De Conchita Wurst a música industrial: assista ao álbum visual ‘Fluido X’.
Recentemente tenho me interessado mais por música eletrônica (saudades de uma pistinha né minha filha), e a sorte é que faça chuva ou faça quarentena o estoque de produções do nicho segue abastecido – agradeço a todos os envolvidos pela graça sintética alcançada. Um desses é o Ian Veiga, artista multimídia conhecido na cena underground de SP por assumir teclas e vozes da Der Baum. Antes da banda, Ian morou na Alemanha atuando como artista plástico, ativista e músico. De volta ao Brasil desde 2009, ele tem usado o Studio Intrínseco localizado em sua casa no ABC Paulista para desenvolver trabalhos multi-facetados que incluem áudio, vídeo, moda, artes plásticas e expressão corporal.
O mais recente dele é o I.A.N.X, projeto vanguardista que conta com a companhia das “Ácido Blush” Fernanda Gamarano (guitarra), Priscilla Fernandes (baixo) e Camila Visentainer (bateria eletrônica/guitarra) e traz Ian (programações/teclas/vozes) explorando seu lado mais eletrônico num mergulho em influências do electropop, música industrial e afins. O resultado pode ser conferido nas batidas do disco ‘Fluido’, que oferece uma experiência ainda mais atraente acompanhado da mistura da paleta sóbria de cores com a ousadia dos cenários, figurinos e coreografias a la Bauhaus apresentadas na versão álbum visual ‘Fluido X’.
veja o álbum visual FLUIDO X:
Aproveitando os lançamentos, conversei com o Ian sobre a influência da vivência na Alemanha nesse projeto, referências estéticas, produção do álbum visual, sua relação com a dança e também atividades em casa que podem ter o ‘Fluido’ como trilha sonora, confere aqui:
Ian, nesse projeto você tem experimentado com referências de eletropop e música industrial, criando uma sonoridade que imagino tocando nos clubs de Berlim lá nos anos 70/80. Você diria que este projeto é o que mais reflete suas experiências vividas na Alemanha?
Com certeza, apesar de já curtir essa sonoridade industrial com elementos dos sons de Depeche Mode e Marylin Manson, definitivamente em Berlim foi quando eu pude ter contato de perto com esse universo eletrônico e me apaixonar pelas longas festas e loopings com muita potência.
A identidade visual do projeto também é super original, nos fale sobre as referências estéticas para ela.
Eu sempre estou pesquisando clipes e produção de artistas novos e me inspirei bastante nos últimos projetos visuais da Conchita Wurst, Grimes e FKA Twigs. Também alguns elementos dos Teaser da série “American Horror Story” e o novo material de vídeo do Weekend e lógico, muita Madonna.
Seu disco ‘Fluido’ foi lançado em formato de álbum visual onde música e vídeo tornam-se essencialmente complementares e depois de assisti-lo fica difícil destacar uma coisa da outra, curti muito essa experiência. Foi feito tudo naquele melhor esquema DIY que o nosso underground conhece bem né? Conta pra gente um pouco de como rolou a produção dos vídeos, figurinos, etc.
Uma coisa que eu sou apaixonado é fazer vídeos e pude experimentar bastante com o projeto Fluido. Sendo um projeto solo as decisões são tomadas rapidamente e experimentos acabam seguindo direções novas que viram ideias boas e fui assim criando bem fluidamente o material visual. Assim como o figurino, praticamente todo conceito foi criado em casa por mim. Usei o fundo preto e verde para diversas cenas e foi tudo bem improvisado. Para as musicas “Meus Olhos” e “Medo de Cor” tive o apoio do 74 Club onde filmamos e o Carlos Motta fez a câmera. A Priscilla Fernandes, Fernanda Gamarano e Flávio Lazzarin ajudaram também na produção. Além lógico da “Ácido Blush” Fernanda, Priscilla e Camila Visentainer que gravaram o instrumental comigo.
tem som do I.A.N.X no nosso set para web festas também:
Acho que essa foi a primeira vez que vi esse seu trabalho de expressão corporal, tá belíssimo. Nos fale sobre essa sua relação com a dança.
Minha relação com dança começou quando entrei no Teatro, tinha uns 16 anos. Me identifiquei muito com o Teatro Musical então iniciei estudos de dança e canto. Fiz um curso de Teatro Musical na Universidade de São Caetano do Sul, antigo IMES, onde me formei e me apresentei por três anos. Tive diversos workshops e ensaios focado em expressão corporal e canto. Dessas experiências sempre tentei manter a prática e aplicação dessas técnicas em meus projetos. Mas em Fluido me senti mais pronto e livre para expressar o corpo.
Pra fechar: para qual atividade em casa você recomenda o ‘Fluido’ como trilha sonora?
Acho que começando com uma faxina leve e acabando com uma ginástica básica. Obrigado pelo espaço e por ouvir o projeto S2
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