Música, cinema, cultura e resistência.
E no último sábado pude finalmente conferir um festival cultural maravilhoso que eu já devia era estar acompanhando há tempos. A Idade Da Terra em Transe é organizado por uma galera veterana da cena alternativa paulista, e busca apoiar e promover produção cultural independente através de iniciativas que incluem música, teatro, dança, pintura, literatura e cinema. E por falar em cinema, os amantes do nosso cinema nacional devem ter achado algo familiar no nome do festival não? Pois é, ‘A Idade Da Terra em Transe’ nada mais é do que a junção de dois filmes de Glauber Rocha: ‘Terra em Transe’ (1967) e ‘A Idade da Terra’ (1980), o que nos leva ao outro ponto que faz com que o festival seja tão especial.
O Videoclube Charada na Zona Leste de São Paulo foi o local escolhido para abrigar este festival, e não poderia haver casamento melhor. Numa época em que quer-se tudo à mão e praticidade é preferida à qualidade, a Charada vem há duas décadas resistindo como videolocadora. O acervo de mais de 15 mil títulos inclui DVDs e VHSs e prioriza produções artísticas e o cinema nacional, já que a intenção de Gilberto Petruche, fundador e proprietário do videoclube, sempre foi disseminar cultura pelo bairro – conforme conta neste documentário produzido pelos nossos amigos da MKV.
Visitar a Charada foi para mim como entrar num túnel do tempo. Bateu aquela nostalgia da época em que ficava um tempão escolhendo filme na locadora, pedia recomendação para o mocinho que trabalhava lá e depois debatia com ele sobre os filmes assistidos. Saber que essa locadora especificamente é mantida por paixão à sétima arte me deu mais vontade ainda de trazer esse verdadeiro ritual da locação de filmes de volta à minha vida. Certamente voltarei para pegar recomendações e trocar impressões com o Gilberto ^^
Mas voltemos ao festival. A Idade Da Terra em Transe acontece mensalmente e já está em sua 7ª edição, cada uma contando com shows de bandas independentes e autorais – no sábado rolou Molodoys, Os Longes, OS Subterrâneos e Os Estilhaços, além de feira de discos, exposições e intervenções artísticas. A festa começa cedo, acaba cedo, tem entrada gratuita, bar com preços justos e galere mais simpática que já conheci (Juliete estará para sempre em meu coração <3). Ou seja: fiquem de olho na agenda do festival e não perde o próximo não. E ah, aproveita pra dar uma investigada nos corredores da locadora, quem sabe seu próximo filme favorito não está lá esperando por você – eu aqui já tô até querendo arrumar um videocassete, socorr ;D
Por aqui ficamos com o teaser da última edição chamado “O Conto Psicodélico: A Peleja de Joao do Berro contra seus Demônios” produzido e estrelado pelos organizadores do evento: