Easy Rider adoçado no mel: assista ao videoclipe de ‘Capotista’ + entrevista.
Asabelha faz o mel e osapicultor faz o som hehe. Tocando por aí desde 2007, os Apicultores Clandestinos veem de Rio do Sul/SC, e trazem um quê de mistério para a cena garage rock / surf music br, já que a clandestinidade de suas identidades estende-se para além do palco, sendo possível avistar os rostos de Mussum, Borto, Marroney e Mc’lane apenas em raras aparições quando eles se desvenciliam de suas vestimentas de “astronautas do campo”, que aliás são de verdade já que os quatro são apicultores real-oficial e produzem, inclusive, uma deliciosa pinga de mel que pode ser degustada em seus shows-abdução – falo com propriedade pois eu mesma já fui abduzida pelo combo pinga+fuzz deles por 2 vezes (não lembro de seus rostos, apenas de um zumbido e um forte cheiro de mel).
O quarteto traz na bagagem os discos ‘Parece Mas Não É’ (2008) e ‘Astronauta do Campo’ (2016), além de participações em diversas coletâneas, incluindo a ‘Brazilian Tsunami’ lançada esse ano que compila 63 bandas brasileiras da surf music, e segue agora com os trabalhos de estúdio soltando bomba dupla: viabilizado através do Prêmio Nodgi Pellizzetti de Incentivo à Cultura 2018, saiu essa semana o EP ‘Capotista’ com 4 faixas que exploram a versatilidade e irreverência do som dos Apicultores para dar novos ares a versões de hits do garage e também à produção de seus próprios originais, incluindo a faixa título do EP que estreia hoje um videoclipe bem na levada “easy rider adoçado no mel”:
Aproveitando os lançamentos conversei com o Apicultor Maclane sobre referências sonoras, novo EP e planos de abdução para São Paulo. Descubra ainda qual música deixa as abelhas profundamente irritadas e a opinião da banda sobre a questão da existência de mel em Marte:
O que veio primeiro: a música ou a apicultura?
Primeiro veio a música. A turma da banda é amiga há muitos anos. Começamos a tocar os instrumentos na mesma época. A apicultura veio depois.
As referências de garage e surf music são bem claras no som dos Apicultores, mas queria saber o que mais vocês costumam ouvir quando estão no apiário, e qual tipo de música deixa as abelhas profundamente irritadas?
Cada um escuta coisas muito diferentes. Bob Marley, Dead Kenedys, Los Pirata, Raulzito… É uma mistura. E disso sai o que acabamos tocando. A nossa música deixa as abelhas irritadas hahaha. Tivemos que parar de ensaiar perto das caixas de abelha. Coisas do campo…
E diferente do ‘Astronautas do Campo’ onde tinhamos alguns versos soltos aqui e ali, o EP ‘Capotista’ é composto por 4 temas completamente instrumentais. Hoje em dia vocês diriam que um zumbido vale mais que mil palavras?
Sim. A gente nunca teve muito isso de ter vocal na banda… sempre teve essa liberdade de colocar algo se achasse apropriado ou combinasse com o contexto do som. Nesse caso do EP respeitamos a proporção da natureza de 2 ouvidos e uma boca… Quetinhos, mas prestando uma atenção!
A faixa ‘Sem Privilégios’ é uma versão da banda Liss que também já foi regravada pelos Autoramas. Nas mãos de vocês ela ganhou uma levada mais reggae bem buena onda. Nos falem um pouco sobre o processo de criação dessa versão.
Esta faixa foi fruto de uma coletânea que participamos chamada Tributo a Nós Mesmos, idealizada por amigos aqui da cidade. A idéia foi ter um vinil com 4 bandas daqui – Homem Lixo, Liss, Costeletas e Apicultores – onde haveria 2 músicas de cada banda e uma terceira seria uma versão de alguma outra banda da coletânea. Assim nós fizemos esta versão da Liss e eles fizeram uma versão da nossa música ” Eu tenho uma camiseta escrito Eu já sabia”.
Um dos idealizadores da coletânea foi o Franck da Velvet discos. Ele conversou com a galera da Liss e decidiram escolher essa música pra gente regravar. Foi uma missão difícil pq já havia sido regravada pelo Autoramas.
Começamos a pensar e uma maneira diferente de tocar pra dar uma cara mais nossa. Assim logo veio a ideia de ser instrumental e consequentemente essa levada meio reggae. Foi um processo legal e a Coletânea ficou muito boa. Sempre levamos este disco na nossa banquinha nos shows pra vender.
Já os vi destilando som & pinga com mel no festival Cena Cerrado em Uberlândia e também esse ano no PicniK em Brasília. Vocês têm planos de abdução para a galera daqui de São Paulo?
Temos sim. Quando tocamos em Uberlândia, pretendíamos esticar em São Paulo o rolê. Acabamos tocando apenas em Ribeirão Preto na volta pois a agenda não permitiu. Pelas tocadas da vida ja conhecemos muitas bandas daí e fizemos bons amigos. Seria muito legal poder tocar e rever alguns deles.
Pra fechar, vocês acreditam que exista mel em Marte?
Eis a questão! se existir, não oxida devido a falta de oxigênio por lá.. deve ter sabor peculiar hahahaha
???