Sobre mamutes e guitarras: confira o rock’n’roll da banda paulista + entrevista.
Digo que quem é saudosista mas ainda curte uma novidade anda muito bem fornecido pela cena independente brasileira: nomes como Venus Wave, Hammerhead Blues e Necro evocam toda aquela aura da Bay Area da São Francisco dos anos 60 com a vantagem de estarem acontecendo aqui & agora – algumas delas inclusive cantando em português. Esse é o caso da Mamamute, banda paulista nascida em 2016 através de “sons e palavras que atingem a alma com a sutileza de um trovão”.
Com uma recente mudança de vocalista, a Mamamute hoje é formada por Biel Astolfi (vocais), Ronaldo Aguiar (guitarra, vocais), Caio Pamplona (baixo, vocais) e Thiago Vilela (bateria, vocais). Fazendo uma alquimia de ritmos brasileiros, blues, jazz e do bom e velho rock’n’roll, o quarteto traz na bagagem o disco ‘Cinza Concreto’ (2018) e mais alguns singles, sendo que o último deles, ‘Horas Vazias’ (2019), marcou a estreia de Biel que já chegou mostrando que tem energia de sobra pra carregar esse mamute no gogó.
ouça ‘horas vazias':
Quem já viu alguma das performances da banda por esse brasilzão diz que a full experience Mamamute tem que ser vivida ao vivo e a cores mesmo, e é aí que vem a boa: hoje eles fazem a noite do FFFront com a Rei Pelicano + pistinha das Cavaleiras do Apocalipse (yo!). Aproveitando o rolé conversei com a banda sobre inspirações contemporâneas, nova formação e turnê na Bahia. Descubra ainda o que acontece quando um mamute e um pelicano entram num bar, tá tudo aqui:
Ouvindo o som da Mamamute dá pra sentir aquela vibe hard rock que remete aos 60s/70s e aos áureos tempos de nomes como Led Zeppelin, Deep Purple, etc, mas gostaria de saber o que vocês citariam como inspirações e referências mais contemporâneas da banda.
É. Essa referência aos anos 60/70 acontece muito e talvez seja pela liberdade musical que rola ao vivo. Mas a real é que a gente escuta de tudo! Em uma viagem longa a gente pode começar ouvindo discos dos Beatles, Zimbo Trio, Elis, Allman Brothers, Os Mutantes, Johnny Winter, Led Zeppelin, Ray Charles, Herbie Hancock até chegar em sons mais contemporâneos como Tool, Sepultura, Audioslave, Meshuggah, Arismar do Espírito Santo, Jacob Collier, Them Crooked Vultures, Doyle Bramhall, etc.
No mês passado saiu o single ‘Horas Vazias’ provando que a visceralidade da banda continua a toda com a nova formação. Temos spoilers do que mais está por vir?
Com certeza. Estes novos singles que serão lançados nesses próximos meses ainda fazem parte da atmosfera do primeiro disco Cinza Concreto, mas já com uma roupagem um pouco diferente e com uma abordagem melódica que ainda remete ao rock de modo geral. Já estamos na fase nova de composição, de quem sabe um próximo disco, aí sim já partindo pra um caminho completamente diferente do primeiro disco. Pra quem curtiu a mudança dessa nova formação, acreditamos que as pessoas vão curtir bastante a nova sonoridade daqui pra frente.
ouça ‘cinza concreto':
Vocês acabaram de voltar de uma turnê na Bahia e imagino que a recepção do público por lá seja no mínimo “calorosa” rs. Alguma história interessante de tour para compartilhar?
A Bahia tem sempre uma energia muito forte e assim que chegamos la, percebemos. Nessa segunda passagem da banda por la a recepção foi ainda mais vibrante, nos palcos e fora deles. Perrengues aconteceram, furamos 2 pneus as 2:00 da manhã numa estrada (péssima) longe de tudo, inclusive das redes dos celulares, e ficamos três horas pedindo ajuda. Lá pelas tantas estávamos num hotel que era “show de bola” (o recepcionista falava isso bastante, haha) antes do destino, mas vivos! Momentos célebres também rolaram, como tocar na Cervejaria Sertões pra umas 100 pessoas em plena Segunda Feira. Conhecer a galera do “Clube dos Bons Sons” em Salvador, Tocar pra galera da Uneb e Casa da Mãe, essa que inclusive conhecemos músicos que gravaram com Caetano, Timbalada e afins e pudemos trocar “energias”, como eles dizem, tocando num sarau pós show. Estar perto das pessoas que ja conheciamos em Barreiras também foi uma ótima parte da Turnê, tocar pra quem acompanha a banda desde a primeira ida. Nosso stories no Instagram dão mais detalhes sobre todo o panorama que foi a turnê “Cinza Concreto PT. II”.
Pra fechar: um mamute e um pelicano entram num bar…
… era uma sexta-feira na noite paulistana, fazia muito calor e então eles decidiram pedir um litrão para refrescar. Trocaram uma longa ideia sobre música e outras coisas boas da vida. Após um tempo decidiram sair do bar para fazer um som. Não se sabe ao certo para onde eles foram, mas chegaram em um lugar que transbordava música e todos que chegavam podiam participar também. Foram horas seguidas de música até o sol nascer. Após passarem a noite em claro, cada um foi para o seu canto com os ânimos renovados e com a simples certeza de que a música tudo cura.
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SERVIÇO:
Rei Pelicano e Mamamute no FFFront
30 de agosto / 20h
FFFront – Rua Purpurina, 199
$10