Inscrições para a segunda fase do projeto estão abertas! Saiba mais + entrevista com a produtora Monica Agena.
Hey você! Você sabia que nos últimos anos o número de artistas do gênero feminino nos lines dos maiores festivais de música do planeta somam 19% e só 10,4% dos indicados ao Grammy? E que quando olhamos para papéis mais técnicos esses números são ainda piores? Hoje apenas 2,1% dos produtores musicais do mundo são mulheres. Osso né.
Visando aumentar a representatividade feminina nessas estatísticas, o Spotify Brasil criou a Casa de Música Escuta as Minas, espaço amor demais feito POR e PARA mulheres que abriga estúdio de gravação, sala de mixagem, equipe técnica e toda uma rede pra promover a troca entre artistas em ascensão com produtoras que já conquistaram espaço no mercado – bem no esquema uma sobe e puxa a outra.
Na primeira fase do projeto foram selecionadas 12 artistas e 6 produtoras, que já estão trabalhando hard na criação de material na base da paulera mesmo: cada artista tem uma semana disponível na casa, com estúdio e equipe disponíveis e a missão de sair de lá com um som inédito gravado debaixo do braço. Um gostinho do que tá saindo desse corre foi apresentado na verdadeira CELEBRAÇÃO (palavras da Mahmundi) que foi a audição das primeiras quatro criações do Escuta as Minas, de onde sai completamente fascinada e inspirada pelo trabalho primoroso dessas mulheres, e também pela abrangência e diversidade das artistas selecionadas. Só nessa primeira leva o projeto passa pela ferocidade das rimas e beats da Souto MC e da Bibi Caetano, produzidas pela Mayra Maldjian, pelos coices (é um elogio) do garage rock das The Mönic e pela sofrência do hit sertanejo da Luana Marques, produzidas pela Monica Agena. As masters e mixagens ficaram por conta de Katia Dotto e Florencia Saravia-Akamine, e de quebra ainda rolou audição exclusiva e comentada de som novo da Negra Li, uma das madrinhas do projeto.
‘Ressurreição’ da Souto MC é o primeiro fruto da Casa de Música Escuta as Minas:
E daí que o que é bom pode ficar melhor e o Escuta as Minas acabou de abrir inscrições para a segunda fase, onde mais 12 artistas serão selecionadas para gravar um single & se jogar na banheira de bolinhas da casa, tudo na conta do Spotify. Atenção para os critérios e manda bala até dia 28/08 AQUI:
- É preciso se identificar com o gênero feminino;
- Morar na Grande São Paulo;
- Ser artista solo ou uma banda;
- Ser artista ou banda em começo de carreira;
- Ter um trabalho autoral (ter pelo menos uma música de composição própria);
- Ter uma semana para se dedicar ao projeto e às gravações dentro da casa (de segunda a sexta das 10h às 17h – dias a definir).
Aproveitando todo esse agito, conversei com a Monica Agena, que além de produtora é cantora, compositora, guitarrista e frontwoman suprema da banda Moxine. Nesse papo falamos sobre sua trajetória na área de produção musical, experiência no projeto Escuta as Minas, planos futuros da Moxine e dicas para mulheres que estão ingressando em áreas técnicas no mercado da música, confira tudo aqui:
Monica, antes do projeto Escuta As Minas eu estava familiarizada com seu papel de musicista a frente da Moxine, porém confesso que desconhecia o trabalho com produção musical. Nos fale um pouco sobre os caminhos que te levaram a esta posição.
É algo recente mesmo, eu desenvolvi essa habilidade de produzir por conta das necessidades do Moxine e pela falta de recursos pra produzir um álbum pelas vias tradicionais, pagando produtor e diárias de estúdio. Com o tempo as amigas e amigos foram pedindo ajuda pra gravar e organizar as idéias, além disso também produzo trilhas para documentários e publicidade, esse know-how, apesar de ser uma outra intersecção da música, ajuda bastante na hora de apresentar soluções pros artistas.
E para o projeto você produziu as The Monic que tem aquela pegada garage rock, e também a sertaneja Luana Marques que se distancia mais do tipo de som da Moxine. Você falou no bate papo lá na Casa Spotify que além de diferenças estéticas com o rock, o estilo da Luana exige técnicas de gravação dedicadas etc… fazer esse trabalho exigiu de você uma fuga da zona de conforto?
Eu tive que pesquisar muito sobre os dois estilos pra que eu soubesse como conduzir todo o processo. Os caminhos de produção da The Monic foram completamente diferentes dos da Luana Marques. Acho que o trabalho da produtora musical não se resume apenas às técnicas de gravação, precisamos saber administrar bem as ferramentas do artista. Parafraseando a Mahmundi, que também participa do projeto como produtora, o sucesso de uma produção ta muito relacionado com a curadoria, saber exatamente quem chamar pra entregar os resultados que o artista está visualizando, convidar as pessoas certas pra compor essa esfera, desde o auxiliar do estúdio, musicistas que vão gravar, até quem vai masterizar.
Como engenheira de automação, sei por experiência própria da resistência que ainda existe em relação a mulheres executando funções mais técnicas. Este também é um desafio dentro do seu trabalho como produtora?
Sim, um desafio em todos os setores, como guitarrista/instrumentista, como artista e como produtora também. Interessante você comentar sobre mulheres executando funções mais técnicas, pois eu conheço poucas mulheres assinando mixagem e masterização, conheço a Alejandra Luciani, Katia Dotto e Florencia Akamine, absurdamente muito pouco quando vamos listar a quantidade de homens atuando nesse mesmo setor. Para uma produtora e produtor, mais conhecimento técnico representa mais autonomia para atingir uma determinada estética e definir os processos da produção.
Sobre a Moxine agora, podemos esperar novidades para breve?
Moxine deu um respiro nesse primeiro semestre, mas tá vindo single explorando novas estéticas e com uma estrutura nova nos bastidores, produtoras e empresárias.
ouça Moxine:
Pra fechar: dica número 1 para mulheres que estão ingressando em áreas técnicas no mercado da música?
Cerque-se de pessoas que querem compartilhar conhecimento e realmente te ver crescer. As áreas técnicas são minuciosas, por isso não pule os processos, a base deve ser bem estruturada, desde saber como o som é produzido em cada instrumento, como percorrem pelos cabos, se decodificam para as nossas DAWS e se reproduzem nos falantes desse mundão.
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