Confira o Surf Cúmbia no álbum de estréia da banda recifense + Entrevista.
Conheci a The Raulis da melhor forma que existe pra se conhecer uma banda: tocando ao vivo, a cores e a máscara naquele festival maravilhoso que foi o PicniK Brasília em julho desse ano <3
Desde então tenho super acompanhado o trabalho da banda recifense formada por Arthur Soares (Guitarra / Synth / Samples), Rafael Gadelha (Baixo), Antônio Marques (Bateria), Gabriel Izidoro (Guitarra / Teclados) e Rafael Cunha (Teclados / Percussão / Samples). O quinteto está na estrada desde 2012 destilando seu surf cúmbia instrumental que pode ser conferido no EP “The Raulis” (2015), e a partir de hoje também no primeiro disco cheio da banda.
Ouça o EP aqui:
“The Raulis” foi anunciado na semana passada com o lançamento do single selvagem ‘Gabriella, Rainha da Selva’. O disco foi gravado em Recife e São Paulo e conta com participações de Chiquinho Moreira (Mombojó), Felipe S (Mombojó), Gustavo Cék (Bixiga 70), Romulo Nardes (Bixiga 70), Yuri Queiroga (Elba Ramalho), Jhonny Crash (Dead Rocks), Bruno Luíz (Os Aquamans), Luizinho Nascimento (Di Melo e Mato Seco), Thiago Menezes (Cosmo Grão) e Claudio N (Chambaril) nas 10 faixas dessa obra que mistura surf music, rock n’roll, chicha e cumbias latinas e que vem envolto em boa onda – desafio vocês a ouvirem esse disco sem dar nem um sorrisinho
Conversei com o Arthur sobre algumas faixas favoritas e acabei descobrindo que rolaram homenagens ao spaghetti western e faixas concebidas sob influência da boa e velha catuaba nesse álbum, confiram nosso papo aqui:
O novo single, ‘Gabriella, Rainha da Selva’ é bem divertido e selvagem – adorei os samples de animais silvestres. Nos falem um pouco sobre essa faixa e porque ela foi escolhida para anunciar o novo disco.
Gabriela foi uma das primeiras composições desse disco novo. Como a maioria das nossas músicas ela surgiu de um riff inicial, e daí levamos esse riff pro estúdio e começamos a fazer várias jams, sempre gravando pra não perder as ideias, e foi daí que a Gabriela surgiu. Desde o começo ela tinha várias pausas, e nos ensaios a gente tirava uma onda colocando os rugidos nas pausas, então ela já tinha essa atmosfera aborígene. Ela traz as guitarras com a linguagem da surf music e o balanço da coisa andina, amazônica, então ela foi escolhida como single porque condensa bem esses universos que a gente curte muito.
A intro de ‘Matinê Dançante’ é bem pitoresca e me fez pensar nos bailinhos que minha mãe frequentava no início dos anos 80. Vocês acham que essa faixa se encaixaria em um desses bailes?
Essa faixa se formou durante a finalização do disco. Na verdade a gente tinha a intro da ‘Matinê Dançante’ que tinha um clima meio de baile, só que fomos fazendo as outras músicas e depois que gravamos tudo achamos que essa música tava muito fora do contexto do disco, mas gostamos da estética dela, então decidimos juntá-la à um outro tema que nós tínhamos, que é o outro pedaço da música, e aí a gente transformou isso tudo numa música só. A locução da intro foi feita por uma amigo músico e locutor de Recife, o Cláudio N, que gravou sem briefing, sem nada, e é isso. E eu acho que sim, sua mãe, minha mãe, todos que frequentaram bailinhos gostariam de ouvir essa primeira parte da faixa. Talvez a segunda seja muito selvagem pra eles rs.
Também curti a faixa ‘Além da Cúpula do Trovão’ que oferece uma atmosfera de trilha sonora de filme western. Trilhas sonoras são uma influência frequente para vocês?
‘Além da Cúpula do Trovão’ entrou no disco por consequência da faixa do bailinho (‘Matinê Dançante’) ter virado uma música só. Nós queríamos fechar uma décima faixa pra completar esse número cabalístico, e daí eu tirei essa música da cartola. Propus pros meninos da gente fazer uma vinheta que desse uma dividida no disco, tipo um lado A e lado B. A gente usou ela como um artifício de mudança de clima, digamos assim. E ela é uma música completamente inspirada em Ennio Morricone, total nessa vibe do western e soundtrack, e é meio que uma homenagem ao Morricone (com um assobio bem desafinado rs). Produzimos essa faixa no porão da casa que a gente mora aqui em São Paulo, é um porão estúdio, onde finalizamos muita coisa desse disco, e essa faixa foi toda produzida aqui em uma noite. Eu e o Rafa compramos uma catuaba e fizemos essa singela homenagem ao Morricone e ao spaghetti western.
‘Satanás’ é uma das faixas com mais energia (achei o final hilário rs). De onde saiu a inspiração para ela?
‘Satanás’ nasceu na época da pré-produção do disco, meio que num processo parecido com o de ‘Gabriela’ e muitas outras. Eu tinha o riff do meio, mostrei pros meninos no início dos ensaios e a gente criou as outras partes. Dar nome para músicas instrumentais é um negócio muito doido assim né. No início o nome dela era ‘Mayhem’. A gente trabalhou ela como ‘Mayhem’ até a hora que começamos a colocar os samples nas faixas, e daí como você disse ela é uma músicas com mais energia no disco, provavelmente uma das mais agressivas, então tivemos a ideia de colocar o sample da Bruxa do 71, e daí ela deixou de ser ‘Mayhem’ e virou ‘Satanás’, batizada pelo sample.
Última pergunta: qual o local ideal para uma primeira audição desse disco?
Acho que essa é a pergunta mais complicada, porque é muito doido. Eu me enxergo escutando esse disco na praia, despreocupado, bebendo uma cerveja gelada. Mas também me imagino numa festinha inferninho, então acho que fica a critério do ouvinte aí. Onde você escutaria?
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Parece que a pergunta se voltou ao perguntador não é mesmo? rs. E olha, vou dizer pra vocês que tô mais inclinada à escutá-lo numa festinha inferninho viu? E deixa eu já adiantar que teremos uma esse mês e que com certeza vai rolar The Raulis na discoteca. Enquanto aguardamos mais informações, vamos conferindo o surf cúmbia dos meninos aqui mesmo. Rawww!