‘Durango!’ + Entrevista
Já disse que esse mês de Setembro começou bonito nos trazendo várias novidades musicais? Uma delas é o ‘Durango!’, segundo álbum do cantor e compositor Murilo Sá, que vem mais uma vez acompanhado de um grande elenco, contando com participações de Charly Coombes, Pedro Pelotas, Gabriel Guedes, Tomas Oliveira, Pedro Pastoriz, Rodrigo Bourganos, Vinicius Chagas, Rob Ashtoffen, Pedro Falcão, Pedro Petracco, Lucas Oliveira, João Rocchetti e Reinaldo Soares “Destemido”. Wow!
‘Durango!’ começou a dar sinais de vida em Fevereiro, no lançamento de um compacto virtual com as ótimas ‘De volta à Rua Solidão’ e ‘Mundo Impressionista’. E no último dia 2 o álbum completo saiu do forno, trazendo 12 faixas produzidas por Murilo, que aqui deixa um pouco de lado as influências de rock sessentista que ficaram registradas no ‘Sentido Centro’ (2014) para experimentar com outras sonoridades. O resultado é um álbum ímpar e com mais surpresas do que um filme de David Lynch – só pra já ir fazendo referência ao cinema, que é uma das temáticas abordadas no álbum 😀
Conversei com o Murilo sobre algumas faixas favoritas do álbum, confira aqui:
A faixa de abertura ‘Modo Automático’ é a continuação da sua reflexão sobre a metrópole iniciada com o ‘Sentido Centro’, correto?
A inspiração pra essa faixa partiu de uma insatisfação que surgiu em mim quando rolaram as primeiras manifestações pró-impeachment, caracterizadas pelo grande número de pessoas de classe média alta, esbanjando intolerância e ignorância em todos os sentidos. Daí na letra entram queixas a tudo isso e a outras coisas, como a ambição desenfreada, o crescimento vertical das cidades, a alienação das igrejas sobre as massas, e especialmente a alienação do capital, da grana.
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Em contraste, fechando o álbum temos a serena ‘Tentando Meditar’. Ela é uma expressão de como você encara o caos da cidade hoje em dia?
A intenção é de fato fazer um contraponto a esse caos urbano ilustrado no início do disco em ‘Modo Automático’, por isso ela fecha o álbum. Digamos que ‘Tentando Meditar’ é uma faixa que fiz pra lembrar a mim mesmo da importância de escorregar pra dentro de vez em quando, ou quase sempre, especialmente pra a gente que vive no clima neurótico dos grandes centros urbanos. Mas a música também deixa claro que isso não é algo tão fácil quanto possa parecer.
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Gostei bastante da diversidade de sonoridades que você trouxe para o álbum. A pegada hip-hop no fim de ‘Guardanapo Azul’ soa bem nova na sua música, de onde veio a inspiração para ela?
Que bom que você notou isso! Essa diversidade foi algo que eu realmente quis buscar nesse segundo trabalho, uma vez que minhas influências vão além do meu inevitável acento sessentista predominante no disco anterior. Nessa música que você citou ‘Guardanapo Azul’, essa coisa do Beatbox é um pouco inspirada nos primeiros trabalhos de Beck Hansen, um artista norte americano que me sempre me influenciou e costuma mesclar rock com hip-hop entre outras loucuras.
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‘Pele Vermelha’ é provavelmente a faixa mais interessante e distinta do álbum, com aquele climão de filme de velho-oeste. Trilhas sonoras de filmes são também uma fonte de inspiração para você?
Acho que cinema em geral, pra mim é uma grande fonte de inspiração. Ao longo do disco rolam várias citações diretas ou subjetivas ao universo cinematográfico que me é familiar.
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Uma de minhas letras favoritas é a da faixa ‘Mil Guerras de Insônia’, sinto algo de Bob Dylan nela. Podemos dizer que tem uma influência dylanesca aí?
De fato essa faixa tem um certo clima dylanesco, especialmente no jeito de cantar. Essa tem também um trabalho de cravo maravilhoso dum convidado especial, o pianista Pedro Pelotas (Cachorro Grande). Quando fiz essa letra eu estava fascinado pelo trabalho de poesia de William Burroughs, que até então não conhecia, então acho que isso também me influenciou um pouco.
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Pra fechar: Durango! contou com um grande e talentosíssimo elenco. Se você pudesse escolher mais um músico da atualidade para compor seu grande elenco, quem seria?
Pergunta difícil….rs. Poderia dizer que alguns dos músicos que eu mais admiro na atualidade já tocaram ou tocam comigo, então tá tudo certo! rs
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Haha, muito bom! E ouvi dizer que um videoclipe da faixa ‘Modo Automático’ já está a caminho, então não deixe de acompanhar as novidades do Murilo e ficar de olho na agenda de shows que ele manda bem. Por aqui ficamos com o álbum ‘Durango!’ que em breve estará disponível também em CD e K7.