Estréia do videoclipe ‘Cosmonauta’ + Entrevista.
Eeeeee que a semana tá agitadinha por aqui! Começou com lançamento dos Dum Brothers, depois teve o som animal da Der Baum, e agora tem estréia desse videoclipe espacial da banda Lamusia!
Mas antes de tudo, deixe-me apresentar a banda. A Lamusia nasceu em São Paulo em 2010, e passou algum tempo criando e gravando em estúdio caseiro. Até que no final de 2015, a banda renasceu em Suzano e hoje conta com Guilherme Peace (Vocais / Guitarra / Piano / Sintetizador), Alexandre Becker Klein (Guitarra / Vocais de apoio), Anna Julia Ferraz (Clarinete / Sintetizador / Vocais de apoio), Lucas Irineu (Baixo) e Icaro Bistaffa (Bateria). Em dezembro de 2016 lançaram o ótimo EP de estréia ‘A Árvore, A Bailarina, A Borboleta E O Homem Do Espaço’, que oferece 4 faixas de um indie rock com letras engenhosas e reflexivas e uma pitada de música de cabaré.
Conversei com a banda sobre o EP e suas faixas, confira aqui:
Vamos começar pelo nome do EP: “A Árvore, A Bailarina, A Borboleta E O Homem Do Espaço” inspira fantasia e me remete a algo escrito por C. S. Lewis. Contem pra gente o significado desse nome.
O EP “A árvore, a Bailarina, a Borboleta e o Homem do Espaço” foi composto justamente sob forte influência da temática literária. Temos entre os integrantes da banda um historiador (Alexandre) e um jornalista e escritor (Guilherme), que também é o letrista da banda. Além disso, todos os músicos da Lamusia são apaixonados por cinema e literatura. Nas faixas, os conceitos de solidão, tempo, expressão e transformação se repetem. A banda se preocupa também em trazer um som atmosférico que justifique as letras e melodias. “Indonésia”, a faixa de abertura e a canção mais antiga da banda trata justamente do medo do tempo e das mudanças que o tempo pode trazer, aqui representada pela “Árvore” (crescimento, raízes e transformação – elementos comuns à construção literária em abordagens como a “Jornada do Herói”). A música “Confissão” trata de constatação e entrega e é representada pela “Bailarina”, uma vez que a dança é expressão física da arte e a arte é vista por nós como uma forma de entregar e constatar o que se sente. Em “Cosmonauta”, a solidão e a depressão são discutidas a partir de uma ótica lúdica comum aos livros e filmes de fantasia e ficção científica, gêneros literários e cinematográficos preferidos dos integrantes da banda. A faixa de encerramento do EP, “Aureliano”, representada pela “Borboleta” é talvez a referência mais óbvia à literatura, uma vez que foi completamente inspirada pelo livro de cabeceira do Guilherme, “Cem Anos de Solidão”, obra máxima do realismo-fantástico do colombiano Gabriel García Marquez.
A faixa ‘Cosmonauta’ é minha favorita e nos convida a uma reflexão sobre a solidão. De onde veio a inspiração para ela?
Você captou perfeitamente a mensagem da música. “Cosmonauta” trata de solidão, angústia e depressão, além do modo contraditório como a doença pode ser vista pelos olhos de quem convive com ela. O dia a dia do personagem mostrado na letra é de uma rotina tediosa e conflitante com o fantástico daquilo que vive: ele está no espaço, no meio da imensidão do universo, e reflete sobre as pequenezas de seus afazeres enquanto se sente extremamente só. A ideia da letra é brincar com isso, com esse sentimento de fascínio pelo imenso da vida e como isso é esmagado pelo tédio, depressão e solidão, mesmo aqui, no chão.
‘Confissão’ traz uma sonoridade bem interessante e acho que é nela que a pitada de cabaré está mais visível. Falem um pouco sobre o processo de criação e gravação dela.
O riff que conduz “Confissão” foi criado por Alexandre e pertencia a um rock antigo de sua autoria. A dissonância em Fá menor com Si e Dó sustenido dá a tensão necessária para a música ter o aspecto “cabaré”. Quando Guilherme ouviu a música, sugeriu tocá-la no piano para firmar esta impressão. O vocal com entonação dramática serviu ao mesmo propósito. Durante o processo de gravação, a principal preocupação foi de passar a sensação de tensão e atmosfera: queremos que o ouvinte se sinta em um cabaré antigo. Para tanto, usamos um contraponto melódico no clarinete e uma timbragem de “piano-bar” para as teclas.
E agora, quais os próximos passos da Lamusia?
A gravação do EP foi um primeiro grande passo para nós. Acreditamos que a nossa banda busque expressar-se artisticamente de maneira multimídia e multidisciplinar. As cópias físicas do EP, por exemplo, foram feitas de maneira artesanal, com dobradura em origami, pinturas e com cada disco tendo um desenho único feito à mão, um por um. Todo o processo de gravação e produção do EP foi registrado no minidocumentário homônimo em três episódios que podem ser conferidos na página no Facebook ou no canal da banda no Youtube.
Preparamos ainda dois videoclipes: uma animação para “Cosmonauta”, que será lançada hoje e que deve firmar o caráter lúdico da forma pela qual a mensagem é transmitida na música, e um filme de dança contemporânea, com coreografia de Guilherme e Laura Mayer interpretada por ambos para a música “Confissão” (ainda sem data de lançamento, mas já em produção). A música “Indonésia” também terá seu clipe ainda neste ano, com execução do estúdio Toca do Gatto, responsável pela produção, mixagem e masterização do EP.
Por fim, e mais importante de tudo, queremos fazer shows! Nossa expectativa é de que este seja um ano de agenda repleta de apresentações. Acreditamos que a região onde vivemos (Alto Tietê) é carente de uma cena realmente forte de música autoral. Mas esta realidade está mudando e nós acreditamos que a interdisciplinaridade entre as formas de expressão artística (teatro, cinema, dança, artes plásticas, artes circenses) é um caminho interessante para potencializar esta mudança. Queremos uma cena em que várias bandas e artistas de diferentes meios possam apresentar ao público um trabalho de qualidade e ter reconhecimento por isso.
.
Também acredito em vocês pessoal, continuem com esse talento e essa vontade que a Lamusia vai longe. Por aqui ficamos com o videoclipe de ‘Cosmonauta’ pra dar aquela viajada: