‘Tropicaos’ + Entrevista
E o mês de Setembro já começou nos dando mais álbuns novos pra reforçar essa nossa cena nacional contemporânea que tá linda demais. Um deles é o ‘Tropicaos’, álbum de estréia da banda Molodoys que trás 12 faixas bem caprichadas daquela misturinha de tropicália e psicodelia que o Leonardo Fazio (Vocais / Guitarra), a Camilla Merlot (Vocais / Baixo), o Vítor Marsula (Teclados) e o Jairo Camargo (Vocais / Bateria) já vinham fazendo desde 2012.
Conversei com o quarteto sobre algumas faixas do novo álbum, confira aqui:
Vamos começar pelos aspectos culturais do ‘Tropicaos’, rs. As faixas ‘Hora do Chá’, ‘Boitatá’ e ‘Uirapurú’ fazem menção à personagens do folclore brasileiro. Vocês acham importante manter essa cultura viva?
Sem sombra de dúvidas, o brasileiro é acostumado a menosprezar a nossa cultura, sempre o nosso é pior que o de fora. O Brasil é um país com uma cultura muito bela e muito rica, mas também muito esquecida. Tem bastante coisa pouquíssimo explorada. Chico Science disse que “Modernizar o passado é uma evolução musical”, e achamos que o caminhos é esse, pegar nossas referências culturais como o Folclore por exemplo e trazê-lo para o nosso tempo, com a nossa cara, para tentar ampliar a visão sobre essa cultura. Algo muito bom que temos percebido é que ultimamente tem mais gente valorizando um pouco mais nossa cultura e talvez por isso, esse monte de banda foda tem surgido de todos os cantos do Brasil nos últimos tempos. Ver esse tipo de coisa acontecer é muito lindo e empolgante!
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Diferente do ‘Metamorphic Fragments’, o ‘Tropicaos’ trás todas as letras em português – com exceção da faixa ‘The Sigh of a Devil and The Flesh of an Angel’, que fiquei muito feliz em ver no álbum pois é minha favorita do MF. Essas letras também fazem parte de um resgate da cultura brasileira na música de vocês?
Sim, as letras de Tropicaos são todas sobre o espirito da nossa época, sobre a nossa cultura e sobre nossas experiencias urbanas, vivendo em uma das maiores metrópoles urbanas do mundo. Nós tentamos expressar um pouco do Brasil globalizado, tropical, tenso e caótico que vivemos.
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‘Dois Mil e Dez’ é uma faixa cheia de surpresas e uma das minhas favoritas, gosto bastante das mudanças de tempo. De onde veio a inspiração para ela?
Essa música foi basicamente uma caixa de pandora, nós não sabiamos o que esperar. A base dela foi composta por Jairo usando teclado e voz, e a coproduzimos com Gustavo Coutinho, mas não fazíamos ideia de para onde iriamos com ela. Ela foi se criando sozinha, tinhamos idéias e gravavamos de acordo com o flow que a musica pedia..
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Acho que a faixa título ‘Tropicaos’ resume bem a proposta do álbum: uma mistura de tropicália, psicodelia e caos urbano, com o elemento da cultura brasileira sendo representado pela batida funk do fim. Está correto? Essa auto-explicação foi intencional?
Com certeza! A intenção era criar um interlúdio que sintetizasse e transmitisse bem o sentimento do disco e do nome “Tropicaos”. A ideia pra música surgiu em uma madrugada sem sono, ouvindo o disco “Birth Of A New Day”, do projeto vaporwave “2 8 1 4”. Nesse dia tava rolando um baile funk na rua da casa do meu pai (ZN de SP), dava pra ouvir o som mas não chegava a incomodar porque vinha de uma casa mais distante da minha. Foi quando começou a tocar um funk só instrumental, que se misturou por alguns instantes com o que eu já estava ouvindo, foi aí que veio o “gestalt”, a ideia inicial pra dar forma a coisa toda.
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Última pergunta: se vocês pudessem escolher qualquer músico do mundo para fazer uma participação numa faixa do ‘Tropicaos’, quem seria e em qual faixa?
A mais difícil por ultimo né, rs. Não conseguimos escolher só um, então vamos deixar umas opções rsrs:
Sergio Dias no baixo em Dois Mil e Dez
Chico Science em Boitatá
Arrigo Barnabé em Uirapurú
Frank Zappa na guitarra em QuebraArcos
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Haha, adorei essas respostas. E vocês, ficaram curiosos para entender sobre o que nós estávamos falando? Então não deixe de ouvir o ‘Tropicaos’ aqui: