Gatunos & Sereias passeiam por nova fase trip hop da cantora paulista. Confira videoclipes + entrevista.
Conheci recentemente o trabalho da cantora e compositora paulista Carol Laudissi aka Carolla e de cara me encantei por sua voz. Engraçado foi saber que apesar do contato contínuo com artes em diversas formas – Carolla estudou piano dos 11 aos 16 anos de idade, cursou Arquitetura e depois mergulhou no mundo da Cenografia, Artes Visuais e Design Gráfico, ela só se descobriu como cantora mais tarde e meio ao acaso.
Participando de projetos musicais com base no jazz e soul há alguns anos, em 2015 sua voz embalou cenas da novela “Verdades Secretas” (daquela TV) com a regravação da música ‘All Night Long’ de Aretha Franklin – amo amo amo <3
Pra quem quiser ouvir, a versão ficou lindona:
Em projeto solo desde o ano passado, Carolla tem apresentado nessa nova fase uma mistura de trip hop, downtempo e nuances de MPB, que já lhe rendeu 2 singles e promete mais por aí. Conversei com ela sobre influências, personagens de suas composições e sex appeal em músicas. Confiram nosso papo:
Desde a primeira vez que te ouvi fiquei muito impressionada com sua voz. Você já contou que não começou tão cedo na música e que se apresentou pela primeira vez aos 22 anos né. Queria saber como você descobriu essa sua potência vocal.
Na verdade eu descobri minha potência vocal mesmo em cima do palco. A primeira vez que subi ao palco foi para um tributo à Amy Winehouse – convite que surgiu após um amigo da faculdade, que trabalhava numa casa de shows, ter presenciado uma ‘apresentaçãozinha’ totalmente tímida. Montamos o projeto e a partir daí não desci mais do palco. haha. Mas posso dizer que a cada show fui me descobrindo mais como cantora. Acontece como um lance de empoderamento mesmo. Parece que em cima do palco sou totalmente confiante, me sinto poderosa e não tenho medo de testar até onde posso chegar. Acredito que isso solta qualquer amarra que poderia impedir que eu descobrisse meus próprios limites.
Antes de iniciar esse seu trabalho solo eram bem claras as influências de icônes do Soul e do R&B, como Amy Winehouse e Aretha Franklin. Quem você citaria como influências dessa pegada mais trip hop/downbeat apresentada em sua nova fase?
Acho que essa pegada nasceu da própria letra. Foi um lance mais natural. Em ‘Gatuno’, tinha a base voz/violão e, em conjunto com meu namorado Marcelo Bonin (produtor e baterista), tentamos encontrar caminhos que seguissem o que a própria música pedia. Os beats se misturaram com as guitarras elétricas de Juca Natal (guitarrista e produtor), que também produziu o som com a gente. Nessa busca, alguns artistas como Céu, Portishead e Morcheeba podem ser citados como influências. Em ‘Sereia’ a produção ficou por conta do Alexy Viegas, e a partir de uma base voz/violão também definimos que o trabalho deveria ser como uma continuidade de Gatuno, porém com sua própria identidade. A partir disso os beats e a pegada eletrônica seguiram aquilo que já trouxemos em ‘Gatuno’, mas a música pedia um pouco mais de misticismo, então além de programações e sintetizadores também adicionamos o violão cigano.
Ouça Carolla no Spotify:
Seus 2 singles, ‘Gatuno’ e ‘Sereia’ trazem uma aura mística que envolve seus personagens. Conte-nos como foi o processo de criação deles.
Eu sempre tive uma relação muito visual com a música. Gosto dessa ideia de criar uma imagem através do que estou ouvindo. Gatuno foi minha primeira composição e nasceu de uma só vez. Me veio essa imagem do gato, felino, misterioso, hipnotizante, que tudo tem a ver com o tipo de relação viciada que a letra aborda. Já em Sereia o misticismo veio ainda mais forte, até pelo fato de a personagem principal ser uma figura mitológica. Essa letra é bem particular e conta o começo do meu relacionamento de forma bem abstrata, por isso usei a ‘sereia’ para me representar na história; brinquei com a ideia do poder de sedução através da voz. Eu gosto de letras subjetivas. É legal deixar pra cada um interpretar da forma que imagina e encaixar na sua própria história.
E assim como ‘Gatuno’, agora ‘Sereia’ também ganhou um videoclipe. Quais os próximos passos da Carolla?
Sim. Estou curtindo essa forma de trabalhar single a single, de forma bem completa. Já tenho mais um em vista – que provavelmente será lançado entre maio e junho – e após esse terceiro, acredito que eu feche o primeiro ciclo de composições e parta para uma nova ideia de, quem sabe, gravar um EP e várias músicas de uma só vez – diferente de como venho trabalhando single a single. Além disso, estou preparando meu show, que terá minhas composições e também versões de músicas que me influenciam. Vamos fazer um formato de apresentação diferente de todo trabalho que já fiz e acredito que até maio esse show já esteja pronto.
Última pergunta: acho que sua música tem uma atmosfera bem sensual. Queria saber de você o que faz uma música ser sexy e qual a música mais sexy que você conhece?
Acho que essa atmosfera sensual veio da minha bagagem do Soul/R&B. Acho que o que traz esse “sexy appeal” pra música é a interpretação mesmo. Pra mim o “sexy” tem muito a ver com naturalidade. E se tratando de escolher uma música para liderar o ranking das mais sexys, para mim “Glory Box” do Portishead é imbatível. A mistura do vocal – interpretação e efeitos- com as guitarras distorcidas é infalível. Mas “Brasa” da brasileira Jade Baraldo também não fica atrás, na minha opinião.
Por aqui ficamos com as dicas da Carol que eu já amei (essa da Jade me deixou CHOCADA):