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Picanha de Chernobill

escrito porJoyce Guillarducci 15 de dezembro de 2016
foto por: Diôgo Castro

Ouça aqui ‘Anhangabablues’, primeiro single do álbum ‘O Conto, A Selva e O Fim’ + Entrevista.

foto por: Diôgo Castro

Não falei pra vocês que o ano ainda não tinha acabado e que muito coisa boa ainda ia aparecer por aqui? Pois uma delas é ‘O Conto, A Selva e O Fim’, terceiro álbum da Picanha de Chernobill, que foi apoiado por financiamento coletivo do Catarse e será lançado no próximo sábado dia 17/12.

Para quem não conhece a Picanha de Chernobill, os caras vêm do Rio Grande do Sul e já estão na estrada há alguns anos. Em 2013 migraram para São Paulo e por aqui passaram por diversas formações, sendo que hoje são trio composto por Matheus Mendes (Voz / Contra-baixo), Chico Rigo (2ª Voz / Guitarra) e Rafael Rosa (Bateria / Percussão).

O som da banda oferece uma mistura de nuances que vão desde o blues rock até a moda de viola, e que pode ser acompanhado nas apresentações que eles fazem pelas ruas da capital, e nos álbuns ‘Picanha de Chernobill’ (2009) e ‘O Velho e o Bar’ (2011). A partir da próxima semana, o rock poesia dos rapazes também estará disponível em ‘O Conto, a Selva e O Fim’ (2016), com download gratuito, plataformas de streaming, CD e tudo mais. Maaaas hoje, pra já ter um gostinho do que vem por aí, teeem… tchan tchanranranran: lançamento do single ‘Anhangabablues’!

Achou o nome familiar? Pois é, foi o pessoal da Picanha que organizou aquele célebre festival no Estúdio Lâmina no mês passado. Falamos sobre isso e sobre algumas de minhas faixas favoritas do álbum novo – que eu já ouvi e que está lindo – nessa conversa aqui:

Foram 5 anos desde o último lançamento da Picanha de Chernobill. O que mudou na banda nesse tempo?

A aventura de mudar de estado com uma cambada de “malucos” nos surpreendeu com o passar do tempo, a loucura vai diminuindo e os pés descem ao chão. Viver da música, na prática, era algo que desconhecíamos até então. Viemos do Rio Grande do Sul para São Paulo com o intuito de viver do nosso trabalho e as coisas foram se desdobrando em várias situações e sentidos. Muita gente havia contribuído na Picanha de Chernobill até então e aqui não foi diferente: existimos como quarteto, trio e dupla. Esse processo de transformação na identidade sonora não apagou o sonho de lançarmos novo material, postergou-se até o momento em que nos sentimos confortáveis para apresentarmos o álbum “O Conto, a Selva e O Fim”.

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E o público nas ruas, mudou também?

Mudou um pouco, sim. Tocamos em vários pontos do centro desde quando começamos. Cada lugar era estratégico e nenhuma outra banda se apresentava de manhã ou em pleno meio-dia naquela confusão. Era imprevisível e – mesmo havendo uma minoria que não curtia e chamava a polícia – o público em geral gostou daquele movimento que dava cor ao dia-a-dia de quem trabalha no centro da cidade. Isso fez com que as pessoas apoiassem ainda mais o nosso trabalho nas ruas, nos protegendo e, naturalmente, fazendo-nos mais próximo a elas.

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Foto por Fernando Okuhara.

foto por: Fernando Okuhara

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Vamos falar sobre o álbum novo agora: gostei bastante da pluralidade de estilos nele. A faixa ‘Ilha de Vera Cruz’ por exemplo, tem uma sonoridade que remete à modas de viola, mas traz também uma certa misticidade. Quais as principais influências para ela?

A viola caipira é um instrumento que sempre nos fascinou, remete a música de raiz genuinamente brasileira. No disco “O Velho e o Bar” a utilizamos na canção “Sol do Novo Mundo” e acreditamos que a viola já está incorporada e faz parte da sonoridade da Picanha de Chernobill. O fato de ter um harmônio, gaita de boca, bandolim e guitarra faz com que a música “viaje” não ficando caracterizada somente como moda de viola. As faixas “Tumbeiro” e “Ilha de Vera Cruz” se unem para dar nossa interpretação sobre dois momentos históricos: a escravidão e a exploração cometida ao Brasil. Esses fatos são altamente perceptível nos tempos atuais onde vivemos em um golpe ao estado de direito em que a classe humilde e trabalhadora é a maior prejudicada por essa conjuntura política e social.

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Já a faixa título, ‘O Conto, A Selva e O Fim’ tem uma pegada mais progressiva. Contem pra gente sobre o processo de criação/gravação dela e o porquê de ela ter sido escolhida para nome do álbum.

A música tem várias abordagens que se complementam e dão textura à história que é contada. Nessa canção, assim como no disco, tentamos criar diferentes ambiências para que, mesmo mantendo uma identidade musical, não soasse algo retilíneo. A história do disco relata a trajetória de um pai que deixa a mulher e a filha em busca de trabalho na cidade grande. A música “O Conto, a Selva e o Fim” representa a vontade de liberdade e igualdade só que pelo viés da filha. A luta das mulheres é mais árdua que dos homens visto que vivemos ainda em uma sociedade machista, onde certas liberdades são “permitidas” apenas aos homens. A música representa esse ciclo da vida, das dificuldades passadas de geração por geração onde a filha, assim como o pai, se atira no mundo em busca de seus sonhos e sua liberdade. A canção tornou-se o nome do disco porque representa a continuidade da luta por valores dignos da existência, os valores humanos passados de geração a geração.

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Também curti o blues rock do mantra ‘Om Namah Shivaya’, de onde veio a inspiração para ele?

O mantra Om Namah Shivaya é o mantra de Shiva – o Ser que é o todo, o ponto de relação entre alma individual e universal. O meu Ser inclina-se perante o teu Ser, sugerindo que somos iguais. Representa, além do amor impresso, a cura. Conta sobre esses dois seres que se separam e se enraízam nos gritos da música. A coragem de voar, o medo do que está por vir. O desejo de estar sempre junto, como um só.

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Sobre a capa do álbum, de onde saiu essa fotografia tão pitoresca?

“O Conto, a Selva e o Fim” é a história de um trabalhador que deixa a mulher e a filha pequena rumo a cidade grande em busca de uma vida melhor, realidade de muitos brasileiros que migram para pólos econômicos em busca de novas perspectivas de trabalho. Encontros e desencontros, vivências e a marca indelével da desigualdade o absorvem nessa história de luta e reflexão. A capa é a representação dessa história e faz parte da coleção pessoal de fotografias que ilustraram todos nossos discos. Elas foram registradas na reserva indígena de Nonoai, no Rio Grande do Sul, no começo dos anos de 1980 por Rogério Sottili.

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Pra fechar, vou perguntar sobre uma das faixas que mais me conectei: ‘Anhangabablues’ leva o nome daquele festival histórico que vocês organizaram no Estúdio Lâmina no mês passado. O que nasceu primeiro: a música ou o festival?

Existe muita coisa interessante por trás dessa música. A música e o festival andaram juntas. Moramos no Anhangabaú (onde se situa o Lâmina e o estúdio Gerência, onde gravamos o disco). Conhecemos muitos moradores de rua e pessoas em estado bem frágil – todas elas denunciavam o perigo e as dificuldades que passavam. Tantas histórias malucas e observações que fazíamos vendo tamanha desigualdade social que é o mundo. “Olhos fingem não me ver” – a frase é essa. Esse é o blues dos caras, de quem não tem pra onde ir, mas ainda respira.
O festival nasceu das apresentações que fazíamos em frente ao prédio. Nós da Picanha e o Lumineiro Salve Salve da Mustache & Os Apaches na bateria. Levávamos os instrumentos e tralhas pra rolar um blues, no calçadão, e ele batizou essas reuniões como Anhangabablues. Assim, se eternizou o nome na música e no festival.

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Muito massa a história por trás do álbum né? Pra matar a curiosidade de tudo isso que falamos, não deixe de prestigiar o show de lançamento de ‘O Conto, A Selva e O Fim’, que acontece nesse sábado às 21h no Teatro Alfredo Mesquita em Santana, SP.

Por aqui ficamos com ‘O Conto, A Selva e O Fim':

Picanha de Chernobill was last modified: junho 7th, 2017 by Joyce Guillarducci
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SOBRE

Joyce Guillarducci

Sou apaixonada por música, curiosa por natureza e adoro conhecer coisas novas - sem deixar de lado as antiguices do coração. Criei este espaço para compartilhar minhas descobertas com quem também cansou de ouvir sempre as mesmas bandas. Tem muita música boa acontecendo here, there & everywhere. Eu quero mais, cansei do mainstream

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