Really queen? Cantora paulista fala sobre sair do armário em novo videoclipe. Assista ‘Iron Closet’ + entrevista.
foto: Filipa Aurélio
No ano passado apresentei aqui o som da Tôrta, projeto solo da multi-artista paulista May Manão que também integra a banda Crime Caqui e tem usado as batidas do electro/synthpop para mediar assuntos como saúde mental e orientação sexual. Celebrando o mês do orgulho LGBTQIA+ a Tôrta lança hoje o single ‘Iron Closet’, canção que fala sobre se posicionar como lésbica com orgulho e irreverência e “é um convite aos preconceituosos para saírem de seus armários datados de ódio e preconceito e serem felizes”, como explica ela.
A nova faixa veio acompanhada de um videoclipe concebido e editado pela própria May: numa viagem permitida pelo chroma key que resgata aquela saudosa estética dos VHS/MTV dos anos 90, a cantora e convidadas dançam em diferentes paisagens pelo mundo, embaladas por camadas da belíssima voz da Tôrta entoando versos como “‘Cause I’m such a lesbian, I’m such a les, I’m such a lesbian, Full n’ proud”, e criando uma peça de resistência que é divertida, contagiante e, claro, super colorida 🌈
veja ‘Iron Closet':
Aproveitando o lançamento, conversei com a May sobre sua experiência de produção em formato solo, contexto do novo single e inspirações fora da música. Saiba também para qual lugar do universo ela levaria o som da Tôrta na realidade pós pandemia. Tá tudo aqui, vem ver:
May, você tem um histórico com bandas, e inclusive suas companheiras da Crime Caqui, onde você continua tocando atualmente, fizeram uma participação brilhante no clipe de ‘Iron Closet’. Como tem sido pra você essa experiência de produção em formato solo?
É uma experiência bastante desafiadora que começou inclusive antes mesmo da banda, quando em 2016 passei a estudar produção sozinha no computador. Tem sido uma jornada e tanto, muitos aprendizados e maturação de ideias. É profundamente valioso para mim ver que sou capaz de criar e realizar com autonomia, mas é bastante difícil dar conta de tudo sozinha. Por sorte no início tive muita ajuda de pessoas queridas que contribuíram com clipe e arte, a Renata Pegorer, o MF e a Samyra Oliveira.
A nova faixa ‘Iron Closet’ fala sobre sair do armário e assumir com orgulho sua identidade lésbica diante da sociedade conservadora que ainda é sim extremamente preconceituosa e que ganha ainda mais peso pelo discurso da nossa atual liderança política. Ela é um reflexo da sua própria vivência?
Na verdade o contexto no qual escrevi a canção tratava-se da eleição do Bolsonaro. Que representa uma ameaça a comunidade LGBTQIA+ pelo seu discurso de ódio exaltado pelos “fascistinhas”. Tanto que a música chamava Fascistinhas, mas optei trocar, visto o cenário atual. Ela é um convite aos preconceituosos para saírem de seus armários datados de ódio e preconceito e serem felizes. Seguiremos resistindo.
Você já comentou que é influenciada por produtoras e compositoras como a Björk, Austra, Grimes, Caterina Barbieri, etc, mas queria saber se tem outras referências fora da música que você traz para o seu trabalho como Tôrta.
Eu sou formada em audiovisual, inclusive atuo como videomaker e sempre que posso, procuro vincular à minha pesquisa e trabalho com a música. Além de ter o cinema e fotografia como inspiração, tenho me interessado bastante por generative art e experiências imersivas como VR.
Pra fechar: no novo clipe você viaja virtualmente por paisagens do mundo inteiro. Se na realidade pós pandemia você pudesse apresentar o som da Tôrta em qualquer lugar do mundo, pra onde você iria?
Nossa, tem que escolher só um? Acho muito difícil escolher entre tantas possibilidades. Queria chegar em todos os lugares, todas as culturas, sobretudo as mais opressoras! Se bem que, como ando desconfiada com esse vírus por aí, acho que se eu pudesse iria para Marte fazer uma transmissão em holograma. Assim eu poderia estar em mais lugares ao mesmo tempo. O futuro agora é online.
💜💙💚💛🧡❤️