Estamos em queda: confira o disco de estreia dos mineiros + entrevista + playlist.
foto: Gabriel Almeida
Estamos em queda, em vertigem, e essa decadência latente foi justamente a força motriz que impulsionou o ‘Queda’, disco de estreia dos Mineiros da Lua. A banda de Belo Horizonte/MG é formada por Diego Dutra (baixo), Elias Sadala (guitarra), Haroldo Bontempo (guitarra) e Jovi Depiné (bateria) e vem desde 2017 moldando experimentações sonoras que misturam rock, psicodelia e post-punk, e que podem ser conferidas no EP ‘Turbulência’ (2017) e agora também no full ‘Queda’ (2019).
ouça ‘Queda':
Emprestando de elementos lúdicos e teatrais, a jornada dos nossos heróis mineiros está impressa nos três atos e nove faixas de ‘Queda’, e narra através do olhar do quarteto a trajetória de declínio social, político, econômico e humano que nos parece inevitável. Sem desespero pois ainda há esperança – uma dica: escute o disco até o final!
Pra quem ficou afim de ver a queda dos mineiros da lua ao vivo e em preto, branco e vermelho, digo que nesse sábado tem show deles em SP yey! (+ infos no fim do post). Aproveitando a visita conversei com a banda sobre amadurecimento musical, relação do ‘Queda’ com a situação política mundial, retorno às raízes mineiras e show em SP. Também tem playlist com as mais preciosas pepitas encontradas durante as mineirações do quarteto pela cena br, confere aqui:
Apesar de ainda brincar com estilos e texturas diversas, sinto que o ‘Queda’ é menos experimental do que o ‘Turbulência’ e encaro isso de forma positiva, como sinal de que entre os dois trabalhos os Mineiros encontraram uma personalidade musical mais sólida, vocês concordam?
Concordamos. O turbulência, além de falar sobre transição, foi uma transição pra gente. O EP foi nossa primeira experiência compondo em conjunto. Individualmente também, mudamos muito, crescemos. O que é análogo, uma vez que vamos construindo, juntos, uma identidade Mineiros da Lua, que é um pouco de nós quatro o tempo todo. Quanto mais a gente toca junto, mais a gente se acostuma um ao outro e a esse processo. Turbulência foi o registro de experiências enquanto o Queda é uma identidade “Mineiros da Lua” bem mais refinada.
Além das cores que compões a arte da capa, o próprio nome do disco me soa como uma referência ao filme ‘A Queda’ que retrata o declínio do 3º Reich. Vocês diriam que o uso desses símbolos se relaciona de alguma forma com a atual situação política do Brasil e do mundo?
Com certeza. A gente se atentou muito aos processos que o país e o mundo vem passando e a toda essa queda simbólica que vivemos, entrando numa espécie de inconsciente coletivo com nosso tempo. Porém, analisamos por uma ótica bem mais emocional e interna. Colocando esses pontos como empecilhos na jornada de se tornar um indivíduo, e que nos distancia da posição de agente ativo na situação. Alguns aspectos nós abordamos diretamente nas letras, como alienação, culto a meritocracia, vaidade exacerbada, entre outros, que configuram bem a conjuntura brasileira atual.
Em contraste ao tom mais soturno presente no decorrer do disco, fechando ‘Queda’ temos o sopro de doçura e simplicidade de ‘Minas Gerais’. Seria essa faixa uma representação do retorno do Mineiros às suas raízes, à sua casa, etc?
Sim! Exatamente! A estrutura do álbum em três atos é uma referência à estrutura clássica do teatro, que nós tomamos a liberdade de analisar sob a ótica de “A Jornada do Herói”, de Joseph Campbell. Minas Gerais é o momento dessa jornada de individuação onde o “herói” retorna pra casa depois de ter passado pelos mais profundos desafios, e isso transforma ele. Ele sentiu o gosto da morte, e consegue voltar ao seu lugar de origem com uma nova perspectiva sobre o mundo.
No próximo sábado vocês tocam no Breve, será a primeira vez da banda em SP? O que podemos esperar desse show?
É sim, nossa primeira vez em SP, e estamos muito animados com a oportunidade. Tocar em SP é um sonho que sempre existiu pra gente, e agora com o álbum estamos dando os primeiros passos pra uma atuação nacional. São Paulo tem toda uma carga simbólica né, é uma cidade muito jovem, muito movimentada. Quem comparecer pode esperar o álbum Queda na íntegra, mais as melhores músicas do Turbulência (com algumas ideias atualizadas pra nova estética) e uma música ou outra nunca lançada antes. Pra quem não conhece a banda, resumimos em: quebradeira!
Pra fechar: maiores jóias da música brasileira que vocês já descobriram durante suas minerações lunares?
Melhor do que falar é mostrar né!!! Assim, os mineiros montaram uma playlist com suas pepitas favoritas da cena br, segura aí:
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SERVIÇO:
Mineiros • Quasar • Lar no Breve | Lançamento QUEDA em SP
13 de julho / 19h
Breve – Rua Clélia, 470
$15