1968 foi o ano em que a vibe peace & love construída no decorrer da década de 60 passou a dar sinais de desgaste. Com um verão que trouxe mais sutiãs (figuradamente) queimados do que flores, o ano foi marcado por protestos, revoluções, assassinatos e guerra.
Musicalmente, porém, 68 foi tão produtivo quanto seu antecessor – o que ficará bem claro no passeio 1968 EM 50 DISCOS que hoje traz um poquito de alegria alegria:
Álbum: ‘Caetano Veloso’
Artista: Caetano Veloso
Gravadora: Philips Records
País: Brasil
Lançamento: Janeiro de 1968
por Joyce Guillarducci
Da Liverpool dos fab-four à nossa Bahia de todos os santos, a palavra de ordem no mundo da música em 68 definitivamente era revolução. Força inquieta revolucionária que sempre foi, Caetano Veloso acatou-a com maestria largando mão do violãozinho MPBista para se lançar às guitarras elétricas, arranjos de metais e experimentações diversas que culminaram na bossa-nova psicodélica de sua estreia solo. Produzido pelo mestre Rogério Duprat e encabeçado por uma temática sócio-política que exigia muito suingue pra driblar a censura da época, o disco ‘Caetano Veloso’ é um dos maiores exemplares do movimento tropicalista e da contra-cultura brasileira.
Caetano não sabia (ou bem desconfiava) que poucos meses depois de escancarar a essência do Brasil em ‘Tropicália’, de poetizar a luta contra a ditadura militar em ‘Alegria, Alegria’ e de desacreditar os tais “cidadãos de bem” em ‘Eles’ (os mutantes são demais!) seria preso e junto com o amigo Gilberto Gil, exilado de sua terra. Nem isso o parou e os anos na Inglaterra só renderam mais material – mas isso é assunto pro ano que vem. Por aqui fechamos esse ano difícil tentando ter um pouco de alegria alegria. Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça!