Pegue carona na bicicleta cósmica do brasiliense em “Tynkato Vs o Baixo Astral” + entrevista.
Pra quem começou essa semana meio baixo astral: sigam fortes, atentos, unidos e continuem se agarrando a todas as centelhas de good vibes que encontrarem pelo caminho. Sorte é que nossa cena psicodélica continua faiscante e borbulhando de novidades. Umas delas que vem bem a calhar é a estreia solo do cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor Tynkato. Com mais de três décadas de carreira, o artista brasiliense já transitou por diversos lugares da música. Compondo e produzindo cada projeto pelo qual passou, e como vocalista e guitarrista da finada banda Lista de Lily, tocou em festivais como SXSW (Austin/TX), DoSol (RN), Noites do Norte (AM), PicniK (DF) e SIM SP.
Esse ano Tynkato decidiu sintetizar grande parte de suas influências e habilidades num registro único inteiramente gravado, mixado e produzido por ele mesmo. Nasceu assim o ‘Tynkato Vs o Baixo Astral’, lançado hoje pelo selo candango Quadrado Mágico. Passando por sonoridades que vão da neo-psicodelia a elementos da MPB, tropicália e outras brasilidades (amo o maracatuzinho da faixa ‘Moda’), as 6 composições desse disco oferecem um passeio lúdico e experimental pela psique do artista e seus devaneios. Recomendo ouvir pedalando uma bike – seja ela cósmica ou real.
Conversei com o Tynkato sobre referências sonoras, terapia musical para o TDAH, dicas para vencer o baixo astral e outras coisas, confiram nosso papo aqui:

No palco, Tynkato conta com os músicos & amigos Maurício (Malms) no baixo e Filipe Aguiar (Galegu) na bateria.
‘Tynkato Vs o Baixo Astral’ é um disco bem plural tanto em temática quanto em sonoridades. Conta pra gente quais foram suas referências e inspirações durante a concepção dele.
Eu toco em um outro projeto chamado Cabra Guaraná o qual a gente toca funk carioca psicodélico, é sério. Eu tava ouvindo muito hiphop, trap e funk na época da composição. Ao mesmo tempo, ouvia muito minha banda favorita do momento: King Gizzard & The Lizard Wizard e outras que eu curto muito tipo Boogarins, Tame Impala e Almirante Shiva. Como eu fui gravando as músicas aos poucos, primeiro guitarra, depois batera, depois baixo acho que cada elemento das músicas teve uma inspiração diferente. Virou tudo meio que uma salada cósmica.
ouça ‘Tynkato Vs o Baixo Astral’ :
Além de assinar as composições, mixagem e produção você também tocou todos os instrumentos do disco. Qual foi a parte mais difícil de todo esse rolé?
A parte mais difícil pra mim sempre é a procura pelo timbre perfeito. Toda vez que eu crio algo, eu quero que seja mágico, e pra isso procuro timbres “não convencionais”. O problema é como hoje em dia temos muitas opções de plugins, sintetizadores e acabo gastando muito tempo nisso hehehe. As vezes até entro num loop infinito nessa procura. Hoje tenho mais maturidade pra saber a hora de falar: é tá massa.
A faixa ‘TDAH’ aborda o tema da ansiedade e o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Diversos estudos recomendam atividade musical para diminuir o stress e pressão em pessoas que sofrem do transtorno. Essa “terapia” funciona pra você?
Sem sombra de dúvidas! Eu costumo dizer que a música me salvou. Tive uma adolescência bem conturbada pela depressão causada pela religião e acho que se não fosse a música eu nem estaria aqui hoje. Me encontrei nela, achei meu significado na música. Sobre o TDAH, descobri uns remedinhos recentemente que mudaram minha vida. É tudo legal hehehe… (inclusive falo deles em quase todas as musicas heeheh)
A capa do “Tynkato Vs o Baixo Astral” também é bem representativa, trazendo uma pintura do artista brasiliense Igor Schmidt Teichmann Krieger. Nos fale sobre a conexão dessa arte com sua música.
Na verdade, eu estava na casa da minha namorada Taísa Schmidt (irmã do Igor) e eu vi um quadro na parede da sala que chamou minha atenção. Eu já tinha visto esse quadro antes, mas naquele dia eu vi de uma forma diferente e ele me tocou. Eu já tinha terminado o esqueleto de todas as músicas e tava procurando alguma arte pra capa e me identifiquei com o quadro. Por um momento me senti dentro dele e comecei a viajar, viajei tanto que até esqueci o que eu tava fazendo. Ai conversei com o Igor sobre o que aquela arte significava e a psicanálise sobre a angustia descrita por ele me ganhou e eu pensei: isso me traduz.

a arte da capa, criada pelo artista brasiliense Igor Schmidt Teichmann Krieger, faz parte de uma série de pinturas em desenvolvimento chamada Iminência¹, composta por 4 quadros complementares que se amparam na psicanálise.
Pra fechar: dicas para vencer o baixo astral.
Música, música e mais música. Trate bem os animais. Coma vegetais e ame seus pais ⭐
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