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Fugere

escrito porJoyce Guillarducci 7 de maio de 2021
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Fugindo pro mato sem sair de casa: assista à session ‘Urutau’ + entrevista.

fotos: Luiza Belém

Fugere significa “fugir” em latim e foi o nome-conceito escolhido para o universo particular criado pelo músico fluminense Frederico Arruda, que também assume uma das guitarras da Baco Doente, conhecida por muitos como a banda mais caótica de Juiz de Fora. Acompanhado dos amigos João Gumury e Pedro Almeida, e mais tarde também do baterista Max Souza, Fred vem desde 2013 esboçando composições que começaram a dar as caras no ano passado com o EP ‘Fugere’, um dos últimos lançamentos da Pug Records antes da aposentadoria do selo.

ouça Fugere:

Com quatro faixas que passeiam por elementos do folk, MPB, lo-fi rock, bedroom pop e outros rolés, o EP abriu a porta de fuga para o agora trio (Fred, João & Max) que segue caminhando por paisagens ainda mais amplas e que hoje ganham cor e movimento na session ‘Urutau’. Gravada em Areal/RJ com formação reduzida devido ao distanciamento social, a session reúne sete faixas que ganham um ar nostálgico e pitoresco emprestado da locação e dos takes de cenas do interior que se intercalam ao show.

assista URUTAU:

Aproveitando o lançamento, conversei com a Fugere sobre inspirações, processo de criação, concepção de ‘Urutau’ e também sobre a fuga ideal da banda, confere tudo aqui:

foto por Luiza Belém.

foto por Luiza Belém.

Conheci o projeto no ano passado através do ótimo videoclipe de ‘Storm Song’ que acrescentou um ar mais lúdico/psicdélico ao caldeirão de referências sonoras presentes no trabalho de vocês. Nos falem sobre as principais inspirações musicais e estéticas da Fugere.

FREDERICO: Eu particularmente acho que a musicalidade da Fugere advém de diversas referências e, talvez, o estímulo maior do projeto seja justamente fazer essas referências se articularem, brincarem entre si. Ainda que muitas delas sejam diferentes, estamos sempre em busca de dar essa liga, esse norte. Sempre prezei por ter um repertório de audição bem amplo e uma das coisas mais instigantes pra mim é tentar aumentar minha percepção musical. Nesse sentido, a Fugere, bem resumidamente, tem se firmado no encontro do indie dos anos 80 e 90 com o folk dos anos 60, esbarrando na música brasileira, principalmente as de raízes jazzísticas, tudo isso com um fundo abstrato, meio “outsider”. De maneira bem reduzida, posso citar como influências: Arthur Verocai, Nick Drake, Yo la Tengo, Beto Guedes, The Field Mice, Donovan, Clube da Esquina, Neutral Milk Hotel, The Band, Jandek, Walter Franco e Silver Jews…

JOÃO: Nick Drake (Five Leaves Left, Pink Moon, Bryter Layter), Tom Jobim (Matita Perê, Stone Flower, Passarim), Egberto Gismonti (Sonho 70, Água e Vinho, Trem Caipira), algumas performances da dupla The Milk Carton Kids, Joy Division (Closer), alguma coisa do Talking Heads incluindo o livro do David Byrne “Como Funciona a Música”, alguma coisa do Belchior, um disco dele em parceria com o violonista Gilvan de Oliveira. Outras coisas fora isso com certeza, mas desse caldeirão que a gente ouvia e comentava a respeito, acredito que teve alguma influência de uma forma ou de outra.

assista Storm Song:

E assim como a dinamicidade sonora, notamos também um desapego quanto ao idioma das composições, que aparecem em português, inglês e ouvi até versos em francês? Ohh la la! Como é o processo de criação de vocês, e rola uma escolha racional quanto ao idioma nas letras ou elas simplesmente acontecem?

FREDERICO: Por aqui pregamos o total desapego idiomático! Meus processos de composição variam. Por vezes, a primeira coisa que surge é a letra e, quando é assim, geralmente as letras vêm em português. Outras vezes (na maioria), eu pego meu violão e começo a tocar incessantemente um acorde; vou mudando os ritmos, testando dedilhados, internalizando a sensação de tocar aquele conjunto de notas. Partindo desse acorde, uma frase ou palavra aparece; ela geralmente se comunica com a cor do acorde que, por sua vez, se comunica com o meu “mood” no momento. Às vezes a palavra ou frase surge em português, às vezes em inglês e às vezes em alguma outra língua que eu arranhe, como o francês e daí “voilá”, outros acordes vão surgindo, embolados com palavras e frases, indo e voltando. Muitas vezes a coisa toda nasce ali, seja na língua que tiver que ser; outras vezes preciso lapidar por dias a composição, mexendo no campo harmônico e melodia com a ajuda do João e do meu professor Paulo Aiello que também é músico e produtor. Um detalhe é que eu nunca mexo na letra; pra mim a letra é o que é. É quase como uma fotografia, é um sentimento capturado.

JOÃO: De minha parte, quase sempre foi uma colaboração no sentido do Fred trazer uma ideia de versos e acompanhamento, onde eu sugeria algo na harmonia ou na forma de acompanhar. Outras vezes a ideia já me parecia pronta, daí então eu elaborava um segundo violão, um baixo ou uma proposta de arranjo de base mesmo. Fazíamos algumas reuniões onde íamos decidindo pontos específicos nas seções, partes da melodia, repetições e coisas assim. Um outro camarada que colaborou nisso foi o Paulo Aiello.

Hoje saiu a session ‘Urutau’ e desde o nome, a locação, o formato de duo e até os pitorescos takes que compõem o vídeo, tudo parece remeter à uma conexão com uma essência mais crua e orgânica, natureza, raízes, etc. Contem um pouco sobre a concepção dessa session e as sensações que vocês buscaram transmitir com ela.

FREDERICO: Urutau é um pássaro soturno e de hábitos bastante peculiares e, não por acaso, é o nome da primeira session da Fugere. Flertamos com o sentimento de deslocamento, do voo, da readaptação que também é um das traduções da palavra em latim. A minha vontade foi traduzir isso tudo em imagens de viagens pelo interior, rápidas e ritmadas, intercaladas com a apresentação. Ao mesmo tempo, a Urutau remonta às raízes do projeto, visto que foi filmada em Areal, nossa cidade de origem, uma espécie de Twin Peaks do estado do Rio de Janeiro. A apresentação mostrou-se desafiadora, visto que, em outras circunstâncias, normalmente contaríamos com um arranjo maior, com uma variedade grande de instrumentos de orquestra e, claro, com o nosso baterista Max Souza. Na Urutau, em decorrência da pandemia, tivemos que reduzir para o núcleo da banda, somente eu e o João que é o arranjador e executor de quase todos os demais instrumentos de corda constantes no nosso primeiro EP.

JOÃO: A session aconteceu depois de uma série de imprevistos que nos impediram de realizar de outra forma, tendo a colaboração de mais músicos. Foi um desafio fazer a redução mas nos empenhamos em fazer um registro fiel desse momento, desde as reuniões online para decidir os rumos das músicas até os ensaios  e a gravação planejada. Foi uma experiência muito gratificante. Acho particularmente bom o fato de termos feito através da Lei Aldir Blanc e podermos deixar esse registro, um documento mesmo, de como é realizar um trabalho musical nesses tempos de pandemia. 

com vocês: o pássaro Urutau :>

com vocês: o pássaro Urutau :>

 

Pra fechar, Fugere significa “fugir” em latim e acredito que o sentimento de fuga e escapismo seja amplamente compartilhado nesse momento, principalmente por nós brasileiros. Então quero saber de vocês: qual seria a fuga ideal da Fugere?

FREDERICO: Além da música com o mesmo nome, tocada na session; acredito que a nossa fuga mesmo sempre foi continuar buscando inspiração em um país repleto de retrocessos.

JOÃO: A fuga ideal é manter o processo criativo.

arte por Helena Frade.

arte por Helena Frade.

***

Fugere was last modified: maio 8th, 2021 by Joyce Guillarducci
Bedroom PopBrasilFolkJazzLo-FiMPB
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SOBRE

Joyce Guillarducci

Sou apaixonada por música, curiosa por natureza e adoro conhecer coisas novas - sem deixar de lado as antiguices do coração. Criei este espaço para compartilhar minhas descobertas com quem também cansou de ouvir sempre as mesmas bandas. Tem muita música boa acontecendo here, there & everywhere. Eu quero mais, cansei do mainstream

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