PREMIÈRE: Cantor santista retorna com a nostálgica ‘Come Back Home’. Ouça aqui + Entrevista.
foto: Tatá Guarino.
Conheci o trabalho do Lucas Nadal recentemente através daqueles e-mails espertos de material que eu vivo falando pra galera me mandar (às vezes rola, viu só!) e de cara curti super a mistura de rock noventista com indie 2000 no som dele.
O cantor e compositor de Santos-SP tem cara de menino mas já traz na bagagem os discos ‘Train Wreck’ (2013), ‘Flesh and Blood’ (2015) e o ótimo EP ‘Goodbye Pisces’ (2016), que anda rodando bastante pelos meus radinhos, playlists e discotecagens por aí. Hoje Nadal estreia o primeiro single de seu próximo EP, que tem lançamento previsto para o segundo semestre desse ano. ‘Come Back Home’ foi inspirada pela volta à sua cidade natal, e oferece uma aura nostálgica (porém feliz) que se estende à arte da capa, uma colagem produzida pelo fotógrafo Tatá Guarino que traz um registro da infância de Nadal
Conversei com ele sobre influências, próximo EP, representatividade LGBTQ+ na cena e outras coisas, confiram nosso papo aqui:
Meu primeiro contato com seu trabalho foi esse ano através do “Goodbye Pisces”, que curti muito e tenho ouvido bastante desde então. Dá pra sentir várias pitadas noventistas nesse EP (Silverchair feelings talvez), mas ao mesmo tempo é um som bem atual. Quais foram suas influências e inspirações para a concepção dele?
É isso mesmo que você citou. Rock Alternativo, anos 90, Grunge e um pouco de Classic e Hard Rock. É o que eu gosto de ouvir e de fazer, mas nos meus trabalhos anteriores ao Goodbye Pisces eu sentia que não tinha um equilibrio muito bom nisso, era uma mistureba meio caótica demais de todos esses elementos, e então, na hora de fazer esse EP eu tentei me concentrar em fazer algo mais coeso, e acho que consegui finalmente. O resultado me agradou bastante.
Ouça o Goodbye Pisces:
O novo single “Come Back Home” remete ao seu retorno para Santos e tal. Nos fale sobre o processo de criação desse som.
Meu ponto de partida foi pensar que eu queria uma música extremamente simples de tocar, e também em questão de estrutura. O refrão veio naturalmente pq “come back home” encaixava legal e eu comecei a escrever em volta disso. Inicialmente, como quase todo meu repertório, era uma letra sobre um relacionamento amoroso, mas no processo todo eu comecei a mudar, deixar a situação mais indefinida, pq queria tbm que soasse como se minha mãe estivesse me falando pra voltar.
Ouça Come Back Home:
Podemos esperar mais dessa aura nostálgica no próximo EP?
Não! Quero fazer algo diferente disso. O som será algo similar, mas com outra abordagem, conceito, tema e tudo mais.
Li um comentário seu sobre a pouca representatividade LGBTQ+ na cena rock comparada à outras vertentes como o pop e a mpb. Você sente que esse meio rock/underground é mais preconceituoso, ou essa escassez é só uma eventualidade?
Acho que depende do sub-gênero de rock. Se a gente for falar de Metal e afins, ainda existe preconceito, sim. Eu tocava coisas nesse estilo e grande parte do motivo de me afastar desse meio, além de ter me interessado em tocar outras coisas, foi preconceito e machismo. É chato demais conviver com isso. Em outras esferas do rock, mais contemporaneas e alternativas, eu nunca notei nada de preconceito. É tranquilo e sou aceito de boa. Acho que a escassez de artistas LGBTQ+ fazendo esse tipo de som se dá por um motivo cultural mesmo, pq tanto o público quanto os artistas preferem outros gêneros musicais.
Como anda a cena musical de Santos? Tem coisas legais para recomendar?
Tá bem bacana. Tem muito artista legal e eu tenho visto um esforço enorme pra movimentar essa cena aqui, que é bem pequena e limitada. Eu recomendo pra quem quiser escutar, dar uma conferida no trabalho do Heitor Vallim, The Scuba Divers, Cavve, Geo e Surra.
Adorei as indicações e tô apaixonada pelo som da Geo, escutem aí:
Últimas palavras para seus ouvintes piscianos (eu inclusa rs)?
Muita gente acha que eu detesto piscianos, mas isso tá bem errado. Eu gosto bastante de todos, vocês são todos lindos! E apoiem os artistas independentes!
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Quero esse Nadal tocando em SP e nas festas do Cansei ahhh! Enquanto não rola vou deixar a fotografia lindona do videoclipe de ‘Goodbye Pisces’ para todos os peixinhos por aí ?