Confira os movimentos regulares do disco de estreia do quarteto + entrevista.
fotos: Yasmin Kalaf
Quem segue nossas redes sabe que a Applegate (aka applegatos) já é prata da casa, sou fãzona desses meninos e é sempre gratificante tê-los aqui no blog e tocando nas festas do Cansei. No início do ano pude acompanhar um pouco mais do processo de criação e execução do primeiro disco do quarteto, passando uma tarde lá no estúdio Wiro com eles e com o produtor Carlos Bechet da Orelha Muda, e vi de perto o tanto de suor e coração que Gil Mosolino, Rafael Penna, Vinícius Gouveia e Pedro Lacerda colocaram em seu finalmente lançado ‘Movimentos Regulares’.
Tendo como pano de fundo a dinâmica das relações interpessoais e do caos urbano, o disco passeia pelo psicodélico, pelo progressivo e pelo experimental em suas 9 faixas oficiais e 1 easter egg – veja que ouvindo os interlúdios ‘Partidas III’, ‘Memórias I’ e ‘Conversas II’ nessa ordem forma-se a 10ª faixa do álbum, uma espécie de glitch sonoro que funde colagens e instrumentais e dá mais uma amostra das possibilidades da música da Applegate.
ouça Movimentos Regulares:
Eu fiquei ouvindo esse disco e viajando na maionese sobre como seria vê-lo executado ao vivo acompanhado de umas paradas visuais mucho lokas sabe. Pois vai tá tendo: mês que vem a banda toca na nossa noite Feliz Ano Psicodélico da SIM São Paulo, mas antes disso, nessa sexta-feira, 15/11, AMANHÃ!!! eles lançam o disco num show no Unibes Cultural – mais infos no fim do post e vai ter promo pra ganhar ingressos no nosso insta stories, fica ligadon.
Aproveitando todo esse agito, conversei com os meninos sobre os movimentos regulares da sociedade contemporânea, referências estéticas e sonoras, novidades para os shows pós lançamento e como eles fazem para se manter regular em tempos tão irregulares, confira o papo aqui:
A premissa do disco se baseia no modo automático do cotidiano na metrópole, a forma como acabamos vivendo como zumbis corporativos, etc. Seriam estes os ‘Movimentos Regulares’ da sociedade contemporânea?
Rafael: Justamente! Todos nós de alguma forma vivemos os temas discutidos no disco e mesmo que as músicas possam retratar momentos pessoais, eles são abrangentes nesse sentido, eventualmente a cidade nos engole! Podemos encarar a Applegate como uma das escapatórias desse looping diário. É claro que inevitavelmente devemos nos submeter a uma rotina, pelo mundo que vivemos, mas o equilibro é essencial e eu acredito que esse é o pensamento final sobre o conceito do disco.
Lembro que em nossa última conversa vocês mencionaram Pink Floyd mais como uma referência estética, no lance de se vestir de branco, das projeções e tal. Ouvindo a versão final do disco agora senti uma onda floydiana nas experimentações sonoras também. Essa foi uma referência consciente na concepção das faixas?
Vinícius: Todos da banda já ouviram muito Pink Floyd e com certeza se influenciaram de alguma forma, seja pelas guitarras melódicas do Gilmour, pelos momentos de experimentalismo ou até os assuntos abordados nas composições. Acredito que o Pink Floyd é um dos grandes pilares de referência pra qualquer um que transita dentre o rock progressivo ou psicodélico, mas levando em conta que na época de composição do disco todos nós estávamos buscando novas sonoridades, acho que não foi exatamente uma referência consciente, mas sim reflexo de algo que está na bagagem musical de todos nós.
A faixa ‘Traços’ é belíssima e achei que está bem posicionada no disco, como que uma pausa para retomada de fôlego na loucura da metrópole. A composição é do Pedro, certo? Nos fale um pouco sobre as inspirações para ela?
Pedro: Sim! A composição é minha, compus ela pensando sobre um dia gostoso que tive no ano passado, juntamente a algumas crises de ansiedade causadas por expectativas… aquela coisa que todo mundo passa. Não gosto de explicar muito do que se trata a música em geral, gosto que cada pessoa ache seu significado pra ela, para mim a partir do momento que lançada já não é mais minha, mas sim de todos, vou deixar no ar! hahaha
Também curti o lance do disco em looping, cairia bem num vinilzinho né? Pretendem lançar mídia física do ‘Movimentos Regulares’?
Gil: É um grande desejo da banda inteira, porém custa muito caro a prensagem do disco, tanto em CD quanto vinil, então por enquanto não temos planos para isso. Porém se algum dia aparecer alguma “record” ou selo querendo prensar nosso álbum… estamos aí, né? hahaha
E vocês já vinham tocando algumas das faixas do disco nos shows – lembro das dancinhas do Gil na intro de =iguais= por exemplo rs. Quais novidades podemos esperar para os shows pós lançamento?
Gil: HAHAHAHA o espírito dançante do álbum como um todo com certeza estará em nosso show de estreia! Nesse show, além de contar com uma equipe audiovisual para tornar o show mais bonito, iremos tocar as musicas pela primeira vez com os samples que rolam no álbum. Será um show com sangue nos olhos, afinal é o lançamento de nosso primeiro álbum. Espero além de me ver dançando as músicas, ver todos dançando juntos!
ei ei ei em dezembro eles tocam em mais uma festa do cansei!
Pra fechar, como se manter regular em tempos tão irregulares?
Rafael: Essa é a maior dificuldade da vida… Bom, nós estamos dedicando nossa vida para aquilo que acreditamos, então acho que essa é uma opção.
Gil: Acredito que isso só é possível quando encontramos alguma coisa que nos motive a continuar vivendo nesse sistema. Procurar algo que realmente te importa e que você acredita, mesmo no meio do caos, temos que acreditar em algo.
Vinícius: Acho que se rodear de coisas e pessoas que te fortalecem e ajudam na caminhada torna a vida menos exaustiva. Encontrar hobbies e atividades que ajudam a lidar com o stress do dia a dia também ajuda a manter a cabeça no lugar!
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SERVIÇO:
Trabalho Sujo apresenta: Applegate lança ‘Movimentos Regulares’
Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2500 (ao lado do metrô Sumaré)
15/11 – 19h
Duração: 90 minutos / lotação: 283 lugares
Ingressos online e na bilheteria: 30 reais / inteira – 15 reais / meia