente os elementos que deseja incluir na música, exceto o que funciona em um determinado momento. Isso pode significar visitar vários lugares diferentes durante uma jam. Provavelmente é mais sobre ter uma ampla gama de influências, ao invés de qualquer uma em particular tendo precedência. Quanto mais possibilidades você puder incluir mais interessante será o resultado.

Tyrell – Concordo totalmente com o Dale! A maior influência é o outro! E é claro que uma grande inspiração pode vir de nossas experiências de vida e do ambiente em que estamos, e para shows ao vivo, o público também se torna uma influência, tudo fluindo junto como uma linda dança!

Guy – Acresdito que entre nós 3 temos quase 50 anos de experiência tocando música, talvez mais. Em alguns pontos, trabalhar no som da sala e na qualidade do áudio pareceu tão musical quanto tocar em si. Mas tudo tem seus pontos de referência, a facilidade de acesso aos artistas na internet faz com que as influências possam vir de qualquer lugar e ser qualquer coisa. Desde o estilo de som em uma faixa até a execução real. Com a bateria, a gama de sons que tenho à minha disposição é um dos maiores fatores ao criar uma nova música. Para nossa sorte, já houve uma explosão de criatividade musical no século passado que nos deu uma base a partir da qual construir. No entanto, os anos 50 até os 90 pareceram uma era de ouro para a bateria, estabelecendo batidas, compassos, o free jazz, a lista é longa. Então houve um desligamento das baterias eletrônicas, mas isso parece estar voltando. Eu normalmente fico impressionado com a bateria da música moderna. Parece não apenas inspirar-se no passado, mas também mesclar influências globais.

ouça o Inclinations:

E vocês já começaram 2021 com o pé (ou tentáculo?) direito lançando o “Inclinations” no dia 1º de janeiro. Somando-se à experimentação do funk-jazz-psicodelia, a novidade aqui é a flauta, que devo confessar que pensei que poderia ser um pouco irritante quando li os créditos, mas acabei gostando muito do feeling de música ancestral que ela agregou. Como foi o processo de criação e produção deste álbum e a adaptação de um novo instrumento?

Dale – Que bom que gostou! Nós mesmos gravamos em um espaço de prática no Attic Studios em Belfast. A configuração é muito simples, gravamos tudo o que tocamos ao longo de alguns dias. Depois selecionamos as partes que mais gostamos e mixamos / masterizamos, e então basicamente tínhamos um álbum pronto. Achei que a adição da flauta poderia trazer muitas novas possibilidades e texturas, algo sobre a falta de acordes ou notas abertas me libera muito harmonicamente e abre uma tonelada de linhas de baixo diferentes que não funcionariam com um instrumento de som mais denso.

Tyrell – Com certeza foi muito emocionante voltar depois de um ano e explorar novas nuances, e eu tava especialmente animado para trazer a flauta para a mixagem! Passei o ano passado na Índia e comecei a tocar Bansuri (flauta de bambu) enquanto estava lá. Não tinha tocado violão enquanto estava fora, então a flauta se tornou meu instrumento principal durante a maior parte do ano e funcionou muito bem nas jams. Como disse Dale, ter esse espaço deixa as coisas muito mais abertas para exploração e, claro, é bom pular para frente e para trás entre o violão e a flauta. Dale é o cérebro por trás da mixagem e masterização das faixas e fez um trabalho incrível neste disco.

Guy – Passei o ano aperfeiçoando meu microfone e a configuração de gravação e produzindo alguns samples. O novo álbum foi gravado usando um condensador perpendicular voltado para a caixa, um Rode NT4. Isso deixou o som dos pratos e do kit em geral muito mais claro. O ângulo entre os microfones é de exatamente 90 graus, isso significa que não há problemas de fase entre os dois condensadores, também te possibilta girar o som e criar um efeito muito legal, o Dale se divertiu com isso durante a mixagem. O efeito é criar um espaço de fase maior no qual o som se instala. Foi bom ser capaz de trazer a nova configuração para os rapazes para este monte de músicas. No entanto, sempre acontecem imprevistos durante a gravação, perdemos cerca de 5 jams por diferentes acontecimentos, incluindo um ou dois trechos usando theremim: falta de memória nos computadores, arquivos corrompidos ou a gente simplesmente esquecendo de apertar o botão de gravar. Mas tudo bem, algumas dessas jams tocamos apenas para nós mesmos.

Krishna e a Bansuri

Krishna e a Bansuri

Certa vez entrevistei uma banda instrumental brasileira que disse ter um cuidado especial com os nomes de suas músicas, pois era a única “comunicação verbal” que tinham com o público. Tendo isso em mente, fiquei surpresa ao ver as faixas do “Inclinations” designadas apenas por números – não estou reclamando, só acho que foi uma jogada ousada e curiosa haha. Quais são seus pensamentos sobre isso?

Dale – Para mim foi sobre o que achei necessário na hora de escolher os detalhes do lançamento. Isso remonta à natureza improvisada das faixas em primeiro lugar, um nome só pode ser atribuído depois que todo o trabalho musical estiver concluído. Por alguma razão, isso fez sentido nessa produção. Dito isso, as plataformas de streaming não queriam hospedar um álbum com este formato de nome de música, então tivemos que mexer um pouco para o Spotify etc …

Tyrell – O importante sempre será a conexão através da música, acho que o nome é apenas uma forma de tornar mais fácil de encontrar.

Guy – Já fizemos o que queríamos: tocar, gravar, masterizar. Se nada vem imediatamente à mente ao ouvir, então é isso, pare com essa merda, vamos colocar isso para fora. 1 2 3 4 5 6.

Pra fechar, como contei antes à vocês, ouvi a Electric Octopus pela primeira vez no isolamento de 2020 durante uma viagem de cogumelos quando estava pintando com meu vizinho e nós realmente acreditamos que a atmosfera orgânica de todo o conjunto ajudou muito no nosso flow criativo (e se tornou parte de nossas playlists desde então). Queria saber sobre outras situações inesperadas ou incomuns de pessoas conhecendo a música de vocês.

Dale – Boa! Um exemplo é que nos shows você às vezes pode ver alguém na multidão que está realmente viajando, simplesmente se perdendo completamente, e você pode tirar a energia deles para alimentar a jam. Então isso os leva ainda mais fundo na jam, porque está quase sendo feito sob medida para seu groove ou dança, e assim por diante. Falei com um cara na Alemanha depois de um show uma vez, que tinha sido essa pessoa naquele show em particular, e ele veio com o termo ‘amigo de ressonância’ para descrever esse papel, o que eu achei muito incrível!

Tyrell – Haha yessss AMIGO DE RESSONÂNCIA!!! Foi ótimo! Uma das coisas mais incríveis sobre a banda nos últimos 4 anos tem sido a quantidade de mensagens / e-mails etc. que recebemos de pessoas que compartilharam suas experiências com a música e é sempre lindo quando alguém “entende”. É tudo uma questão de espalhar a energia criativa e inspirar uns aos outros com ela. Há algo tão bonito nesses momentos em que todos se soltam e não há mais fronteiras entre o músico e o público. Eu adoraria ver sua pintura durante essa viagem !!

Guy – Muita gente falou das viagens em que os acompanhamos. “Driving Under The Influence Of Jams” parece ser um dos principais. Muitas pessoas parecem usar nossa música como orientação quando estão “sob a influência”, mas igualmente falam sobre ouvi-la enquanto se exercitam, estudam, trabalham, todos os tipos de coisas. No fim somos três rapazes que se esforçam ao máximo para serem espontaneamente criativos, enquanto se alimentam de informações uns dos outros em um ambiente que existe para apoiar o crescimento, a escuta e a compreensão. Isso é música. Já passamos por muita coisa e crescemos juntos. Quando as pernas estão cansadas da escalada, provavelmente é hora de parar um pouco e apreciar a vista. As aventuras continuam, e continua a ser uma aventura. Às vezes as pessoas entendem isso e pronto. Abertura e liberdade de expressão, a oportunidade de pura criatividade, e o ritmo continua.

confira os polvos em plena ação pra sentir um pouco da vibe do “amigo de ressonância”:

🍄🍄🍄

Electric Octopus was last modified: fevereiro 5th, 2021 by Joyce Guillarducci
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Sou apaixonada por música, curiosa por natureza e adoro conhecer coisas novas - sem deixar de lado as antiguices do coração. Criei este espaço para compartilhar minhas descobertas com quem também cansou de ouvir sempre as mesmas bandas. Tem muita música boa acontecendo here, there & everywhere. Eu quero mais, cansei do mainstream

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