Nesse calooor! Confira a face mais psicodélica do quarteto paulista no videoclipe de ‘Ser Estar’ + entrevista.
foto: Rafael Bulleto
Sexta-feira de sol & calor pede uma brisinha, e no que depender da Bumbo Caixa vai tá tendo. Recentemente incorporada ao elenco do selo Alcalina Records, a banda fundada por DW Ribatski (voz e guitarra) em 2011 atualmente também conta com Clara do Prado (bateria), Ana Zumpano (teclado/sintetizador) e Elisa Oieno (baixo) que vieram somar ainda mais ao caldeirão de referências do projeto, que passeiam por sonoridades do grunge, noise, rock psicodélico e até um sunshine pop de leve, e que podem ser conferidas no disco ‘Fantasmas da Quebrada’ (2012) e também nos singles lançados pela nova formação.
ouça Bumbo Caixa:
O quarteto tem utilizado o tempo de isolamento social de forma bem fértil e criativa, explorando recursos de gravação remota e comunicação virtual pra produzir live sessions e videoclipes, como o da faixa ‘Eu Não Consigo Parar’, que contou com a participação de fãs e amigos dançando e curtindo a música em videos enviados por redes sociais.
assista ‘Eu Não Consigo Parar':
Dando sequência aos trabalhos no esquema cada um na sua casa, hoje a Bumbo Caixa lança o clipe de ‘Ser Estar’, dirigido, gravado e editado pelos próprios integrantes que utilizaram o olhar psicodélico de filtros de prismas e caleidoscópios para retratar “cenas cotidianas, objetos interessantes e narrativas focadas no que está ao alcance das mãos (literalmente)” como conta a baterista Clara. O resultado é uma peça lisérgica que carrega aquela atmosfera bucólica de uma tarde de calor em casa, e ganha um ar ainda mais lúdico com o acompanhamento dos synths que ora soam como brinquedos eletrônicos, ora como canto de pássaros (ou será que esses são os barulhos de dentro da minha cabeça?).
assista ‘Ser Estar':
Aproveitando o lançamento conversei com a banda sobre sair da zona de conforto, processo de criação do ‘Ser Estar’, aprendizados das produções à distância e também sobre spoilers do novo disco que vai chegar, confere tudo aqui que esse papo tá muito inspirador:
Acompanhando o trabalho da Ana e da Elisa há mais tempo fico sempre maravilhada em vê-las assumindo (e dominando) novos instrumentos a cada projeto – da fato já presenciei uma ocasião em que a Elisa trocou de instrumento no meio do ensaio de uma nova banda rs. Contem pra gente como tem sido essa experiência tocando baixo e synths na Bumbo Caixa, e se vocês têm alguma dica para outras artistas buscando desafios fora da zona de conforto.
Elisa: A minha experiência com a Bumbo Caixa em especial está sendo só novidades na minha vida. Isso porque além de estar em um instrumento que não é o que costumo tocar, e tocando músicas com estilos e referências diferentes do que estou acostumada, agora estou a mais tempo na banda em quarentena do que estive fisicamente, rs. Até isso foi um fator de saída da zona de conforto pra mim, já que entrei em uma nova banda com a intenção de tocar ao vivo e comer uns lanches nos ensaios (rs) e pouco tempo depois me vi produzindo e lançando coisas à distância. Mas é isso, cada experiência com cada banda é uma aventura diferente com suas particularidades… Acho que meu conselho para as artistas é não ter medo de se arriscar, bem clichezão assim. Não é fácil, às vezes faz a gente lidar com coisas profundas, inseguranças, mas essa é a graça de fazer arte, pra mim… ter cara de pau e até pegar gosto por isso. Outra coisa que ajuda muito também é procurar sempre se cercar de pessoas que te inspirem e te puxem pra cima, assim a coragem pra se arriscar vem mais fácil e mais divertida. É muita felicidade ver a dedicação de praticamente novos membros como se tivessem sido do projeto desde sempre, me sinto inspirada pela generosidade e pela sorte desse encontro, digo nao só pela parte criativa mas pelas funções dos bastidores, porque é muito legal ser realmente um grupo em que todos se sentem parte.
Ana: A Bumbo Caixa é uma experiência muito rica pra mim. Me tirou da zona de conforto, abriu minha percepção para novos timbres e me trouxe o desafio de tocar um novo instrumento que só me fez crescer musicalmente. Somos muito livres pra criar, as referências geralmente chegam de forma espontânea, e me sinto em contato com sons mais pops, referências mais atuais, gosto disso, de sair um pouco da guitarra e distorção que estou mais acostumada. É inspirador tocar e produzir com as meninas e com o Dw, eles tem a mente inquieta, gosto muito de produzir assim de um jeito mais despojado. Concordo muito com o que a Elisa disse, o desafio de tocar um instrumento novo, esse frio na barriga de arriscar, tudo isso faz com que a gente esteja mais vulnerável, mas o fato de fazer isso com pessoas que nos inspiram torna tudo isso um grande amadurecimento. Minha dica é bem clichê tbm, envolve seguir o coração e se divertir, se dedicar e estudar, ah, e a cara de pau tbm é uma parte maravilhosa hahaha
Hoje saiu o lisérgico clipe de ‘Ser Estar’ dirigido e gravado pela própria banda e editado pela Elisa. Nos falem um pouco sobre o processo e ferramentas utilizadas na concepção dele?
Clara: A ideia do clipe tem muito a ver com o nosso momento de pandemia, onde precisamos viajar sem sair de casa. Por isso retratamos cenas cotidianas, objetos interessantes e narrativas focadas no que está ao alcance das mãos (literalmente). Usando filtros de instagram com efeitos de prisma e caleidoscópio, retratamos essas cenas intimistas de uma maneira mais psicodélica, possibilitando essa viagem dentro do nosso universo de isolamento. O clipe é uma montagem de cenas gravadas por cada membro da banda, e mostra um pouco o universo particular de cada um, seja por meio de narrativas e interpretações da letra da musica, ou por combinações nonsense de imagens e objetos que achamos intrigantes.
E a Bumbo Caixa tem mandado muito bem nas produções à distância, além de ‘Ser Estar’ também teve o clipe de ‘Eu Não Consigo Parar’ e as sessions gravadas cada uma na sua casa. Que aprendizados dessa experiência de trabalho remoto vocês levarão para a realidade pós pandemia?
Clara: A distância foi um desafio que no começo parecia meio impossível, mas que permitiu a gente se redescobrir como banda, sair do universo de ensaios e shows e inventar uma nova forma de manter a banda e a criatividade ativa. Dentro dessas possibilidades, bolamos juntos atividades e objetivos pra fazer separados. é muito louca essa coisa de pensar junto, fazer separado e juntar tudo outra vez no final. Entramos pro selo Alcalina Records o que também nos deu um super gás, pois eles estão super ativos, com uma super agenda de lançamentos de clipes, músicas e discos, essa troca também foi bem inspiradora. O legal que somos uma super equipe, cada um tem as suas expertises e juntos somos um baita time, seja ao vivo ou a distância.
Pra fechar: essas novas faixas estarão no álbum de estreia dessa formação, confere? Podem nos adiantar mais algum spoiler desse disquinho?
Dw: Bom, mais ou menos, esse disquinho (Use suas pernas) ainda é de uma safra anterior, que foi produzido por mim, com ajuda de amigos, como por exemplo o Igor Medeiros e o Léo Monstro, (nessa música específica tem part. do Tché, da Holger). Mas tendo ele pronto decidimos fazer um lançamento bacana por termos acabado de ingressar a Alcalina Records. O lance dos clipes feitos pela banda agora é uma maneira, de certa forma, de “colar” todo mundo nessa nova fase, agregando as fases anteriores. De spoiler podemos adiantar que teremos mais dois singles e mais dois clipes, em animação. Depois disso finalmente lançamos o disco e podemos nos concentrar em lançar o outro disco que também tá praticamente pronto e que daí sim tem a banda toda na produção. Mas imaginamos que saia no começo do ano que vem (ou final desse?). Veremos…
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