Pitadas de samba e psicodelia se misturam no mundo utópico do álbum de estreia da artista alagoana. Ouça ‘Utopia’ + Entrevista.
foto: Pei Fon
Na semana passada comentei no post sobre o Pedro Salvador que ele tinha participado recentemente de mais um lançamento que estava maravilhouser e olha só quem tá aqui hoje: ‘Utopia’ é o primeiro álbum cheio da Lillian Lessa e mais uma aposta certeira da Abraxas Records.
Quem tá ligado na cena hard-psych-prog-rock desse Brasilzão já deve ter ouvido algo que tenha passado pelas cordas (vocais ou de aço, hehe) da cantora, compositora, poetisa e baixista alagoense, já que assim como Pedro ela também integra as bandas Necro e Messias Elétrico. Em 2015 Lillian Lessa estreou a carreira solo com o EP ‘Expresso’, e segue agora com essas 12 faixas que oferecem um mistura interessantíssima de sonoridades e influências, indo de psicodelia a pitadas de samba e outras coisinhas.
Conversei com a Lillian sobre esse lançamento, a relação dela com a metrópole, novo trabalho da Necro e trilha sonora de um mundo utópico, confira o papo e vá até o final que tem playlist colaborativa ?
Nos fale um pouco sobre a iniciativa desse trabalho solo e de como foi o processo de criação do ‘Utopia’.
Eu já vinha lançando uns singles depois do Ep Expresso (2015), aí dei um tempo pra escrever poesia (Livro D’água – Imprensa Oficial Graciliano Ramos 2017) e foi esse processo do livro que me deu vontade de começar o álbum. A criação do Utopia foi basicamente dar uns passeios na rua e compor em cima da experiência.
O desencanto pela metrópole está presente em diversas faixas do disco, como ‘Escapismo’ e ‘Contraste’, porém gostei muito da beleza com a qual você aborda esse tema. Como anda sua relação com a cidade?
Obrigada! “Escapismo” na verdade eu fiz pensando num deslocamento de tempo. No presente “senso comum e pilantragem tão bem juntos”: a sociedade é machista, racista, homofóbica, gordofóbica, etc. As minorias resistem e vão à luta, mas mudanças assim não ocorrem da noite pro dia, tudo que está sendo desconstruído hoje é só um degrau, então é sobre a vontade de acordar e estar tipo no ano 2500.
Minha relação com a cidade é ambígua: sinto falta do contato com a natureza mas sinto necessidade dos serviços disponíveis.
Ouça Utopia:
Tem rolado shows desse trabalho e alguma previsão de turnê em SP? Vem tocar numa festa do Cansei
Obrigada pelo convite (: Na verdade não tem rolado shows, minha pretensão era só fazer o álbum mesmo, o que é meio que nadar contra a maré hoje em dia, quando o palco é onde mais vão te ouvir. Os meninos da Necro e outro amigo se ofereceram pra ser a banda e a gente fazer esse rolê, mas o lance de correr atrás de show, produção e edital pra projeto novo eu não animo. Então show mesmo eu penso em focar na Necro, a gente tá com quase 10 anos de história, e lá vai o clichê “somos um time” haha.
E ouvi dizer que tem coisa nova da Necro a caminho também né, o que podemos esperar?
Sim! Vamos lançar esse ano um “compacto” (não sei se vai rolar vinil) intitulado “Pra Tomar Chá”. São duas faixas em que a gente passeia por diversas sonoridades, o processo de composição fluiu bem livre, então podem esperar algumas maluquices haha Adianto que a capa tá bem bonita e foi feita pela ilustradora Julia Danesi (vocal da Venus Wave).
Ouça Necro:
Pra fechar, qual disco não pode faltar no seu mundo utópico?
John Lennon – Imagine
É bem polêmico quando a gente pensa nele enquanto pessoa, mas a mensagem desse disco inspirou muita coisa em mim.
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Amei, e pra entrar nesse clima de utopia vou deixar aqui uma mixtape utópica colaborativa com um som do disco mencionado pela Lillian e algumas faixas que escolhi, coloquem músicas bem bonitas aí ?