Impressões sobre o primeiro dia de festival + Entrevista com Brancunians.
foto por: Tomas Faquini
O festival PicniK durou apenas um final de semana, mas foi tanta novidade pra mim que parece que fiquei em Brasília por um mês inteiro. E como esse mês imaginário não caberia em apenas uma postagem, decidi resumi-lo em duas
Fui convidada pela produção do festival, que cuidou da minha hospedagem e me colocou num Hostel muito bacana junto com uma outra galera de mídia e das bandas. Aliás, o nome desse lugar é Hostel 7 e super recomendo pra quem precisar de hospedagem mais em conta e amigável enquanto visita Brasília.
Tinha comentado que o PicniK não é só sobre música, e chegando lá descobri que não é mesmo. O ambiente é bem família, com muitas crianças e animais de estimação que dão ao festival ares de um enorme piquenique no parque. Com mercados, feirinhas, áreas de lazer, bares, barracas de comida, narguiles, teatros infantis,… (ufa!) ocupando a maior área do festival, a parte sonora do negócio concentra-se numa pista de dança patrocinada pelo Spotify, um palco principal e outro da Lombra Records.
Deixa eu começar contando sobre esse da Lombra que tinha uma mágica muito louca rolando por lá. Só encontrei esse palquinho durante a apresentação dos Beach Combers, última banda do sábado nele, e lá descobri que a Lombra Records é um selo que grava, risca e lança vinis artesanais feitos em uma vynil recorder alemã T 560. O mais louco disso tudo é que os caras levaram a máquina pro festival, e estavam gravando os shows do palco deles e passando pro vinil INSTANTANEAMENTE. Isso mesmo, risk ‘n roll ali na hora, bem na nossa frente. É ou não é mágico? Ah, e só pra constar: Beach Combers arrasaram demais!
Mas agora vamos ao palco principal, onde rolou muita diversidade sonora com shows de Transquarto (DF), Brancunians (DF) Teach Me Tiger (MG), Firefriend (SP), Congo Congo (MG), Ava Rocha (RJ), Bixiga 70 (SP) e Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro (DF). Consegui ver quase tudo e é difícil escolher um favorito, mas diria que o mais surpreendente para mim foi a misturinha de indie rock/hip-hop/dark pop e a performance diva de Chris Martins da dupla Teach Me Tiger <3
Ainda no sábado teve show de lançamento do novo disco dos brasilienses da Brancunians. A banda hoje formada por Gabriel Akio Ponte (Vocais/Guitarra) Ana Laura Rodrigues (Synths), Victor Chater (Bateria), Rodrigo da Cruz (Guitarra) e Fabio Resende (Baixo) está na estrada desde 2014 fazendo um indie rock que traz influências de psicodelia sessentista e da cena madchester oitentista, e que já lhes rendeu o álbum ‘For My Future Self, To Remember’ (2015). Conversei com o quinteto durante o festival, confiram nosso papo aqui:
Pra começar, contem pra gente o que significa o nome Brancunians?
Gabriel: É a junção de duas palavras: Brasília e Mancunians, porque somos de Brasília e Mancunians é quem nasce em Manchester. Tivemos essa ideia porque quando a banda nasceu eu e a Ana estávamos morando lá, então queríamos algo que juntasse as duas cidades. Gostamos desse nome e foi isso.
E falando sobre Manchester, o que vocês acham da cena musical atual de lá?
Gabriel: Fui em vários shows de lá e acho que a principal diferença entre aqui e lá é que na Inglaterra a galera consome muito mais música, paga mais. Aqui parece que existe uma resistência em gastar seu dinheiro com artista.
Rodrigo: uma outra diferença é que lá as pessoas procuram bandas autorais, e aqui se importam muito mais com covers e muitas delas só veem bandas autorais em festivais como esse aqui.
E do Brasil?
Ana: gosto muito da nossa cena atual, de Boogarins, Carne Doce, My Magical Glowing Lens com quem tocamos junto, e O Terno e Ava Rocha que vão tocar aqui no PicniK. Tô curtindo também muitas bandas com meninas na formação porque tava faltando um pouco.
Deixa eu aproveitar e deixar um Magical Glowing Lens aqui que o som deles é foda:
Vocês estão lançando o disco ‘+bsb’ agora, contem um pouco sobre ele.
Ana: ele é justamente sobre a nossa transição de Manchester de volta pra cá. O primeiro disco foi sobre Manchester, e este será sobre nossa vivência em Brasília.
Gabriel: acho que os brasilienses vão se identificar com diversos aspectos desse dusco, principalmente a galera que tá na mesma onda da gente, de estar se formando na faculdade. Também falamos muito sobre a cidade pelo ponto de vista da arquitetura, já que todos nós, com exceção do Fábio, somos estudantes de arquitetura.
Última pergunta: qual bebida vocês recomendariam para acompanhar a primeira audição do ‘+bsb’?
Ana: Cerveja, uma IPA.
Rodrigo e Gabriel: Cachaça.
Na dúvida, bebam os dois enquanto escutam à ‘Saga Cansativa’, primeiro single do ‘+bsb’ ^^
O lançamento virtual do ‘+bsb’ acontece em 12 de julho, mas pra quem curtiu o som do quinteto e ficou curioso sobre esse novo disquinho, aí vai uma boa notícia: eles vêm pra São Paulo em breve. Depois deixo detalhes das apresentações pra vocês 😉
Final do dia 1, que foi muito agradável na companhia de pessoas queridas como a Flora Miguel, o Alexandre Giglio e a Gaivota Naves, hora de voltar para o hostel descansar que amanhã tem mais festival, certo? Certo! Só que não, rs. Conheci uma galera de lá e acabei descobrindo que a noite brasiliense é ainda mais agitada que a de SP. O detalhe é que lá não rolam muitos bares e buates abertos até tarde, então o jeito é comprar drinks no supermercado e partir para o que eles chamam de “festa em casa de neguinho”. E lá fui eu pra mais duas festas com essa galera que já considero amigos – Scarlett Dantas & company estarão para sempre em meu coração <3
Fim de festa, volto para o hostel com sol a pino para me preparar para o segundo dia de festival, que foi ainda mais emocionante que o primeiro, mas esse eu conto amanhã (ou depois).
Deixo vocês com essa mixtape bonita das bandas do festival que gosto mais a cada dia: