Trio candango lança seu debut no festival PicniK em Brasília. Saiba mais aqui + entrevista.
foto: Danielle Nunes
Já tem 2 anos que Brasília se tornou um de meus epicentros culturas favoritos. Lembro disso pois foi amor à primeira aterrissagem – que na verdade foi uma descida do busão, lá em 2017. Desde então a anual “peregrinação musical” ao DF virou tradição e mês que vem estarei lá para acompanhar mais um PicniK, aquele festival que também é feira & parque & centro de conversas & child friendly & dog friendly & tudo friendly, e que já tem data e local para a próxima edição – infos em primeira mão ôloko meo: o evento acontece nos dias 10 e 11 de agosto no Memorial dos Povos Indígenas, trazendo um line-up que ainda é secreto mas que está lindeza demais (eu já se-ei).
Dois dos grandes responsáveis pela movimentação da cena independente da cidade são os agitadores culturais Miguel Galvão e Gustavo Halfeld, que além de produzir o festival também rodam o selo Quadrado Mágico, que por sua vez tem lançado algumas das brisas mais doidas das brasilidades contemporâneas. Uma delas tá bem quentinha aqui na nossa mão e chama-se ‘Abissal’, disco de estreia da Azura.
ouça Abissal:
Formada por Bruno Moreira (guitarra e sussurros), Douglas Bouret (baixos e sussurros) e Lucas Fraga (bateria e tempo), a Azura foi originalmente concebida como Toy Fungus em uma noite de domingo, e ressurgiu antes mesmo de surgir. O trio apresenta agora seu debut num jogo de texturas e camadas que fundem shoegaze e psicodelia, quietude e euforia, conforto e confusão. Essa alquimia promete ser ainda mais explosiva ao vivo e não haveria melhor palco para apresentá-la do que o próprio PicniK – fica aí mais esse spoiler, vai ter lançamento do ‘Abissal’ no festival!
Aproveitando toda essa novidade conversei com a banda sobre o disco, cinema B, show no PicniK, cena brasiliense e o quê o grande pelicano do destino reserva para o futuro da Azura, descubra aqui:
O nome da banda faz referência ao filme malásio ‘Azura’ de 1984, correto? O cinema B é uma fonte de inspiração frequente para vocês?
Bruno: Adoramos o cinema B! Porém o nome não faz referência ao filme malásio, sabemos da existência dele porque vimos depois que existia um filme com o nome da nossa banda. Eu gosto demais quando a banda faz referência a filmes, mas a escolha do nosso nome foi por que achamos que Azura é um nome bonito, o nome soa bem, o som do z e do r e achamos o nome delicado, além de a pesquisa nos remeter a vários significados. Então, no momento, achávamos que era o nome perfeito e ainda somos muitíssimo felizes com a escolha.
Hoje vocês estão lançando o debut ‘Abissal’, um disco onde os temas instrumentais imperam e os vocais estão aqui e ali como mais uma camada, um instrumento em meio aos demais. Sinto que essa combinação faz com que a música fique mais “interativa”, mais aberta às interpretações do ouvinte, vocês concordam?
Douglas: Sim, com certeza. A música instrumental está aberta a vivência de cada ouvinte. A música pode ser composta com um tema “romântico”, por exemplo, devido a uma memória do indivíduo ele recebe essas frequências e progressões de uma forma mais reflexiva, é tudo muito subjetivo e é nisso que consiste a beleza desse sentimento. Não ter uma letra explícita nos permite conectar mais profundamente com quem está ouvindo!
O disco está sendo lançado e distribuído pelo Quadrado Mágico, como rolou esse contato com o selo?
Bruno: Eu já conhecia o Miguel por conta do Picnik, nosso contato começou quando ele chamou uma banda antiga minha pra tocar no evento. O selo foi crescendo e lançando cada vez mais artistas então, vimos a possibilidade de integrar o cast do selo se gravássemos um material que tivesse qualidade o suficiente pro selo. Até a banda se estabilizar com a formação e gravar o disco foram 1 ano e meio e quando o disco já estava tomando forma, vimos que o resultado estava bem profissional então decidi mandar pro selo e felizmente foi aprovado. Nos influenciamos por muitas bandas que lançam pelo selo e estamos felizes demais por concretizar esse lançamento da melhor forma possível. O “Abissal” está sendo uma fase muito marcante na vida de cada um. É uma obra construída por nós com muito afeto e é muito bom poder lançar por um selo em que outras pessoas dão tanto valor quanto nós.
E o ‘Abissal’ será apresentado ao vivão no festival PicniK mês que vem, já estou ansiosa pra ver isso! Em apenas uma palavra, o que podemos esperar desse show?
Todos: Imersivo.
A cena brasiliense anda efervescente e achei legal que no release vocês mencionam os conterrâneos da Bolhazul como uma de suas referências. Em termos de artistas, lugares, pessoas, etc, o que vocês indicam de mais quente pra quem está conhecendo agora o lado musical de Brasília?
Douglas: Relacionado às bandas, podemos listar várias que já se passaram por nossa trajetória como músicos, bandas de amigos, bandas de pessoas que se tornaram amigas e algumas às quais admiramos muitos como: Transquarto, Aiure, Rios Voadores, Almirante Shiva, Joe Silhueta, Never Look back, Verdades de Anabela, Marsalla, Escolta, Allan Massay, Sunflower Jam, A Engrenagem, Aura Quartzo, Última Quimera, Palamar, Laika, Aurora Vênus, Breu e Tynkato vs o baixo astral.
Para locais, gostamos muito do N27, Canteiro Central (Fábrica de bandas) e Zepelim, que sempre foram lugares que abriram as portas não só para nós, mas para várias bandas autorais da cidade. Fora eles existem ótimos locais como: Criolina, Corina, Ragnarock, Isso aqui é DF, dentre outros espaços que sempre estiveram de portas abertas para eventos autorais.
Além das casas de shows e bandas, não podemos deixar de citar os fotógrafos que fazem trabalhos maravilhosos como: Jimmy Lima, Novak, João Gabriel e também a fotógrafa que fez nosso ensaio, Danielle Nunes.
E lógico que não poderíamos esquecer do designer que ajudou a fazer o “Abissal” ganhar vida, Guilherme Nomura, que também toca na Palamar, banda que sempre recomendamos e já tivemos o prazer de nos apresentar juntos algumas vezes.
Para fechar: o que o grande pelicano do destino reserva para o futuro da Azura?
Bruno: Difícil demais dizer, haha. Uma das coisas com que mais penso é no que pode acontecer no futuro. Engraçado que esse “Pelicano gigante chamado Destino” foi pensado justamente em momentos em que tudo parece sereno e simplesmente a situação muda. Surpreendentemente o Pelicano do destino está trazendo muitos frutos bons para nós ultimamente. Todo o esforço que tivemos, todo o tempo que passamos compondo e ensaiando para as músicas ficarem nos trinques está sendo valorizado agora e estamos nos sentindo cada vez mais gratos a cada show da banda, tanto por nós, que estamos ganhando cada vez mais experiência, quanto pela aceitação das pessoas. A experiência está sendo irada e espero que o futuro nos reserve coisas cada vez melhores e mais aprendizados para a nossa trajetória.
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