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Festival Cena Cerrado

escrito porJoyce Guillarducci 18 de abril de 2018
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Impressões sobre o festival + entrevista com Joe Silhueta + playlist.

Foram apenas 3 dias em Uberlândia mas rolou tanta coisa nessa primeira edição do Festival Cena Cerrado que tá difícl de resumir aqui. Antes de tudo deixa eu já dizer que achei toda a iniciativa foda demais, nossa produção musical independente anda à toda e é sempre lindo ver a galera se movimentando e se unindo pra fazer a cena acontecer. Palmas para todos que contribuíram com esse festival, e pra quem anda dizendo que o rock morreu no Brasil, fica aqui meu mais sincero emoji de dinossauro ?

Mencionei o rock mas serve pra tudo, e um aspecto bem legal do festival foi não se limitar e abrir espaço para estilos diversos. Então, vamos lá: meu primeiro contato com todo esse rolé foi através do Arthur Rodrigues, baterista da Cachalote Fuzz (que conheci ano passado enquanto montava a playlist Feliz Ano Psicodélico) e produtor cultural no Cena Cerrado. Pra quem não sabe, o Cena Cerrado nasceu em 2014 como um grupo independente composto por músicos e artistas do triângulo mineiro com objetivo de fomentar a cena artística da região. Promovendo diversos eventos desde então, no final de 2015 a iniciativa gerou o selo Cena Cerrado Discos.

E daí que agora em 2018 a galera resolveu levar o projeto um passo além, e daí surgiu esse festival que durante 7 dias se espalhou por Uberlândia em eventos gratuitos promovendo mesas de discussão, workshops, e trazendo uma programação musical de peso e super variada para showcases em casas noturnas e palcos ao ar livre em espaços públicos da cidade.

cartaz lindão pelo artista Caramurú Baumgartner.

cartaz lindão pelo artista Caramurú Baumgartner.

Cheguei na quarta-feira, 3º dia de atividades e infelizmente não consegui pegar o workshop sobre produção de videoclipes com o produtor audiovisual Jozé Vitor Araújo e o Rafael Chioccarello, editor do Hits Perdidos – tudo bem que com o Rafa eu converso todo o tempo por aqui né.  A convite do Arthur fui participar da mesa sobre mulheres na cena independente, e foi bem interessante ouvir as histórias, perspectivas e pontos de vista de mulheres com realidades e experiências diversas dentro da cena – de pessoas da plateia, da Sofia que faz parte do Cena Cerrado, da Amanda Bredariol da Triluna, produtora que busca apoiar e aumentar o protagonismo feminio na cena musical mineira, e da Andréa Felix e seu trabalho maravilhoso com o coletivo de rap e hip hop DMG – Das Minas Gerais, que em apenas 1 ano de existência já percorreu o Brasil com seu ativismo feminista em forma de rimas. Food for thought para a vida.

Prestenção & respeita as minas fazendo o favor:

Abrindo a programação musical numa noite regada à pinga de canela (eu te amo canelinha), na quinta-feira teve a dupla mineira Waldi & Redson levando seu sertanejo junkie para o palco do Vinil Cultura Bar numa apresentação bem descontraída e divertida – pra quem tá de cabeça aberta para uma nova sonoridade, recomendo ouvir o ‘Minha Vida Empazinada’ (2018):

Na sequência conferimos a intensidade dos expoentes da cena grogue de Brasília, o septeto Joe Silhueta, em um dos melhores shows que vi esse ano. Já havia assistido aqui em São Paulo a Rios Voadores que compartilha alguns integrantes da banda, então estava ciente do quão performática a Gaivota Naves é no palco (e na vida), mas ver um artista se entregar de corpo e alma à música dessa forma é sempre uma experiência única, e esse show me deixou arrepiada. Quero a Joe Silhueta nos palcos de SP, nas festas do Cansei e em todo lugar.

Joe Silhueta por Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

Joe Silhueta por Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

Depois de todos quase recuperados desse show, bati um papo com o Guilherme Cobelo e a Gaivota Naves sobre o movimento grogue, cena brasiliense, próximos trabalhos da Joe e outras coisas, confiram:

Nos falem mais sobre o movimento grogue.

Gaivota: Não chega a ser um movimento organizado, que tenha um manifesto e tal. É uma união de várias pessoas que se deixam envolver com a arte do outro e com a própria arte e fluir junto, além da música. O Guilherme mesmo, é um poeta cabuloso, grande escritor, começou até com a mitologia grogue que eram teorizações malucas de várias dinâmicas.

Guilherme: Essa mitologia partiu da palavra grogue, fazendo uma brincadeira com a mitologia grega. A mitologia grogue seria a mitologia desses seres meio bêbados, meio entorpecidos que vagam entre o sono e a vigília e se permitem serem eles mesmos e os outros, e o movimento grogue tem um pouco disso, de sermos todos juntos, simbióticos, assumir que atravessamos uns aos outros e nos comunicamos. E isso se reflete muito na nossa música, pelo fato da Joe Silhueta ser várias bandas em uma só. É meio que uma polaroide da nossa época, da nossa geração. É a contracultura de Brasília, que é uma cidade toda arquitetada, as pessoas saem de casa com objetivos definidos, e a gente é muito mais a favor de se perder e se encontrar nos caminhos, nos desvios, no acaso.

E essa mitologia grogue conseguimos encontrar em algum lugar?

Guilherme: Ela ainda está sendo escrita, é missão pra 2018 fechá-la, dar uma diagramada. Até tem uns livretinhos que nós fomos lançando: ‘As Cartas do Abismo’, alguns contos baseados em sonhos e tal, mas a mitologia está sendo finalizada. Eu queria inclusive que saísse junto com o disco ‘Trilhas do Sol’ pra complementar a música.

A música ‘Hora Gagá’ é uma crítica à lei do silêncio e à censura. Queria saber como andam esses aspectos da cena brasiliense.

Gaivota: É muito doido porque é inversamente proporcional: as casas todas fechando por conta da lei do silêncio, e a quantidade de bandas incríveis com uma qualidade sonora surreal acontecendo. A cena independente de Brasília tem muita música instrumental, rock rural, punk, choro, jazz. A produção tá efervescente e é meio difícil não ter espaço, então rolou essa música que é uma crítica bem humorada tipo “cara, que a gente faz com isso tudo?” Parece que em Brasília a galera tem uma alergia à música. O que a galera fazia antes era colocar um som na rua, assim na marra, mas também foi apertando cada vez mais e daí fica arriscado perder equipamentos e tal. Mas tem coisas legais rolando, como o Picnik e o Coma, que voltam a atenção pra produção musical de lá, e acho que a galera tem sobrevivido um pouco disso.

Guilherme: É uma cidade muito burocratizada também. As pessoas que estão lá são burocratas e velhas e veem com essa mentalidade de que é uma cidade dormitório, do sono dos justos. Você dorme cedo e acorda cedo, e a madrugada vira um espaço dos marginais. Os espaços para música autoral diminuem a cada dia, e o que vai sobrando tem uma cultura muito de cover.

‘Hora Gagá’ na Fumarte Sessions:

Aproveitando que estamos falando da cena de Brasília, vocês me falaram da Transquarto que é a banda do Tarso né. Nos indiquem mais bandas de lá.

Gaivota e Guilherme: Olha, tem muita coisa: Transquarto, Vintage Vantage, Passo Largo, Rios Voadores que tá começando a gravar agora também e vai lançar coisa nova ano que vem, tem a Palamar que é uma banda nova, Tertulia na Lua, Oxy, Supervibe, Judas, Bilis Negra, Aiure, Consuelo… tá muito legal porque tem uma galera mais coroa, tem a gente que tá no meio, tem gente mais nova… a cena tá realmente acontecendo.

Indicação de playlist do Mapa do Rock Popload com alguns nomes da nova cena brasiliense:

Agora para a Gaivota: durante o festival tivemos uma mesa de conversa sobre o papel da mulher na cena independente, daí queria saber de você como musicista, como você vê o momento atual para as mulheres na cena?

Tenho visto várias garotas realmente tomando coragem e botando seus projetos pra fora da gaveta. Hoje em dia com a facilidade dessa coisa do home studio a galera tá gravando mesmo, e é lindo ver garotas encabeçando projetos, batendo o pé, falando o que quer, e daí rola essa possibilidade de ter um pouco de voz, e de impor um pouco de respeito através da música. Não é uma vitória ainda, mas acho que a gente tá num caminho bacana pra conseguir mais espaço mesmo como ser humano, parar com essa nóia de gênero.

Última pergunta: em julho vocês vão lançar o ‘Trilhas do Sol’. O que podemos esperar desse disco?

Guilherme: Ontem mesmo a gente tava analisando que o nosso 1º EP é totalmente diferente do 2º, que é totalmente diferente do último single, então acho que esse disco agora terá uma identidade, as músicas dialogam entre si. Eu jogaria mais num caldeirão de influências e ritmos brasileiros, desde baião passando pelo cateretê, axé, cantiga. Vai ter coisas que a gente já vinha desenvolvendo nos outros discos, e menos dylanesco. Pode-se dizer que vai ser um disco psicodélico, porque a gente transita mesmo nesse caminho de expandir os sentidos da música através de efeitos, da poesia, da estrutura da música mesmo, não são músicas muito lineares. E a gente também buscou desenvolver um conceito nele de uma maneira, embora não seja um disco conceitual, mas as trilhas do sol seriam esse trajeto da noite até o amanhecer, tomado metaforicamente também como o percurso do ser imerso nessas trevas que a gente tá vivendo. É meio que esse caminho submergindo na noite até a aurora.

Gaivota: E esse disco tá muito a nossa cara mesmo por conta dessa mistura doida de pinceladas brasileiras, porque cada um vem de um canto e quando junta dá esse hibridismo sonoro, sempre nessa puxada brasileira. A gente vê que no rock a galera fica muito na chupação de pau gringo – tudo bem quem quiser fazer, mas o nosso negócio é uma coisa meio tropicalhorda mesmo.

Ouça Joe Silhueta:

***

Sexta-feira 13, amanhecemos na rua (hehe), descanso durante o dia pra poder acompanhar os shows da primeira noite de festival a céu aberto. E que shows! O surf punk do trio uberlandês Light Strucks abriu a invasão do espaço público da Praça de Tecelagem. Cheguei no final da apresentação mas deu pra sentir a vibe, e a banda tá agora na minha lista de shows para ver completinhos – inclusive inclui o som ‘Sábado Violento’ deles no meu set e já mandei na discoteca de quarta-feira no Ovelha Negra Pub (esqueci de contar que teve isso também).

Em seguida foi a vez do punk rock pneumoconiósico (ou algo assim) da também mineira Pulmão Negro que já chegou arrastando a galera pro bate cabeça – conferi de longe porque sou profissional em me acidentar sabe. Mas foi visceral e deu pra ver que uma galera tava ali pra curtir com eles.

Fechando a sexta-feira rolou a abdução psicodélica do quarteto gaúcho Apicultores Clandestinos. Devidamente trajados de macacões brancos, com guitarras afiadas, teremim e um baixo Hofner a la Paul McCartney que sempre me deixa meio hipnotizada, os apicultores distribuíram pinga com mel e muito fuzz fazendo a galera pirar – até quem viu os 15 segundinhos dos meus stories veio perguntar quem eram os caras. Show que recomendo muitíssimo, mas enquanto não rola vale conferi-los no ‘Astronauta do Campo’ (2015):

Sábado 14, amanhecemos na rua (de novo, hehe), precisei correr para Sâo Paulo porque tinha evento do Cansei e não deu pra conferir os shows da Gabriela Deptulski (ES), FingerFingerrr (SP), Sick (MG), The Virginias (MG) (substituindo a Maria Augusta que teve que cancelar a participação), Medulla (RJ), Tagore (PE), Cachalote Fuzz (MG), Canábicos (MG), Vaine & Kainã Bragiola (MG) e Santa Pipe (MG) UFA! Não faz mal, teremos outras oportunidades.

Pretendo voltar para próximas edições desse festival e do que mais rolar, e recomendo bastante para quem tiver oportunidade – Uberlândia é uma cidade muito receptiva e “educadinha”, além de super em conta: pastelzinho a R$2,50, caneca de chopp artesanal a R$10, garrafa da amada canelinha a R$12 – EU VOU É MORAR LÁ! rs.

Agora chega que já cansei. Deixo aqui a playlist do festival – escutem esse trem e vida longa ao Cena Cerrado!

Festival Cena Cerrado was last modified: abril 18th, 2018 by Joyce Guillarducci
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SOBRE

Joyce Guillarducci

Sou apaixonada por música, curiosa por natureza e adoro conhecer coisas novas - sem deixar de lado as antiguices do coração. Criei este espaço para compartilhar minhas descobertas com quem também cansou de ouvir sempre as mesmas bandas. Tem muita música boa acontecendo here, there & everywhere. Eu quero mais, cansei do mainstream

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