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D.Selvagi & His OneManGang

escrito porJoyce Guillarducci 11 de setembro de 2020
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Soy Una Piedra: assista o novo videoclipe do one man band + entrevista.

Danilo Sevali é um jovem veterano da neo-psicodelia brasileira que vem desde 2005 destilando as excentricidades sonoras e experimentações psicodélico-rurais da banda de Mogi das Cruzes Hierofante Púrpura onde assume guitarra, teclas e vocais. Em 2015 Danilo deu mais um passo rumo ao imprevisível criando a D.Selvagi & His OneManGang no formato monobanda tocando guitarra e bateria e cantando, tudo juntinho ao mesmo tempo.

Dominando as adversidades do processo natural de todo novo desafio (tem uma história ótima sobre o primeiro show dele ali embaixo), o projeto hoje caminha com maestria trazendo na bagagem os elogiados discos ‘Eu Vi Vários Eus, Eu Vi Vários Eus’ (2017) e o ‘D.Selvagi & His OneManGang’ (2019), além de um convite para um festival de onemanbands na Itália complementando uma tour na Europa que aconteceria esse ano, adiada por motivos de pandemia mundial.

ouça D.Selvagi:

Da situação de isolamento social forçado saíram os ‘Singles Primitivos vol. 1′, compilando duas faixas que foram gravadas, mixadas e masterizadas pelo Danilo e pela Helena Rosa, companheira de Hierofante, no estúdio deles lá em Mogi, o Mestre Felino:  ‘Jogo de Interesses’ e ‘Sou uma Pedra’  foram captadas de maneira analógica em fita de rolo num gravador Tascam, o que conferiu uma atmosfera mais crua e lo-fi (primitiva né?) à psicodelia subversiva do D.Selvagi, que também resgata elementos do garage, pós-punk, krautrock e outras referências inusitadas em suas composições – hey hey Celly Campello!

As novas faixas vieram acompanhadas de videoclipes gravados com celular em casa mesmo no melhor esquema DIY, com estética e direção que agregam uma vibe mais onírica e surrealista ao trabalho do D. Selvagi, e mostram que além de cantar, tocar, produzir, editar, etc, ele também é um performer digno de um filme de David Lynch.

veja o clipe de ‘Sou Uma Pedra':

Aproveitando os lançamentos conversei com o D.Selvagi sobre a dinâmica da monobanda, suas explorações sonoras e inspirações estéticas, e também sobre o afloramento de sentimentos primitivos durante a quarentena. Esse papo rendeu muitas reflexões e histórias – eu particularmente fiquei fascinada com a parceria da sobrinha de DEZ ANOS DE IDADE na composição de ‘Sou Uma Pedra’, confere tudo aqui:

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Danilo, conta pra gente qual foi o desafio mais inesperado que você encontrou nessa dinâmica de monobanda?

Lembro que o grande desafio já foi logo no meu primeiro show (que foi lá pros idos de 2015) rolou um convite pra me apresentar num bar da Zona Norte de São Paulo, ao lado de outros projetos que eu curtia muito. Formato nada convencional esse da monobanda, a vida inteira tocando com grupos de pelo menos 3 músicos ao meu lado no mínimo… eu nunca tinha sequer parado pra tentar ensaiar comigo mesmo e sacar como a brincadeira funcionava. Eis que já tinha então esse primeiro show agendado e nenhum ensaio realizado hahahah adoro desafios!! Montei a bateria com apenas duas peças (me inspirando na sessão do Chad VanGaalen versão one man band na KEXP) bumbo no pé direito, caixa com a estante dobrada / adaptada no pé esquerdo meio que seguindo a lógica de um baterista destro, empunhei a guitarra, posicionei o microfone e as horas que se passaram na sequência foram de um puro e completo nada com nada, tudo desorientado e sem coordenação, total fracasso. Me desesperei pois meu nome estava no cartaz, geral divulgando, que embaraço ter que ligar pro produtor do evento e pedir pra tirar meu nome do cartaz, juro que essa era a única idéia que passava pela minha cabeça, cheguei a pegar o celular pra desistir de toda aquela idéia estúpida. Me lembrei que na adolescência costumava me dar bem tocando bateria tradicional como canhoto por ser ambidestro (canhoto no pé e destro na mão) ai tive a sacada de inverter tudo, foi preciso entortar a lógica para encontrar algum caminho e ele se revelou de uma maneira muito mais fluída e botei fé que poderia fazer o show, e assim rolou. É claro que novos obstáculos vão surgindo, eu brinco dizendo que por vezes me sinto meio “desamparado” tocando sozinho em cima do palco ou mesmo ensaiando (não tenho desculpas para atraso ou se fui descomprometido rsrs pois só posso reclamar comigo mesmo se o amp ta gritando demais ou se perdi o peso no refrão) percebi que são das adversidades que conseguimos extrair por vezes habilidades adormecidas, em suma, é deveras libertador tocar nesse formato… se pensarmos friamente, monobanda é o formato do futuro rs, ainda mais nesse contexto de caos pandêmico global em que estamos metidos. Pensa só, os músicos tocam sozinho e adoram usar máscaras na composição dos seus personagens, perfeito para as condutas de segurança não?

E você acabou de lançar os ‘Singles Primitivos vol. 1′ com 2 faixas que passeiam por sonoridades diversas, do garage ao krautrock e com espaço até para uma homenagem ao ‘Estupido Cupido’ da Celly Campello (eu amei!). Acredito que o trabalho em formato solo acaba sendo benéfico no lance de experimentações e exploração de um leque musical mais vasto, você concorda?

Concordo plenamente, é o caminho mais lógico até, quanto mais livre e espontâneo melhor. Minhas práticas ou ensaios são mais para desenvolver habilidades em criar uma boa pegada ou mesmo ambientações harmonizando instrumentos com a voz e muito também na busca da precisão / vibração rítmica.. do punch mesmo! Muito mais do que ficar talhando muito a estrutura de uma canção, afinal, elas nunca vão sair exatamente igual a cada performance, é aí que mora a maior diversão. Fico ali na repetição exaustiva, tentando adquirir uma resistência física também (é uma baita prática acadêmica isso, e conta demais na hora de sustentar uma energia mais pulsante ao vivo) pra poder chegar bem nos shows que são aqueles momentos de pura catarse, lidando com sonoridades diferentes a cada acústica de bar, casa de show, pequenos ou grandes sistemas de sons, intimistas ou festivalzão etc as sonoridades vão assim fluindo, as referências podem aparecer duma maneira mais explícita ou mais velada por vezes, essa frase da Celly “Hey, hey é o fimmmm” sintonizei total do nada e foi engraçado até acabar entrando mesmo, tem uma ironia linda ali. Parece que certas frases, expressões ou palavras encaixam como peças de um quebra-cabeça, você olha várias vezes para mesma peça até que percebe que realmente é a correta. Eu acabo trazendo algumas outras referências ou fazendo pequenas homenagens nas letras, mas essas eu deixo a critério da imaginação ou do acervo de cada qual ouvinte. Uma curiosidade sobre a composição de “Sou uma Pedra” é que escrevi à distância em parceria da minha afilhada, a Maria Laura, ela tem dez anos de idade e já é super ligada nesse rolê musical, estuda violão e tem uma escaleta, adora desenho e poeminhas. Já participou inclusive como baterista da edição do Girls Rock Camp em 2018, que culminou com ela subindo ao palco (do famigerado Asteroid Bar em Sorocaba) com sua primeira banda formada só por garotas batizada -Luas de Marte- (beeeem psych) ela é o orgulho do Dindo!!

As faixas ‘Jogo de Interesses’ e ‘Sou Uma Pedra’ ganharam videoclipes produzidos durante o isolamento naquele esquemão DIY, trazendo diversos elementos que remetem às obras de David Lynch: as cores, estampas geométricas e o próprio recurso de time lapse que faz parecer que você está “dançando como um anão Lynchiano” rs. Nos fale sobre mais inspirações estéticas da D. Selvagi?

Esse cinemão experimental de vanguarda, ou filmes undergrounds de baixo orçamento (mas com ótimas atuações fotografia e roteiro) tudo que flerta com essa vertente guerrilha ou de autor me agrada demais, curto cineastas com diferentes vozes do mundo todo, dos mais antigos aos mais atuais, sou grande entusiasta e pesquiso / assisto muito. Amo o cinema marginal brasileiro que teve seu auge nos anos 60 / 70 é um acervo infinito de pura psicodelia e subversão imagética, e com o passar dos anos venho me deliciando assistindo todos que tenho o privilégio de cruzar, garimpar ou encontrar dando sopa em alguma plataforma da web (mesmo em festivais hoje todos online) ou quando era possível, em cinemas espalhados por aí. Animações de todo estilo me fascinam muito também, é uma pergunta que eu poderia me estender bastante. Sou muito fiel à estética do DIY e hoje em dia não faz muito sentido lançar um material inédito e contar apenas com o aspecto “aúdio” do mesmo, o visual tem que vir junto; a apreciação do produto definitivamente se eleva a um patamar que eu diria ser quase palpável. Ainda mais se tu se liga em sensações sinestésicas, bom, pelo menos em mim esse é um dos efeitos colaterais do audiovisual. O David Lynch é um dos que reina soberano (entre tantos e tantas) ainda mais sendo um cineasta estadunidense que rompe de maneira implacável com todo o glamour e fórmulas hollywoodianas, sempre atuando de uma maneira bem indie. Sou muito ligado também no processo que ele compartilha sobre meditação transcendental em prol da expansão criativa de cada indivíduo. Um verdadeiro mestre que curtimos humildemente invocar e/ou homenagear, uma persona de respeito e que adora entortar nossas cabecinhas juvenis com todo seu senso estético, cheio de mistérios e provocações nonsense. Um cara que assina todos os sound-design dos seus filmes e várias trilhas sonoras, poxa, máximo respeito e reverência.

veja o clipe de ‘Jogo de Interesses':

Pra fechar: você também acha que esse período de isolamento forçado tem aflorado sentimentos primitivos no coletivo?

Poxa, demais!! Foi como se voltássemos mesmo a viver dentro de cavernas, porém, hoje todas elas tecnologicamente munidas e equipadas de wifi, netflix, smartphones, kindles, pets, ifood, discos de vinil, alucinógenos e com sorte alguns instrumentos musicais. Os bichos dessa vez são bem menores se comparados aos Mamutes e Tigres Dente de Sabre… são vírus microscópicos e se camuflam com muito mais efetividade. Dizem que na real eles se escondem por detrás das máscaras, se alimentam de carniça gananciosa, da hipocrisia negacionista, do dízimo ou mesmo se esbaldam dos vermes da corrupção hahahah esses malditos seres que agora aqui habitam, cospem uma gosma infectada de mentiras num verdadeiro jogo de interesses. A revolta, o medo, os perdigotos e o primitivismo são inevitáveis mas é nesse momento que a resistência se faz presente através da arte, da poesia, da música… na eterna busca por tentar expor (por mais surreal ou estranho) o belo. O amor em contraponto ao horror do descaso egoísta, das queimadas, dos contágios, da banalização da morte ou do neo-fascismo disfarçado de conservadorismo. Divaguei um tanto, mas se você distinto leitor ou leitora que chegou até aqui, fica meu sincero agradecimento e espero que a música do D.Selvagi (e todas as outras que curte ouvir ou conhecer) lhe proporcione um pequeno e lisérgico alento para que assim possamos juntos transcender toda essa barbárie que nos aflige. Desejo toda força, iluminação, saúde e bom senso na caminhada de todes! Lembre-se sempre: nunca aceite uma má ideia.

***

D.Selvagi & His OneManGang was last modified: setembro 11th, 2020 by Joyce Guillarducci
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SOBRE

Joyce Guillarducci

Sou apaixonada por música, curiosa por natureza e adoro conhecer coisas novas - sem deixar de lado as antiguices do coração. Criei este espaço para compartilhar minhas descobertas com quem também cansou de ouvir sempre as mesmas bandas. Tem muita música boa acontecendo here, there & everywhere. Eu quero mais, cansei do mainstream

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