O ano de 1967 foi um dos mais significativos para a música mundial. A ascensão hippie, the summer of love e a consagração da psicodelia foram pontos cruciais no curso da história do rock’n roll, da música pop, country, folk, soul e do acid rock. E como eu amo os anos 60, não poderia deixar de prestigiar o meio século desse ano tão importante. Para isso, criei a coluna 1967 EM 50 DISCOS, onde semanalmente comentaremos álbuns lançados nesse ano.
O disco dessa semana é um clássico da psicodelia sessentista:
Álbum: ‘Disraeli Gears’
Gravadora: Reaction / Atco / Polydor
Artista: Cream
Lançamento: 2 de Novembro de 1967
por Joyce Guillarducci
É estranho, mas meu primeiro approach com o Disraeli Gears foi pela capa. Já contei lá no post sobre os Big Five que sou mega fã da estética sessentista e as artes de Martin Sharp sempre foram grandes favoritas. Assim, estive bem familiarizada com a capa desse disco por muito tempo, e foi por conta dela que há alguns anos parei para efetivamente ouvi-lo. Nunca julgue um disco pela capa, eu sei. Mas às vezes rola.
O segundo álbum do power trio marca bem a transição de suas raízes de blues americano para pura psicodelia. Também veio mostrar que Ginger Baker, Eric Clapton e Jack Bruce podiam não ser assim os melhores compositores e liricistas de sua geração, mas que eles certamente compensavam essa falta com o virtuosismo de seus respectivos instrumentos.
Uma única audição da guitarra clássica de Clapton em ‘Sunshine Of Your Love’ e de seu vocal “cremoso” em ‘Strange Brew’, dos wah-wahs vanguardistas de ‘Tales Of Brave Ulysses’ – essa inclusive co-escrita por Sharp que era super migo de Clapton, da vibe hipnótica da bateria de Baker e dos vocais de Bruce em ‘We’re Going Wrong’ e do dinamismo do trio em ‘SWLABR’ (minha favorita) que btw é um acrônimo de ‘She Walks Like a Bearded Rainbow’ e traz letras do poeta Pete Brown que também era migão da banda, foram suficientes para explodiar minha cabeça e transformar esse disquinho em um dos meus favoritos da década.
Disraeli Gears também tem lá suas esquinas obscuras, como o psych-dark-pop de ‘Dance the Night Away’, mais uma colaboração de Brown mas que a meu ver destoa muito da onda vibrante do restante do disco. É claro que é um mero detalhe e opinião que em nada desvaloriza todo o brilhantismo desse disco, que é com razão considerado o magnum opus do trio cremoso.