Comentado por Joyce Guillarducci.
O ano de 1967 foi um dos mais significativos para a música mundial. A ascensão hippie, the summer of love e a consagração da psicodelia foram pontos cruciais no curso da história do rock’n roll, da música pop, country, folk, soul e do acid rock. E como eu amo os anos 60, não poderia deixar de prestigiar o meio século desse ano tão importante. Para isso, criei a coluna 1967 EM 50 DISCOS, onde semanalmente comentaremos álbuns lançados nesse ano.
Essa semana escolhi um dos melhores representantes do garage rock sessentista, espero que gostem!
Álbum: ‘No Way Out’
Gravadora: Tower Records
Artista: The Chocolate Watchband
Lançamento: Setembro de 1967
por Joyce Guillarducci
A Chocolate Watchband surgiu no melhor espaço-tempo para se estar quando você tem uma banda: o ensolarado verão californiano de 65.
A banda, originalmente formada por cinco amigos de colégio, fazia um garage rock com influências do blues e incorporava covers de músicas que estavam fora do mainstream ao seu repertório. Participavam ativamente da cena da Califórnia, ganhando popularidade no circuito e chegando a abrir shows para Jimi Hendrix, The Doors, Jefferson Airplane, The Yardbirds e outros. Mas os primeiros anos não renderam muito à produção autoral da Chocolate Watchband, que não chegou a gravar nada além de demos. Logo no primeiro ano de vida alguns integrantes deixaram a banda, e para nossa sorte/azar o destino da banda tomou outro rumo.
Sorte porque entre saídas e entradas de integrantes, ao fim de 66 a Chocolate Watchband era composta pelos muito competentes David Aguilar (Vocais/Gaita), Mark Loomis (Guitarra/Teclados), Gary Andrijasevich (Vocais/Bateria), Sean Tolby (Guitarra) e Bill ‘Flo’ Flores (Vocais/Baixo). Com essa formação, fecharam contrato com a Tower Records, um sub-selo da Capitol Records destinado à artistas cujo perfil não se encaixava na já famosinha gravadora.
Assim, em setembro de 1967 nasceu o ‘No Way Out’, debut álbum da Chocolate Watchband. O azar dessa história toda foi que tanto a gravadora quanto o produtor Ed Cobb, designado para trabalhar neste disco, subestimaram o potencial do quinteto, limitando sua autonomia de forma extrema. Assim, com exceção de duas faixas que permaneceram intactas – a ótima versão de ‘Come On’ de Chuck Berry e minha favorita, a autoral ‘Gone and Passes By’, o álbum todo teve acréscimo overdub de instrumentos e até substituição de vocais, tudo feito sem o consentimento da banda. O resultado disso foi um álbum maravilhoso de garage punk psicodélico, marcado por vocais que muito lembram os Rolling Stones e delirantes solos de guitarra e sitar, mas que é apenas um reflexo bem distante da Chocolate Watchband (não que eu tenha visto-os, mas fiquei sabendo por aí, rs).
Não bastasse isso, a banda em seguida se deparou com fraquíssimo gerenciamento e plano de marketing por parte da Tower Records (não é de se espantar que a gravadora tenha fechado logo no início dos anos 70), que fizeram com que o ‘No Way Out’ acabasse ignorado e esquecido por anos. Foi só no final dos anos 80, com um retorno de interesse ao garage rock sessentista, que o álbum voltou a ver a luz do sol. Foi relançado pela Big Beat Records numa versão que inclui faixas bônus, e é até hoje cultuado pelos garage rock lovers do mundo todo.