De olho nas tendências: confira o videoclipe vertical de ‘Saudade Só Existe no Brasil’ + entrevista.
foto Evely Cardoso.
Muitos de vocês devem conhecer a Persie da night paulista & como vocalista da infamemente chamada Groupies do Papa. Poucos talvez saibam qua a baiana radicada em SP também toca um projeto solo que esse ano deu as caras ao mundo através do EP ‘Índigo’
Produzido pela própria Persie de forma totalmente independente, ‘Índigo’ é um trabalho sensível e delicado sem ser pegajoso. É um passeio de 16 minutos pelo centro de São Paulo parando aqui e ali pra tomar uma, compartilhar crônicas etílicas, falar sobre amizade, saudade, mudanças e crescimento, tudo embalado por sonoridades do dreampop e synthpop e sempre observando as cores ao seu redor – seja o rosa-azul-lilás do céu de fim de tarde ou o azul royal da caneta bic que anota o pedido no boteco. Recomendo ouvir hoje na saída do trabalho pra dar uma respirada em meio ao caos urbano (aproveita e chama aquele migo que você não vê há tempos pra tomar uma).
ouça Índigo:
E dando sequência aos trabalhos, hoje ela lança um videoclipe para a faixa ‘Saudade Só Existe no Brasil’. Filmada em Chroma Key e dirigida por Fernando Ventura com apoio da apoio da ASA produtora, a novidade dessa peça é que ela vem no formato considerado errado para 9 a cada 10 cineastas (Tim Burton no entanto aprova): “nada mais moderno e atual que o vídeo vertical, com o boom dos Smart Phones a vida passou a ser vista em 1080×1920, nos stories e TVs virtuais, a ideia é se adaptar a esta nova tendência, a esta nova janela do nosso olhar.” conta Persie sobre a ideia do vídeo verticalizado.
Aproveitando esse lançamento, conversei com a Persie sobre seu trabalho solo, referências para o EP, cena indie da Bahia e o reaparecimento de Nossa Senhora Desaparecida. Confere tudinho e vê o vídeo ali no final que tá uma viagem astral:

com make & figurino pela própria Persie, ‘Saudade Só Existe No Brasil’ foi gravado em apenas 10 minutos em uma fazenda na Bahia.
Persie, como está sendo essa experiência de composição, produção e execução solo?
Eu componho desde criança, quando nem tinha pretensões musicais, ou pensava que não tinha, e sempre gostei de compor sozinha, me sinto mais confortável assim. Porém a produção e execução solo é uma novidade e um desafio em minha vida. Ano passado comecei a produzir no Ableton, pesquisei tutoriais no youtube, perguntei e enchi o saco de amigos para aprender a fazer isso e aquilo, aos poucos fui adquirindo controladores e entendendo como usá-los, quando me senti segura marquei shows em algumas casas de SP e também em alguns estados do país. Tocar sozinha é uma experiencia bem interessante, tenho um projeto paralelo que é uma banda com 5 integrantes, se chama: Groupies do Papa, onde eu canto e toco teclado, e já achava difícil, mas tocar sozinha é muito mais tenso, te exige muito mais concentração, não tem ninguém pra cobrir seu erro, mas também sinto a música mais minha, é muito mais prático, todo meu equipamento cabe numa mochila, pra viajar e se hospedar existe também mais facilidades.
O EP ‘Índigo’ vem todo envolto nessa atmosfera dream/eletropop. Nos fale sobre suas inspirações e/ou referências sonoras pra ele.
Gosto muito do dreampop, do synthpop, e toda essa atmosfera mais letárgica que surgiu na década de 80, vozes doces, timbres oníricos , delays, reverbs… Bandas como My bloody Valentine, Beach House, Mazzy Star, Cocteau Twins, até a mais recente Chromatics, me inspiram bastante ! Nas brasilidades posso citar o Dalto, que acho um compositor ímpar, Ritchie, e o pop da Marina Lima 80. Isso tudo é referência, a gente bate tudo no liquidificador e vê o que saí no final!
E rolou show de lançamento do ‘Índigo’ em Salvador também né? O que você nota de mais diferente entre a cena indie de lá e de SP?
Sou baiana e morei muitos anos em Salvador, toda minha base foi de lá, e sem dúvida a Bahia é uma estado muito rico musicalmente, que inova , engloba, mistura os ritmos, cria novos ritmos e talentos vão surgindo, como Luedji Luna, Josyara, Russo Passapusso, Afrocidade e toda essa nova geração da mistura de ritmos do axé com a nova mpb, arrocha, rock, pitadas de synth , muita percussão toda essa nova brasilidade! Cada vez mais sem rótulos este setor esta crescendo e pegando fatias maiores do bolo junto com a cena do axé e derivados. A cena do rock e projetos independentes que fogem dessa tendencia é escaço. Nomes tradicionais da musica independente como Rebeca Matta, Nancyta, Ronei Jorge, são presentes ainda na cena local , são poucas as casas e produtores que atendem o público mais independente , mas existem tem casas como o Bardos Bardos, o Mercadão CC, onde lancei meu EP, e o Commom que conseguem levar uma programação bacana para o público de lá. Me chamou muita atenção o Festival ” Digitália”, que vem impulsionando muito a musica independente nestes últimos anos, e onde vi muita coisa legal nesta temporada que passei por lá. A cena independente é pequena porém especial e muito original.
Agora você está lançando um vídeo para a faixa ‘Saudade só Existe no Brasil’ no formato considerado “errado” rs, que é na vertical. Como rolou essa ideia?
A ideia veio do diretor Fernando Ventura. O videoclipe foi todo filmado em Chroma Key em menos de 10 minutos na chácara de minha família na Bahia. Eu fiz o figurino e maquiagem, o restante ficou por conta do diretor, gravamos num ritmo mais acelerado da música pra brincar depois com movimentos lentos. A idéia do clipe vertical veio depois, já na edição, em uma conversa por whatsapp ele me falou que queria algo diferente, que achava a musica diferente também e moderna. E nada mais moderno e atual que o vídeo vertical, com o boom dos Smart-Phones a vida passou a ser vista em 1080X 1920, nos stories e TVs virtuais , a ideia é se adaptar a esta nova tendência, a esta nova janela do nosso olhar.
Última: ‘Nossa Senhora Desaparecida’ é provavelmente minha faixa favorita, acho divertida, cosmopolita e já imagino ela tocando na pistinha. Agora, já sabemos que Nossa Senhora desapareceu em algum ponto entre o Vale e o Ouvidor, se ela fosse reaparecer onde seria?
No céu, mas reza a lenda que se tocar na pistinha ela aparece no banheiro da balada! rs
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assista Saudade Só Existe no Brasil: