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Mulher de Bigode

escrito porJoyce Guillarducci 26 de setembro de 2021
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Multi-artista carioca apresenta a musicoterapia para fobias amorosas em seu single de estreia. Confira ‘Ponteiro’ + entrevista.

Mulher de Bigode é o pseudônimo da multi-artista carioca Fabrizzia Milione que acabou de estreiar seu projeto musical com o single ‘Ponteiro’: produzida pelo mexicano Martín Hernández e lançada de forma independente, a faixa vem embalada pelas ondas intimistas do bedroom pop e indie lo-fi, explora elementos da psicanálise Freudiana e considerações cronológicas do Coelho Branco de ‘Alice no País das Maravilhas’, enquanto convida à reflexão sobre o gasto de tempo afetivo e a cura de fobias amorosas e outras inquietudes mentais através da musicoterapia e da própria dimensão temporal.

‘Ponteiro’ está em nossa playlist de Descobertas BR da Groover:

Aproveitando o lançamento conversei com a moustache girl sobre suas referências sonoras, expressão pela música, planos futuros, musicoterapia, pêlos faciais femininos e bigodes em geral, confere nosso papo aqui:

Encorajo meus ouvintes a buscarem suas metades angustiadas emocionalmente e fragmentadas por tantas leis comportamentais e de gênero. Essas metades menino e menina se traduzem em liberdade de natureza humana com toda essa brincadeira séria simbolizada pela “Mulher de Bigode”.

– Mulher de Bigode

Mulher, antes de mais nada preciso comentar que desde que vi seu nome lembrei de uma entrevista da Bjork onde ela disse que se pudesse trazer algo ancestral de volta à popularidade seriam “pêlos faciais femininos e caldas”. Acredito que ela teria seu apoio?

Ela não só teria meu apoio como minha calda balançaria ao ouvir a voz de Bjork. Eu sempre achei “Mulher de Bigode nem o diabo pode” uma expressão no mínimo escrota. Acho que “Be God” ou “Bigode” e até “Big God” já denunciam que não precisamos do aval do capeta para deixarmos aflorar nossa natureza: somos deusas tal como a brincadeira morfológica da palavra sugere. Mas logicamente não sustento meu pseudônimo e conceito artístico tão somente ao tema físico. É muito mais sobre uma voz unissex. Imaginando que uma plataforma de streaming seja uma loja sem seção de roupas (faixas musicais, por exemplo) só para homens ou mulheres. Temos duas orelhas então você pode ativar cada uma delas para forças andróginas distintas. “Mulher de Bigode” enquanto essência artística significa, em resumo, conceder poder a sua própria expressão. Encorajo meus ouvintes a buscarem suas metades angustiadas emocionalmente e fragmentadas por tantas leis comportamentais e de gênero. Essas metades menino e menina se traduzem em liberdade de natureza humana com toda essa brincadeira séria simbolizada pela “Mulher de Bigode”.

Você acabou de soltar ‘Ponteiro’, single de estreia que oferece um flerte com o indie rock, bedroom e dream pop. O que você citaria como inspirações e referências sonoras para o seu projeto? 

Como eu não sou uma gravadora ambulante e não tenho os recursos de uma “major”, meu caminho estético surgiu muito do meu atual contexto de vida. Estou há 2 anos em casa em uma pandemia por questões familiares de saúde. Acho até que só eu estou trancada há quase 2 anos em casa pois realmente só vi a luz solar para me vacinar e votar. Então a experiência de estar isolada me obrigou a produzir no estilo “faça você mesma ou lute”. A base de “Ponteiro” inspirada no Lo-Fi de quarto é a junção de um gosto pessoal por musicalidade não megalomaníaca com contexto financeiro e pandêmico. A introdução da canção foi feita com meu primeiro violão que ganhei aos 9 anos e fiz questão de mantê-lo desafinado para enviar o arquivo de áudio ao meu parceiro produtor e cantor mexicano, Martín Hernández. Creio que quando nosso tempo de amor se esgota, a bomba relógio em nosso coração desalinha nossos “ponteiros internos”, então não fazia sentido um violão moderno e super afinado para falar de emoção desajustada. Acho contraditório falar sobre esgotamento psíquico e fobia de amor oferecendo um som que não condiga com nossas dores. Inicialmente o single era guiado apenas pelo teclado, o que traz muito essa escuta de sonhos, e propositalmente isso geraria um afago ao ouvinte descrente afogado em pesadelos amorosos. O teclado traria a ideia de sonhar novamente, de brilhar novamente ainda que na escuridão do tempo perdido ao lado de alguém. Posteriormente pedi que Martín adicionasse a guitarra reproduzindo a melodia do teclado como uma personagem de ódio, de desejo de vingança no refrão já que falo sobre me vingar de quem me “curou” do sentimento de amar em “Vai pagar por querer curar um doente louco de amor”. O fato é que amor não é uma doença, doentia é a forma que gasta seu tempo ao lado de alguém e o ódio vem justamente de te curarem de algo que era pra ser o melhor sentimento do mundo. Não existe superação politicamente correta. Por fim, quis uma distorção completa da voz para trazer não só um ambiente underground, mas o sentimento underground sombrio do nosso inconsciente em autoanálise, afinal “Ponteiro” é muito mais falado e sussurrado que propriamente cantado.

E além desse lançamento você também traz na bagagem uma história sólida nas artes cênicas, certo? Conta um pouco dessa sua trajetória e da descoberta de se expressar pela música também.

Me produzir musicalmente nasce não só da ideia romântica de não conseguir viver sem música, de fato não seria possível continuar existindo no mute. Essa iniciativa veio da percepção falaciosa que rodeia o universo do “ser ator”. O que você mais escuta nesse contexto cênico é que para ser atriz e obter êxito na profissão é necessário se munir culturalmente e estudar de modo contínuo. Eu vivi muito rodeada de elogios por minhas performances enquanto atuava, mas não sou movida aos mimos e o artista precisa sobreviver financeiramente. Existe uma romantização de que é bonito você viver passando fome e que o mercado audiovisual seria algo inferior, uma meta para “atores mediocres”. A elevação mental do grande ator se restringiria ao palco de teatro. O close em telenovelas, séries e coisas do tipo ficaria para os rostos de blogueiras, modelos ou webcelebridades bombadas em seguidores e tantas superficialidades que nunca pisaram numa escola de arte. O problema é que é justamente esse mercado contaminado o responsável majoritário em rentabilizar atores de modo mais efetivo. Na música você não precisa nem ter dentes para fazer seu trabalho, não é nenhuma indireta ao John Frusciante que trocou toda arcada dentário, mas o foco é muito mais a música, ainda que você ache tal música uma merda. Você ainda tem a chance de reproduzir o trabalho de um selo sozinha e distribuir seu material. Eu amo ser atriz, só não gosto de me tornar dependente de diretores que gritam, assédio e filosofias falaciosas. Trago meu trabalho cênico para “Ponteiro”, basta observar o ambiente visual. Máscara sombria de coelho na capa do single remetendo ao coelho de “Alice no País das Maravilhas” sempre preocupado com o tempo e com o horário de tudo. A reprodução de elementos presentes no consultório de Sigmund Freud em Viena, pai da psicanálise, presentes no clipe de “Ponteiro” ilustram esse vestígio de inspiração cinematográfica. O videoclipe, aliás, fora ornamentado em minha casa pela minha imaginação e cenografia de minha própria mãe, dona Magaly. Esses universos de música e atuação não são separados na cabeça do artista, eles namoram no mesmo neurônio.

Através de ‘Ponteiro’ você também tem levantado a bandeira da musicoterapia – soube inclusive que a faixa vai ganhar um lyric video que complementa o tema. Nos fale mais sobre essa ideia.

A Musicoterapia é uma forma de cuidar das pessoas através da música. É um modo mais técnico de trabalhar com saúde auxiliando no aprendizado e bem estar de pacientes por meio de expressões artísticas etc. Eu não sou uma pessoa gabaritada para falar de musicoterapia de modo técnico, eu utilizei de uma licença poética para trazer o termo na tentativa de designar meu objetivo como artista musical nesse momento que seria externar emoções de maneira não politicamente correta para exorcizar nosso psicológico. Sigmund Freud trouxe sabiamente o conhecimento de que os sintomas de neuroses como depressões, ansiedades poderiam ser aliviados através da “cura pela fala”,isto é, permitir que o paciente pudesse falar abertamente sobre seus sonhos e memórias, por exemplo. Minha “cura” se daria ao ouvir música e a “fala” seria a própria letra da canção, em que o ouvinte possa ressignificar o que sente ao se identificar com suas emoções expostas em minhas composições. No lyric video de “Ponteiro” eu introduzo o ouvinte ao consultório de musicoterapia da Mulher de Bigode para que se sintam aconchegados psicologicamente num espaço audiovisual terapêutico onde não haveria necessidade de perder tempo simulando uma faceta “good vibes” e super “nobre” diante de uma frustração amorosa que gera traumas e desânimos com a ideia de se apaixonar novamente. Esse cenário de pertencimento e aconchego no meu divã musical é reforçado pelo visual 3D que faz os olhos do espectador passearem pelo consultório como seu espaço individual de “cura pela fala da cantora”. Uma espécie de “Bigodeterapia para Filofobia”. Filofobia seria o medo irracional de amar ou se apaixonar por alguém. Uma brincadeira para oferecer um alento sério aos meus “Bigoders” que precisam ajustar seus ponteiros internos.

Confira o videoclipe de ‘Ponteiro’ gravado na sala de Fabrizzia. A faixa também ganhará um lyric video em breve.

Planos futuros, spoilers ou fofocas diversas que gostaria de compartilhar com nossos bigoders cansados do mainstream?

Seguindo o raciocínio de tudo que disse anteriormente sobre minha inspiração na Musicoterapia, logicamente ressignificando para meus padrões de cura não politicamente corretos, pretendo produzir meus próximos singles de modo a fechar um EP voltado para temas inspirados na “cultura freudiana”, mas sem nenhum compromisso de explicar didaticamente temas trabalhados pelo pai da psicanálise. Eu não quero ter compromisso com nada que não saia da espontaneidade de meus sentimentos em busca dos sentimentos também de quem me escuta. O Brasil é campeão em ansiedade então nada mais útil aos ouvidos que expor nossas inquietações em música para que a mesma nos entregue o repouso psicológico que merecemos. Acho que quando estamos cansados internamente, como o cansaço do mainstream, precisamos buscar recomposição em emoções que expressam nosso “verdadeiro self” e não oprimam nossa personalidade.

Pra fechar: bigode grosso ou finin?

Escolho o bigode que for natural da sua biologia. O importante é entender que, daqui pra frente, “Mulher de Bigode” não será mais uma expressão da qual uma mulher deva se envergonhar. Eu sou uma Mulher de Bigode e é, exatamente por isso, que sou temida até no inferno. Ps: meu bigode é bem grosso. E não esqueçam, “bigoders” do Cansei do Mainstream, sintam-se deuses e deusas, afinal: Be God! Big God! Big Goddess! Bigode!

***

Mulher de Bigode was last modified: setembro 26th, 2021 by Joyce Guillarducci
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SOBRE

Joyce Guillarducci

Sou apaixonada por música, curiosa por natureza e adoro conhecer coisas novas - sem deixar de lado as antiguices do coração. Criei este espaço para compartilhar minhas descobertas com quem também cansou de ouvir sempre as mesmas bandas. Tem muita música boa acontecendo here, there & everywhere. Eu quero mais, cansei do mainstream

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