Comentado por Joyce Guillarducci.
O ano de 1967 foi um dos mais significativos para a música mundial. A ascensão hippie, the summer of love e a consagração da psicodelia foram pontos cruciais no curso da história do rock’n roll, da música pop, country, folk, soul e do acid rock. E como eu amo os anos 60, não poderia deixar de prestigiar o meio século desse ano tão importante. Para isso, criei a coluna 1967 EM 50 DISCOS, onde semanalmente comentaremos álbuns lançados nesse ano.
O álbum dessa semana não estava na minha lista, simplesmente aconteceu. Vá lá:
Álbum: ‘Safe As Milk’
Gravadora: Buddah Records
Artista: Captain Beefheart & His Magic Band
Lançamento: Junho de 1967
por Joyce Guillarducci
Quando comecei essa série aqui no blog listei, junto com um amigo meu de Ohio, 52 álbuns que gostaria de comentar, sabendo que uma hora teria que descartar dois deles. No decorrer das postagens meu gosto musical mutante fez com que essa lista (assim como praticamente todas as listas que faço na minha vida) fosse picotada e jogada ao vento. Mas tudo bem, como já dizia titio Raul, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante.
O disco dessa semana é mais um desvio pro lado errado da bifurcação desse rio que era a minha lista original. Confesso que nunca me aprofundei muito na obra do alterego de Don Van Vliet. Conhecia uma música ou outra, mas nunca tinha ouvido um álbum completo. Essa semana enquanto pesquisava os pôsteres para a postagem sobre os Big Five me deparei muitas vezes com o nome Captain Beefheart – inclusive com erros de ortografia em várias delas, e decidi deixá-lo de trilha sonora enquanto editava e montava a Mixtape dos Cinco. E WOW! QUE TRIP! Ok, talvez o vinho (barato) que eu tava tomando tenha ajudado, but even though…
Decidi então começar pelo ponto zero da viagem do Captain Beefheart and his Magic Band, embarcando na peculiaridade de seu álbum de estréia: ‘Safe As Milk’. Acompanhado de Alex St. Clair Snouffer (Guitarra), Ry Cooder (Guitarra), Jerry Handley (Baixo) e John French (Bateria), Beefheart evidencia aqui suas influências do blues, já bem perceptíveis na faixa de abertura ‘Sure ‘Nuff ‘n Yes I Do’, e que continuam durante todo o disco, hora com a pegada mais country de ‘Plastic Factory’ e ‘Yellow Brick Road’ (essa já um pouco mais desconstruída), hora mais groove, como em ‘Zig Zag Wanderer’. Mas não se engane, esse não é um disco de Muddy Waters, e muitas loucurinhas estão por vir.
Como os tambores de ‘Abba Zaba’ e vocais singulares de ‘Dropout Boogie’. Aliás, a voz de Beefheart e a forma como ele vai moldando-a às canções são as grandes estrelas do ‘Safe As Milk’. Isso fica bem claro com o choque na espinha que é a faixa ‘Electricity’, minhas favorita do disco.
Outras surpresas vão aparecendo ao longo das 19 faixas desse álbum vanguardista e talvez um pouco incompreendido, que foi o pisão na porta do estranho mundo de Beefheart, mas acho que vou deixar para que vocês decifrem o resto (eu também ainda estou decifrando-o). Recomendo a audição acompanhada do vinho mais ordinário que estiver à mão, tenho certeza que o captão Beefheart e sua banda mágica o deixarão mais palatável.