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Bombay Groovy

escrito porJoyce Guillarducci 20 de março de 2019
Foto - Ale Marques (31)_opt

Ouça ‘Saturnalia’ e ‘Devi’ + entrevista.

foto Ale Marques

Estamos hoje no Equinócio de Outono, ocasião em que a duração do dia é idêntica à da noite e os hemisférios Norte e Sul recebem a mesma quantidade de luz solar. A data considerada mágica e carregada de significados místicos foi escolhida pela Bombay Groovy para o lançamento dos singles ‘Saturnalia’ e ‘Devi’.

Frutos das agora esporádicas reuniões de Jimmy Diniz Pappon (Hammond), Leonardo Nascimento (Bateria) e Rodrigo Bourganos (Sitar / Theremin) que seguem em formação transatlântica após mudança de Rod para a Europa, e com participação de Otavio Cintra no baixo, as faixas vêm embaladas por experimentações grooveadas que fazem a ponte entre oriente e ocidente abrindo espaço até para um solo de guitarra, referenciam o sagrado feminino e as festividades de sete dias de duração da Saturnalia da antiga Roma e marcam o primeiro trabalho do trio desde os discos ‘Bombay Groovy’ (2014) e ‘Dandy do Dendê’ (2016), ambos pelo selo InstrumenTown.

ouça Saturnalia/Devi:

Aproveitando o lançamento, conversei com a banda sobre os novos singles, influências estéticas, selo InstrumenTown, planos para 2019 (fica, vai ter vinil!!!) e line-up da Saturnalia deles, confira o papo aqui:

arte da capa por Sonia Shahid / Leonardo Nascimento

arte da capa por Sonia Shahid / Leonardo Nascimento

Nos contem como foi a produção dos novos singles, vocês gravaram de forma remota ou rolou durante a última visita do Rod ao Brasil?

Jimmy:  Já tínhamos discutido a ideia de gravarmos material novo no meio do ano passado, mais ou menos. Estávamos estudando as possibilidades de compor/gravar remotamente naquela época, mas não chegamos a desenvolver nada dessa forma. Entretanto, a ideia se fixou nas nossas cabeças. Foi na última vez que o Rodrigo esteve no Brasil, entre dezembro do ano passado e janeiro agora, que conseguimos nos reunir em um estúdio e, aí sim, a ideia foi tomando forma. A banda tem uma excelente sinergia, então as duas músicas foram “surgindo” com facilidade a partir daí.

Rod: Dessa vez deu tempo de reunir o time todo para fazer o evento de fim de ano “Saturnalia InstrumenTown” com o Mescalines, preparar novas faixas e gravar com calma. Eu trouxe o tema de Sitar de Devi para o ensaio da apresentação e, até um dia antes da gravação, não tínhamos ideia de como seria a outra faixa. O Jimmy nos mostrou os temas que ele tinha desenvolvido e assim surgiu Saturnalia, poucas horas antes de entrarmos no estúdio, surpreendentemente.

‘Saturnalia’ é uma peça fabulosa do que eu chamaria de art rock funkeado. Ela referencia as festividades romanas de mesmo nome, correto?

Jimmy:  Correto, sim. Consigo visualizar uma multidão festejando, se embriagando, se empanturrando de comida, dançando… Uma fogueira de chamas altas no centro, onde o fogo é símbolo tanto da formação da vida, quanto da destruição da matéria. Um rito de recomeço, onde os que festejam aguardam em êxtase pelo amanhã, enquanto celebram a despedida do passado.

Já em ‘Devi’ notamos uma influência oriental mais presente no que entendo como um culto à deusa e ao feminino. Quais foram as inspirações para ela?

Rod: De fato, o tema de “Devi” surgiu em uma fase em que eu estreitei meu contato com a música clássica Hindustani após ter tido a grande honra de me apresentar com músicos consagrados da família Ali Khan em Londres, basicamente uma dinastia Paquistanesa de 500 anos de devoção à música tradicional.  A faixa é a segunda singela homenagem ao sagrado feminino gravada pela Bombay Groovy, depois de “Bolero de Lilith”. Durante o período em que eu desenvolvi o tema cíclico de Sitar, também passei por umas experiências traumatizantes associadas à interpretação (por parte de terceiros) dicotômica e bélica das escrituras que cultuam o Deus Hebreu, o que me aproximou mais ainda do dito “paganismo” e da visão ampla dos textos hindus, em especial o Devi Mahatmya, que retrata o sagrado feminino manifestado através das diversas facetas da Deusa Durga. Essencialmente, busquei ilustrar na composição a épica batalha de Durga e sua transmutação em Kali Ma, sua manifestação mais sombria. Sempre acreditei que a dualidade é parte do todo, sem julgamentos morais. O caráter divino das “sombras” é normalmente reafirmado por tradições politeístas. Aliás, é por isso que decidimos lançar essas faixas no Equinócio, quando o dia e a noite se igualam. No entanto, recentemente tive a oportunidade de reavaliar minha relação com o monoteísmo após ter sublimes experiências com a Igreja Ortodoxa Grega do Antigo calendário. Estou em Atenas e gosto muito de ir à colina do Aeropago, onde ocorreu o famoso sermão de Paulo sobre o “Deus Desconhecido”. De lá se avista o Parthenon de um lado e a Ágora Antiga do outro, portanto absorvo tudo que é bom e Divino de todos os lados. Não temos pretensões teológicas na Bombay Groovy, mas a espiritualidade sempre esteve muito presente na nossa temática, desde o primeiro álbum, e foi inclusive uma grande liga entre eu e o saudoso Danniel nos primeiros passos do grupo.

A influência dos 60s e 70s é bem clara tanto na música quanto no visual da Bombay. Vocês citariam alguma referência estética contemporânea para a banda também?

Jimmy: De minha parte, não tenho uma referência contemporânea que daria mais destaque do que minhas outras influências, modernas ou mais antigas. Acho que o músico soa como a soma daquilo que ele escuta com aquilo que ele estuda, então nunca penso em separar um único artista (ou um único gênero musical, até) como delimitador na forma com que penso música.

Leonardo: Se não me engano, Jack White e alguma coisa do Tame Impala já serviram de referência estética no processo de edição e mixagem de algumas músicas, porém nada no processo de composição.

Rod: A grande maioria serve de referência para o que não se deve fazer hahah! Mas reconheço a sofisticação dos produtores que o Leo mencionou acima, e eu também acrescentaria o Mark Ronson. Muitos desses produtores com claras inclinações retrôs vêm desenvolvendo ideias muito interessantes de timbragem, arranjos, microfonações etc, em maioria através do uso de equipamentos vintage.

a estética 60s e 70s está presente na música e vídeo de Le Bateau d’Orpheu, faixa do disco de estreia da banda ainda com Danniel:

O Instrumentown segue promovendo eventos com bandas instrumentais aqui em São Paulo, trabalho que considero relevantíssimo. Vocês continuam ligados ao selo?

Rod: Certamente, o single será lançado nas plataformas digitais pelo Selo InstrumenTown! Em Dezembro, fizemos a Saturnália InstrumenTown com os Mescalines para celebrar nossa longa parceria, a música instrumental e o solstício, seguindo a tradição “pagã” que deu origem ao Natal. Fundamos o selo junto ao duo Mescalines e almejamos contribuir significantemente para o desenvolvimento de um contexto favorável na área da música instrumental experimental através de eventos, colaborações e lançamentos.

Planos futuros da Bombay?

Rod: Planos muitíssimo interessantes! Como mencionei acima, estou passando um tempo em Atenas, resolvendo umas questões burocráticas familiares. Nesse ínterim, totalmente por acaso, recebemos uma mensagem na nossa página do Facebook perguntando se tínhamos interesse de lançar nosso material em vinil, eu logo notei o nome grego e comentei que estava em terreno Helênico. O Sr. Konstantinos de fato reside em terras Atenienses e, surpresos pela coincidência, no mesmo dia nos encontramos para tomar uma cerveja e discutir os gloriosos planos. Agora estamos nos preparativos junto ao selo grego Cosmic Eye/Sound Effect para lançar uma coletânea chamada “Odyssey”, envolvendo todo nosso material de 2014 a 2019, com previsão de lançamento para o meio do ano! O disco será distribuído principalmente pelo hemisfério norte, mas também levaremos cópias para o Brasil! Seria essa coincidência um milagre do Olimpo? Mal podemos esperar para ouvir o material como se deve, em vinil, e apreciar a pintura a óleo do grande Gian Paolo la Barbera em tamanho de LP.

Pra fechar: 3 bandas que tocariam na Saturnália de vocês.

Jimmy: Vou me limitar a bandas que estão na ativa, pra não avacalhar. Não consigo pensar em ninguém melhor do que o King Crimson pra isso. O Tigran Hamasyan tem sido o pianista mais escutado aqui em casa, então ele seria o segundo nome. Acho importante incluir um nome brasileiro também, alguém que levaria a Saturnália a níveis estratosféricos. E esse seria o Hermeto Paschoal.

Leonardo: Eu, particularmente, chamaria só bandas de amigos! Acredito que Hammerhead Blues, Martinez Jazz Funk e Tigre Dente de Sabre dariam conta da festa! (Provavelmente gostaríamos de tocar também rs).

Rod: Idealisticamente, com artistas que ainda se apresentam por aí? Eu escolheria Jeff Beck, Robert Plant e Arthur Brown!

***

Bombay Groovy was last modified: março 20th, 2019 by Joyce Guillarducci
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SOBRE

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Sou apaixonada por música, curiosa por natureza e adoro conhecer coisas novas - sem deixar de lado as antiguices do coração. Criei este espaço para compartilhar minhas descobertas com quem também cansou de ouvir sempre as mesmas bandas. Tem muita música boa acontecendo here, there & everywhere. Eu quero mais, cansei do mainstream

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