Pega o mochilão e vem passear no ‘Wanderlust’, novo disco da banda alagoana + entrevista.
foto: Lucas Nóbrega
Misture 200ml de indie rock com 2 bolas de sorvete psicodélico, algumas pitadas de garage e dream pop pra dar um brilho. Ah, e morangos, não esqueça dos morangos (strawberry fields forever). Bata tudo no liquidificador. SIRVA GELADO. Essa é a receitinha cremosa para fazer os Milkshakes, banda de Maceió/AL formada por Duda Bertho, Fellipe Pereira, Lucas Mello, Robson Cavalcante e Jõao Lamenha.
Estreando o novíssimo selo alagoano Máquina Voadora, o quinteto acabou de lançar o ‘Wanderlust’, disco quem vem dar sequência ao trabalho começado lá em 2015 com o ‘Technicolor’, e que mistura tudo isso que mencionei para criar uma vibe neo-psicodélica ensolarada que me fez pensar num encontro entre Tame Impala + Temples + Glue Trip (amo).
ouça Wanderlust:
Aproveitando o lançamento, conversei com o Duda e com o Fellipe sobre o novo disco, contato com a Máquina Voadora, influências (tem playlist!!!), cena de Maceió e roteiro dos sonhos para espalhar a palavra dos Milkshakes, confere aqui:
O ‘Wanderlust’ está sendo lançado pelo novíssimo selo Máquina Voadora. Como rolou esse contato entre vocês?
Fellipe: Rolou naturalmente porque todo mundo é amigo e participa do mesmo rolê. A idéia do Máquina é juntar a galera que já fazia os eventos juntos, que já tocava um nos discos dos outros pra trabalhar junto, cada um somando com o que sabe fazer bem. Dessa forma a gente consegue entregar um material muito melhor pras pessoas.
A idéia é fugir um pouco desse conceito vazio de cena, que as bandas se ajudam por se ajudar, e acaba que ninguém se ajuda de verdade. A gente acredita que devemos trabalhar e nos juntar com as pessoas que a gente ama, que amam nosso trabalho e fazem tudo por amor. Se não tiver verdade nesse processo não tem como dar minimamente certo.
Apesar da atmosfera lisérgica e colorida ainda presente, podemos dizer que o ‘Wanderlust’ é um trabalho mais sóbrio que seu antecessor ‘Technicolor’. O que mudou nesses 4 anos para vocês?
Duda: O Technicolor veio de composições de quando eu ainda era muito novo, de 2012 a 2015, e isso o ajuda a ser mais upbeat e colorido, até pelo contexto estético da Milkshakes no início. Muitas composições de Wanderlust não partiram de uma ideia de ser Milkshakes. Essas músicas vieram num período de dúvida e transição, e as demos foram chegando ao Fellipe e maturando naturalmente e criando uma identidade. Se fala muito em explorar outros lugares, sejam eles físicos ou sonoros, possui alguns moods, e traduz bem essa fase de início de vida adulta, que não existe certo ou errado, mas sim explorar e tentar se encontrar.
a faixa Summer ganhou videoclipe bem nostálgico e buena onda:
Sinto no som de vocês a mesma vibe de nomes queridinhos da neo-psicodelia como Temples e Pond, porém com um temperinho brasileiro. O que vocês citariam como referências sonoras dos Milkshakes?
Fellipe: Apesar do Wanderlust ser claramente um disco Indie e de Rock Psicodélico, durante o processo de gravação eu e Duda estávamos muito pirados em vários discos de R&B e Hip Hop, principalmente o Blond do Frank Ocean, o DAMN do Krendrick Lamar e quase tudo do Tyler the Creator. Isso influenciou bastante em várias decisões estéticas do disco.
Nessa época também comecei a ouvir várias coisas de Lo-fi Hip Hop através do Elizeu (l z u, que também fez a capa do disco) e também redescobri o Pet Sounds dos Beach Boys que foi um ponto de virada total pra esse trabalho, talvez o disco mais importante de referência, pelo menos pra mim.
O resto todo mundo já sabe: Tame impala pra caramba, Homeshake ouvimos até pocar os fones, Bon Iver, DIIV, por aí vai…
ouça playlistinha de influências do disco:
Como anda a cena indie aí em Maceió?
Fellipe: É difícil dizer, porque parece que Maceió ainda respira muito do Hardcore e Punk Rock. Mas acredito que a cena indie esteja crescendo, mesmo que devagar.
Se eu fosse citar alguns nomes, seriam a azul azul, que é uma outra banda minha junto com os meninos do Máquina, tem a Sarah Pinheiro que lançou um Ep muito bom esse ano, chamado ‘Maybe’ e a Elis Coelho, que não lançou nada (ainda) mas estamos produzindo um disco juntos e sairá esse ano também.
Pra fechar: seguindo essa ideia de ‘Wanderlust’, qual seria o roteiro dos sonhos de lugares que vocês gostariam de explorar e espalhar a palavra dos Milkshakes?
Duda: Existem muitos lugares que gostaríamos de conhecer. Eu morei na Austrália por mais de um ano e vi a cena musical de lá de muito perto, mas não cheguei a fazer um show da Milkshakes e acho que isso ficou um pouco preso na minha garganta. Tenho muita vontade de levar essas músicas ao mundo, então num primeiro momento eu gostaria de ver “Wanderlust” chegando nos fones de ouvidos das pessoas ao redor do mundo, e se isso de alguma forma fizer sentido pra elas, será como se estivéssemos em vários lugares ao mesmo tempo. Falando em shows, uma turnê pelo Brasil seria o primeiro passo… depois, quem sabe?
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