Lançamentos do ano da psicodelia brasileira + playlist.
capa: brasil psicodélico, por tádzio nanan
Acredito que falo por muitos quando digo que passar pelo universo invertido de 2018 não foi brinquedo. Minhas dicas de sobrevivência são 1- muita água (não disse com o quê) e 2- sonzera fresquinha & good vibes de gente como The Outs (RJ), La Leuca (SC), Gumes (SP), Indigo Mood (CE), Os Chás (SP), Suco de Lúcuma (SP), Catavento (RS) e Leza (SP) que acabou de lançar o lisérgico ‘Vice-Versa’, um dos meus queridinhos do ano que tem ajudado (e muito!) a encarar estes tempos brutos com uma ótica mais leve, lúdica e otimista até.
Estes nomes aí representam apenas a ponta do iceberg dos lançamentos desse ano da psicodelia brasileira. Galera andou inspirada e ousada, desde a escolha de instrumentos, que inclui o choro da cuíca unida à poesia de Leo Fazio (SP) em ‘Cobra-Coral’ e um sax alucinógeno no single ‘Abstrai’ da Applegate (SP), até a mistura de estilos e universos, como o encontro do indie-folk da Antiprisma (SP) com a guitarra incendiária da My Magical Glowing Lens (ES) em ‘Fogo mais Fogo’. Também teve o flerte com a surf music em ‘Haole Music’ dos Chimi Churris (SC), com o blues em ‘Escuro Demais’ da Rei Burdogue (SP), com o eletropop na explosão de cores do ‘Sea at Night’ da Glue Trip (PB) e com a bossa-nova no ‘Fossanova’ de Murilo Sá (BA), que conta com a participação de Tatá Aeroplano (SP), que por sua vez lançou o bucólico ‘Alma de Gato’ e apareceu no ‘Hotel Vulcänia’ da Betina (SP).
Pros saudosistas, teve a inusitada fusão da cultura skate punk de Charlie Brown Jr com a psicodelia lo-fi nas versões do ‘Marginal Alado’ da Oruã (RJ) e da marianaa (RJ), que esse ano também lançou o EP ‘sdds rolé lixo’ (melhor nome).
Pra quem curte umas experimentações a la Frank Zappa, recomendo muitíssimo os novos do Pedro Salvador (AL) e da Aminoácido (PR) (o ‘Sem Açúcar’ é muito zappiano cara), além do “inferno astral elétrico” do single ‘Alfa Crucis’ de Bonifrate (RJ), que também participou do ‘Their Shamanic Majesties’ Third Request’ da BIKE (SP).
E por falar em bike, pra quem gosta de uma boa pedalada também tem a ‘Bicicleta Cósmica’ da estreia do Tynkato vs o Baixo Astral (DF), um dos lançamentos do selo brasiliense Quadrado Mágico que este ano esteve bem ativo apoiando as também estreias da Aiure (DF) e da YPU (DF), o xamânico ‘Brazilian Voodoo Exportation’ dos Mescalines (SP), e os caminhos da noite até o amanhecer das ‘Trilhas do Sol’ dos queridões da Joe Silhueta (DF).
E já que chegamos no sol (tudo se conecta gente, isso aqui não vai acabar nunca), não posso deixar de mencionar a brisa ensolarada de ‘Estrela Mágica’, fruto da collab Winter (PR) & Triptides (EUA) que também rodou bastante no meu radinho. Doce demais? Então segura a despedida (temporária) da Ventre (RJ) com ‘O Corte’, a vibe dark da ‘Rebordose’ da Palamar (DF) e a manifestação do feminino no libertador ‘El Rapto’ da Cora (PR).
Já pra quem não é de muito papo e prefere os instrumentais, tem o auto-intitulado A Banda de Joseph Tourton (PE) que conheci a pouco e achei absurda, o ‘Cidade no Ar’ da Transquarto (DF) e o single ‘Aura’ da Auramental (RJ).
Encontrou aí uma psicodelia pra chamar de sua? Pois toda essa gente aparece na nossa playlist Feliz Ano Psicodélico II, que é o que eu desejo a todos vocês pelos próximos 51 anos – daqui até a ‘2069’ da Psilocibina (RJ). Viva!