Uma playlist bem Black Mirror.
A relação de amor e ódio com nossos smartphones, internet, colonização espacial e tecnologias diversas são absolutamente assuntos do momento. A galera do indie está bem ligada e anda levando essa temática para suas obras – seja em um ou outro verso sobre mensagens de texto e trolls da internet, ou um disco inteiro sobre o assunto (aqui leia-se TBH&C), a geração bit tá aí pra ficar – até quando não sabemos. Compilei alguns de meus sons “technology related” recentes favoritos, bota as combinações binárias dos seus respectivos devices pra funcionar e confere aí. P.S.: essa playlist tá muito blackmirror.
TSLAMP – MGMT – você já parou para pensar no tempo gasto usando o telefone? pois um estudo recente apontou que as pessoas têm passado em média 5 horas por dia olhando para a tela de seus celulares – tempo demais e todo esse lance de dependência e ansiedade que a internet causa é um dos temas do último disco dos MGMT, bem impresso nessa faixa que é um acrônimo para ‘Time Spent Looking At My Phone’.
In Cold Blood – alt-J – a banda de Leeds já vem a muito se mostrando uma grande nerd com referências à livros, geometria e fórmulas matemáticas recheando suas músicas desde sempre. ‘In Cold Blood’ homenageia o livro lançado em 1966 por Truman Capote (no Brasil: ‘A Sangue Frio’), traz artes do game japonês LSD: Dream Emulator na capa e abre com a sequência binária 01110011 que pode ser traduzido como a letra S ou o nº 73 (aguardando explicações).
Nameless, Faceless – Courtney Barnet – haters gonna hate e os trolls continuarão trollando incognitos pelos véus da internet. Barnet ainda inclui uma citação da escritora canadense Margaret Atwood no refrão “men are afraid that women will laugh at them; women are afraid that men will kill them”. Seria cômico se não fosse verdade.
Bit – Leo Fazio – foi numa conversa com o Leo que ouvi pela primeira vez o termo “geração bit”. Esse seu som fala sobre conexões (binárias, humanas?).
Four Out Of Five – Arctic Monkeys – um hotel na lua com uma taqueria na cobertura? apenas sim! mas o ‘Tranquility Base Hotel & Casino’ não é só diversão e os macacos do ártico também dão suas alfinetadas, a começar pelo nome da tal taqueria que recebeu 4/5 estrelas: ‘Information Action Ratio’, é uma citação do crítico social Neil Postman sobre nosso consumo desenfreado de informações (que acabam não tendo um output real).
Mars Theme – Nick Cave – tema de uma das melhores coisas que assisti recentemente – ‘Mars’ é uma mistura de sci-fi e documentário produzdo pela National Geographic que simula em teoria e prática a colonização do planeta Marte. Contando com entrevistas reais de cientistas e engenheiros, como Elon Musk da SpaceX e Neil deGrasse Tyson do Cosmos, a série anda trata das questões éticas e psicológicas que envolveriam uma possível colonização.
Vitória Pós-Humana – Supervão – em clima glitch pixelado, esse som divaga sutilmente sobre o pós-humanismo, redes sociais e controle tecnologico da evolução biológica.
Binary Mind – Ra Ra Riot – bem, a essa altura arrisco dizer que muitas mentezinhas por aí andam meio binárias. Por algum motivo esse som me faz pensar no episódio Metalhead de Black Mirror (nada a ver eu sei).
Digital Black – King Gizzard & The Lizard Wizard – esse som descreve um futuro distópico onde a existência humana foi reduzida à formas digitais dentro de computadores.
Deus Online – Catavento – se a sua timeline tá boring imagina a de Deus. O sample do final é o melhor.
Batphone – Arctic Monkeys – apenas mais uma música sobre o papel dos smartphones em nossas vidas.
Don’t Delete The Kisses – Wolf Alice – aqui Ellie Rowsell divaga sobre as inseguranças e indecisões de uma simples mensagem de texto para o crush (colocar ou não colocar o símbolo de beijinhos no final, eis a questão).
Myspace Girl – The Afters – porque sim, o Myspace já foi o Tinder de uma geração não tão distante.
Space X – Nick Cave – só para lembrar em que rumo estamos ?